sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura

Lançado edital do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura


Como forma de incentivar a produção literária mineira e brasileira, a Secretaria de Estado de Cultura (SEC), por meio da Superintendência de Publicações e do Suplemento Literário (SPSL), lança o Edital 2012 do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura. Em sua quinta edição, o prêmio distribuirá R$ 212 mil para as categorias Conjunto da Obra; Poesia; Ficção e Jovem Escritor Mineiro. As inscrições podem ser realizadas de 1º de agosto a 30 de setembro.
Na edição 2012, o prêmio será distribuído da seguinte maneira: na categoria Conjunto da Obra, o prêmio será de R$ 120 mil; para Jovem Escritor Mineiro, R$ 42 mil; para Ficção (conto) R$ 25 mil; e para a categoria Poesia, R$ 25 mil.
Neste ano, o conto é o gênero premiado na categoria Ficção. Podem se inscrever escritores com idade mínima de 18 anos, iniciantes ou profissionais, desde que nascidos (ou naturalizados) e residentes em território nacional. A obra deve ter, no mínimo, 80 páginas. O vencedor ganhará um prêmio de R$ 25 mil.
Para participar, o interessado deverá protocolar sua obra conforme as disposições do Edital no Suplemento Literário de Minas Gerais ou enviá-la pelo correio para o seguinte endereço: Suplemento Literário de Minas Gerais - Avenida João Pinheiro, 342, Bairro Centro, Belo Horizonte/MG - CEP 30130-180. (Será válida a data da postagem, feita até o último dia de inscrição).
DESTAQUES - O Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura foi lançado em dezembro de 2007, para promover e divulgar a literatura brasileira, reconhecendo grandes nomes nacionais e abrindo espaço para os jovens escritores mineiros. O prêmio é dividido em quatro categorias: I - Conjunto da Obra (homenagem a um escritor brasileiro em atividade), II - Poesia, III - Ficção e IV - Jovem Escritor Mineiro. Nas categorias Poesia e Ficção, o Prêmio é aberto a escritores iniciantes e/ou profissionais, maiores de 18 anos, nascidos e residentes em território nacional. Já a categoria Jovem Escritor Mineiro é restrita a pessoas com idade entre 18 e 25 anos, nascidas em Minas Gerais ou residentes no Estado há pelo menos cinco anos.
Em todas as categorias, as obras não podem ter sido publicadas anteriormente, seja de forma impressa ou virtual.

Sobre Livros e Autores: Fevereiro - Geraldo Roberto da Silva

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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Fevereiro - Geraldo Roberto da Silva


 Geraldo Roberto da Silva é artista plástico, diretor de teatro, professor universitário. Vamos conhecer sua faceta de escritor. Trata-se de um conto: Fevereiro - que constará de um livro a ser lançado em breve.


FEVEREIRO





26 de fevereiro (de manhã):
Pouca gente no enterro. Quem, porventura, sentiu a falta de Rosângela compreendeu. Deu razão.
No céu – azul sem nuvens – daquela manhã no cemitério, uma gaivota sem bússola fez voltas e voltas, sem saber que rumo tomar. Decidiu-se pelo norte. Pelos seus olhos, vendo de cima, a estrada negra e longa de asfalto parecia um novelo desenrolando-se, sem ter fim. É provável que a extensão do alcance de sua vista pudesse perceber, lá de cima, em algum instante do seu caminho, um carro Brasília verde, indo também naquela direção. Norte.


25 de fevereiro (9 horas da manhã):
Quando Vicente Menezes torceu a direção para a direita, pisou no acelerador e deixou que o ônibus esmagasse a multidão na calçada, deve ter se sentido como um homem que pisava, revoltado, as flores delicadas de um canteiro. Quem pudesse contar diria que, minutos antes, parado no sinal, ele olhava para a rua em frente, com os olhos perdidos de alguém que estivesse em transe. Quem pudesse saber diria que ele fechou os olhos e arremeteu o veículo, com o mesmo estado de embriaguez mental com que um louco gira o tambor e aciona a esmo, o gatilho numa roleta russa. Outros talvez dissessem que ele o fez gritando e com os olhos esbugalhados de um possuído. Seriam versões. Meras versões de um fato. O que se lembra, e isso era certo, é que aquela manhã era uma das mais quentes de fevereiro.
Os vidros da loja não foram suficientes para deter a máquina desgovernada que irrompeu calçada acima, debaixo de gritos, espanto e terror. Metade do ônibus invadiu a loja. Entrou, sem pedir licença, derrubando  manequins, embaraçando-se nos panos e arrastando consigo um cheiro de corpos, de sangue e de pneu queimado.

