sexta-feira, 3 de junho de 2011

A Morte em Vida - José Bento Teixeira de Salles

  A morte em vida
                      
   José Bento Teixeira de Salles

    Certamente ele não era da raça dos heróis, como cantou o poeta. Pelo contrário até. Era a própria imagem do homem vencido pela vida, embora mostrasse ainda resquícios de uma outra existência, mais feliz e pródiga. Já entrado na idade dos sofrimentos, perambulava pelas ruas da Serra com vagar e alienação. De lisos cabelos cuidadosamente penteados, vestia sempre um velho e roto paletó de couro, que lhe emprestava ares de antigas posses.
   Não era propriamente um mendigo, mas andava à procura de restos nas latas de lixo, olhar perdido na distância, longe  de nossa mesquinha condição humana.
   Seria talvez herdeiro de uma pobreza envergonhada e reagia assim, como se eu tivesse culpa de ser ele tão infeliz. Logo eu...
   Quase todas as manhãs eu o via perambulando pelas ruas do bairro em busca da felicidade perdida. Só e triste, vencido pela vida.
    Certo dia passou por ele uma jovem levando pela correia um belo e bem tratado cachorro. Impassível, seu olhar pousou no cão, que se mostrava luzidio e garboso, bem alimentado e forte.  Saía, talvez, de um salão de beleza no veterinário da esquina.
   Indiferente, o homem seguiu em frente e procurou, no lixo, alguma coisa para comer, como se fosse pobre vira-lata à procura de sua subsistência.
   O tempo passou. Noites e dias transcorreram, na monótona rotina da vida. E ele sempre a perambular pela manhã, passinhos curtos e alienados, como se não tivesse ainda encontrado a felicidade.
   À certa altura, ele deixou de percorrer os ínvios caminhos que o destino traçara. Desapareceu para sempre de minha vista cansada.
   Sua morte, talvez, vencera a vida.


José Bento Teixeira de Salles é advogado, homem público e escritor.


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quinta-feira, 2 de junho de 2011

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Gigi = Amor





                                       Gigi

Martha Tavares Pezzini

Você chegou tão pequenininha, linda e doce, correndo pelo apartamento tão grande que deve ter lhe parecido um estádio. Nenhum de nós já havia tido contato  com um serzinho daquele tamanho e nem estava em nossos  planos iniciarmos um. Sua primeira lambida nem me deu satisfação. Devo ter feito careta. Daí começaram as corridinhas, as conversas dengosas da sua mãe com você, mil apelidos, que tanto nos divertiam, passei a ser a vovó e aprendi a sua linguagem. Você adora um colo, um abraço e se possível, nossa cama. Quem pode resistir ao seu charme, carinho, brincadeiras ?
Não sei precisar o momento em que cada um de nós foi se rendendo totalmente mas sei que ninguém escapou.
Você morava longe, mas não nos esquecia. Quando encontrávamos era pura alegria e muita festa. E sempre havia a surpresa de saber das novidades que você aprontava.
O destino que sempre nos surpreende, trouxe você definitivamente para nós. Faz parte definitiva da família. Onde estamos você está. Sua fragilidade me comove e preocupa. O vovô é o seu preferido e vocês dois não se perdem de vista.
Essa lição de amor e dedicação é linda e nós só temos que retribuir na mesma intensidade. Agradeço, sim, a Deus, por você na nossa vida!

  Martha 


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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Amanda Gurgel uma voz que não pode calar!

Quem ainda não viu, não fique de fora. É a voz de todo brasileiro!

Já foi vista por mais de um milhão de pessoas.

Que Deus te abençoe, Amanda! 


Martha Tavares Pezzini




Martha Tavares Pezzini
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terça-feira, 31 de maio de 2011

O despetalar definitivo da "Última flor do Lácio..."


     O despetalar definitivo da "Última flor do Lácio..."
    
     Dr. Vicente Cascione

     Estamos cada vez mais a mercê de gênios que conduzem os companheiros para a ignorância institucionalizada. Professores para que?
E os pais, as demais autoridades, onde estão que não protestam?