A quilômetros dali, naquele dia, naquela hora, Rosângela Menezes acordou assustada do cochilo inquieto, no banco da frente da Brasília verde, ao lado de Élton, que dirigia em busca de um horizonte novo.
“O que foi?”, perguntou ele.
“Um sonho ruim.”, ela respondeu.
“A menina está agitada. Vê o que está acontecendo com ela”, disse ele, passando por cima de todas as miragens que evaporavam do asfalto negro e sem despregar os olhos da estrada interminável que tinha à sua frente. Fazia muito calor.
“Perdeu o bico.”, respondeu Rosângela. Acomodou-a melhor, procurando tapar seu rostinho com uma fralda, e tranqüilizou-se, quando ela fechou os olhos novamente e voltou a dormir.
“Tente dormir de novo. Ainda temos muito chão pela frente.” Élton falou para Rosângela, tentando ser gentil, mas sem esconder a irritação com o calor e com os buracos da estrada malcuidada.
“Não consigo, Tou agoniada!”, Rosângela respondeu acendendo um cigarro e deixando que seus olhos se perdessem na paisagem monótona de pastos e de vacas. No imenso céu azul em frente, uma única e volumosa nuvem em forma de caramujo lembrou-lhe dias esquecidos da infância, quando, para se distrair, adivinhava o que as formas das nuvens queriam representar.
Rosângela ligou o rádio do carro. Parou na estação preferida. O noticiário sucedeu uma música e trouxe a notícia. Entre detalhes confusos e a voz nervosa do repórter que cobria o fato, sobrou uma certeza: o ônibus era o 212. O ônibus de Vicente. Não dizia quem e quantos morreram. A notícia atingiu Rosângela como um coice de mula.

Élton foi compreensivo. Fez o retorno e o caminho de volta. Rosângela não enxergou mais nuvens, nem pastos verdes pontilhados de vacas. Chegaram no comecinho da noite. O telefonema que ela havia dado do posto da polícia rodoviária para uma vizinha da rua confirmara. Era Vicente. Não deu tempo à vizinha de falar se Vicente havia morrido.

Foram direto para a Santa Casa de Misericórdia. Élton ficou com a menina no carro e Rosângela foi enfrentar os corredores frios. Espremidos nos corredores, os parentes vítimas – as flores esmagadas do canteiro – choravam desesperados, tentando inutilmente interpretar os azares do destino. Uma enfermeira deu a notícia já sabida: “Vicente morto.”. Foi ao prédio contíguo, o IML. Outra enfermeira lhe entregou o relógio e a carteira com os documentos. Amassado, entre a sua foto e a da filha, o bilhete que ela deixara, antes de ir embora com Élton. Não lhe deixaram ver o corpo naquele momento. Alguém a ajudou a se sentar num banco e abriu as janelas para que ela respirasse ar puro. Um cheiro de madressilva que o vento trouxe da rua ajudou-a a se recompor do choque.
Rosângela respirou fundo e lembrou uma tarde distante, num domingo, no parque, quando Vicente lhe comprou flores e andaram os dois, no lago, de pedalinho, como duas crianças. Lembrou também seu choro de homem derrotado numa noite de outubro, quando vendeu a casa para pagar uma dívida de jogo. Lembrou-se de quando beber deixou de ser ocasional para ele, para ser uma fuga do desespero. Lembrou-se do primeiro tapa...
Então chorou forte. Chorou um choro tão forte e de tanta revolta, porque descobria quão pouco espessas eram as cicatrizes que cobrem as feridas da alma. Pensou no marido morto e não conseguiu evitar, para si, uma culpa indireta por tantas vidas decepadas no desastre.
Um cheiro forte de formol evadiu-se pelas frestas das portas. Sentiu uma leve tontura. Quis ir embora, para longe. Teve forças ainda para localizar no corredor o cunhado Walmir, que ouviu, compreensivo, pedir que ele tomasse as providências para o enterro. Walmir, com a alma tonta pela perda do irmão, não teve forças nem argumentos para cobrar qualquer coisa da cunhada.

Quando Rosângela voltou ao carro, a menina estava acordada e brincava com Élton no jardim. Tomou-a nos braços e pediu a Élton que as levasse embora, para onde ele escolhesse, desde que fosse bem longe.

Recomeçaram de novo a viagem. Élton retomou a mesma estrada, com o mesmo calor das horas dos dias. A noite era tão quente, quanto.
Rosângela sentiu, que, devagar, a opressão desafogava-se do seu peito, e passou a mostrar à filha os vaga-lumes que acendiam luzinhas nas sombras da noite. Aos poucos, preguiçosa, uma lua redonda e gigante, arrastando seu passo lento no céu, abriu uma luz de cinema que clareou toda a estrada e pareceu lavar o imenso tapete de asfalto que conduzia os três para uma vida nova.

26 de fevereiro (comecinho da tarde)
A Brasília verde, insistente e corajosa, engolindo o asfalto da estrada. Continua o calor forte de fevereiro. Nenhuma nuvem no céu, nenhuma esperança de chuva. Da janela do carro, no colo da mãe, encantada, uma garotinha olha no céu uma gaivota branca, única presença estranha contaminando aquele azul.


GERALDO ROBERTO DA SILVA
Artista plástico e animador cultural
tel: 05392414491
e-mail: geraldoroberto@gmail.com

Martha Tavares Pezzini 
Sobre Livros e Autores 
marthatavaresspf.blogspot.com

 


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Sobre Livros e Autores: Segundo Neto - Martha Tavares Pezzini

Sobre Livros e Autores: Segundo Neto - Martha Tavares Pezzini:      Segundo Neto     Olho o passado e me parece estar vivendo tudo de novo. Como se fosse hoje lembro todos os detalhes do nascimen...

Segundo Neto - Martha Tavares Pezzini


     Segundo Neto

    Olho o passado e me parece estar vivendo tudo de novo. Como se fosse hoje lembro todos os detalhes do nascimento da minha primogênita. Nasceu com apenas dois quilos e novecentos gramas e se desenvolveu tão  rápidamente que a avó Dota, dizia parecer “soprada por um canudinho”. Era um lindo bebê  e derretia os corações, (como se todos os bebês não o fizessem)...   Essa menininha  cresceu  inquieta e perscrutadora, aprontou todas e usou todo o seu talento e criatividade e participando de tudo que esteve ao seu alcance em casa e por onde passou, na pequena cidade de Matozinhos.  O pai dizia que ela era “brava”, o nome Valentina, lembrava valentia ...
     De repente,  ela  vai ser mãe.  Fico  desorientada com a multiplicidade de sentimentos que me assaltam... Um desejo enorme de ver tudo se repetindo... E ela, segura: vai ser um menino. Confirmado, nome escolhido – o do pai, Erasmo (logo apelidado de Tremendinho ou Roterdinho), e para meu espanto, muita tranqüilidade da mãe-braveza  afirmando que o bebê nasceria antes da hora. Não deu outra. No oitavo mês meu segundo netinho, imprevisível, ou previsível como a mamãe, antecipou sua entrada no mundo e em nossas vidas... O amor está no ar e em todas as caras da família. Feliz, vejo minha filhinha, toda meiga e calma, completamente apaixonada pelo seu pequenino.
    O milagre da vida e da maternidade  me  comove e encanta! Nasce pequenininho e super forte, meu segundo neto, apesar de prematuro. Milagre maior ainda, é a medida sem limite de amor e carinho que toma conta do meu coração.
     Corações de mães e avós têm um espaço mágico e são um manancial de amor e ternura. No momento o meu está preenchido mas se chegar mais um, imediatamente  seu lugar está garantido... Eric e Erasmo, por enquanto, reinam absolutos: Pímpipe I e Pimpinho II.

Obs: Pímpipe = príncipe, nome dado por Lígia, mãe do Eric; Pimpinho, herdado por Erasminho, pelo tamanho.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Poema Inédito de Pedro Du Bois

 
FUTURO

Não havia o traço esbranquiçado
rasgando o firmamento, nem a britadeira
e o caminhão misturando cimento e areia:

manualmente transportados
manualmente contados
manualmente colocados
blocos de pedras
superpostos
sobrepostos
erguiam paredes
em pequenos arcos
de telhados

sobre o topo o homem
sonhava traços de fumaça
cortando o firmamento.
 
(Pedro Du Bois, inédito)