     Percebi, desde o início de minha vida, quanto tempo perdi aprendendo a falar e a escrever a língua portuguesa em escolas onde entulhei meu cérebro com matemática, latim, história,
geografia, ciências, desenho, francês, inglês, espanhol, filosofia, física, química, biologia, e outras tantas inutilidades.
Não me deram o direito de aprender a utilizar a linguagem dos tambores e os sinais de fumaça, como um método eficiente e simples de comunicação com o mundo.
Os tempos mudaram, tarde demais para mim.
    A meninada de hoje, com a bênção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), recebeu a dádiva de um livro intitulado "Por uma Vida Melhor", da coleção "Viver, Aprender".
Esse livro ensina que o uso da linguagem popular é válido, portanto, correto. Cada qual fala e escreve como bem entender, ainda que a língua portuguesa seja estuprada. Não há mais certo, nem errado.
     Despetala-se definitivamente a "Última flor do Lácio..."
     Desse modo, num avanço estupendo e glorioso da civilização deste país tropical, de agora em diante nóis fala e escreve como nóis qué, e estamu cunversado, tá ligado ?  Num dos exemplu du livru, eles fala que tantu fais dizê: "nós pegamos o peixe e os meninos pegam o peixe", como: "nós pega o peixe e os menino pega o peixe". O argumento é que o artigo definido "os" referente aos "meninos" já dá a idéia de plural. Por isso o verbo "pega" (de os meninos pega) não atrapalha essa idéia.
Certíssimo!!! Ou melhor, quase !!!
     Dou, então, minha contribuição para esse certíssimo! superando a tacanhice dos deuses educacionais que partiram para a ignorância, digo, para a sapiência, para a sabedoria, para a erudição, mas que, em verdade, são apenas relativas.
Para haver sabedoria absoluta deve-se ir até o talo e liberar geral!
Cada um fale como bem entender (ainda que quem fala não entenda de coisa nenhuma) e escreva como quiser, e alcançaremos a plenitude do desentendimento geral.
Portanto, nobres e estultos (eles pensam que é elogio!) cientistas da língua, filólogos do mundo novo: tratai de ensinar o errado com perfeição, e de semear a cultura e o saber com a maestria exigível de maestros, mestres, professores e sábios de, tipo, uma geração típica de um tempo, tipo, típico deste admirável mundo novo.
Dou-lhes a dica, ó meus nobres e estultos (eles pensam que é elogio) comparsas da academia.
Nóis tem que falá, tipo, cumu si escrevi, sinão os manu num intende p... nenhuma, tipo, du qui nóis fala. Ta craru, ô tu tem dúvida ?
A língua deve ter, tipo, um frucso (fluxo seria pedantismo) pra num tê pobrema pra quem iscuta i teim quintendê, ta ligado ? 
    Ainda áchu qui (desculpem eu escrever "acho" com "ch", com "x",dá nu mesmu), ainda axu que devemos partir logo para os tambores, e para os sinais de fumaça, afinal uniremos o útil ao agradável. Falaremos, discursaremos, pregaremos, e ensinaremos batucando e sambando no pé, ou nos comunicaremos com a linguagem erudita da fumaça, até mesmo a dos pacaus e baganas fumegantes, do crack e do oxy oriundos das cracolandemias, obviamente se não chover a píncaros nos cântaros da glória, pois apaga-se o fogo e falta fumaça, tá ligado ? 

    "Criança, não verás país nenhum como este" profetizou, tipo, sem querer, o poeta Bilac.
Aliás, do jeito que, tipo, as coisas andam, logo, logo não verás, mesmo, país nenhum... Tá ligado?
      Este é um país de MEC ! 



Martha Tavares Pezzini
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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pelas Ruas da Cidade - Martha Tavares Pezzini


                   Pelas Ruas da Cidade


    Caminho pelas ruas do meu bairro, entro em livrarias, olho vitrines.  Infinidade de sons, vozes, movimento. Tudo impessoal, apenas visual. De vez em quando, um rosto  lembra  alguém  perdido em minhas lembranças.
    Pessoas passam por mim, mas não temos nenhum vínculo. Nosso caminho se cruza geograficamente, casualmente e provavelmente nunca voltaremos a nos ver. Como figurantes de um filme, elas se vão apressadas, falando ao celular, marcando novos compromissos; algumas, com mais tempo, param atraídas pelas vitrines; moto boys tentando abrir caminho desesperadamente, entre os carros; jovens alegres, barulhentos, indo ou voltando das aulas, sempre em grupos; executivos elegantemente vestidos procuram um café; idosos, passos mais lentos e mais cuidadosos; entregadores de flores e de pizzas...
     São protagonistas e espectadores como eu, desse  palpitar de vida. Essa vida, presa a um tempo implacável, exigindo  um  acelerar  constante como se um buraco negro a sugasse.
   Esperam  ansiosamente  pelo  fim de semana, contam os dias e horas regressivamente, vislumbrando um  relax que  também  marca  um dia a menos nesse caminhar rumo ao inevitável desfecho da nossa humanidade, caminhada cada dia mais  difícil de desacelerar e administrar.
    Na pausa para o cafezinho e descanso, eu que nasci e cresci numa cidade pequena, onde a vida era lenta, calma e descomplicada, enquanto vejo o ininterrupto corre-corre,  fico a  pensar que nos falta, a nós, que vivemos na cidade grande, coragem de abrir mão  do que chamamos   progresso ou modernidade,  e pelo  qual pagamos um preço  muito alto: a qualidade da nossa vida.

    Martha Tavares Pezzini

 Um brinde à sensibilidade: Vida 






quinta-feira, 26 de maio de 2011

Velha Cena - Maria de Fátima Abdala

                           Velha Cena
                                
                                 Maria de Fátima Abdala


                                  Eu não quero ter razão

                                  nesse nosso tempo inconstante.

                                  No entanto, a velha cena me toma

                                  e o relógio promete.

                                  Sigo os segundos e no meu mundo

                                  não tenho vez nem cor

                                  não me compete.

                                  Reclama o autor

                                  some a palavra

                                  grita o medo

                                  sou som.

                                  Só.