sábado, 9 de fevereiro de 2013

Imaturidade Anos 60 - Martha Tavares Pezzini

                    

                                          Imaturidade anos 60

     Era um namoro típico dos anos 60. Parecia muito certinho. Mas não era. A menina tinha a cabeça cheia de sonhos,  gostava de estar com amigos, de dançar. O rapaz era ciumento e sempre estavam sozinhos, nunca se divertindo em grupo de amigos. Ela não se sentia à vontade ao lado dele, e quando estavam juntos  deixava  que ele falasse mais e ditasse as regras. Ela  não lhe falava dos  seus sonhos tão distantes daquele lugar em que viviam e  daquela  vida tão previsível. Gostava de passar férias no Rio, cidade que a fascinava e adorava o mar e a praia. Sabia que não seria assim de repente, num estalar de dedos, que tudo poderia mudar, mas sabia também que não havia nascido para viver sempre ali sem progressos, surpresas e chances de crescer. Às vezes ficava agoniada com  aquele situação! Havia momentos em que ela até achava que o namoro podia dar certo. Gostava dele e da sua companhia para ir   ao cinema, dar umas voltas pela cidade, ainda mais sabendo que muitas meninas gostariam de estar em seu lugar... pois afinal, não havia muitos rapazes disponíveis. E adiava o fim. Ou às vezes falava que não queria mais e não explicava muito o porquê, que nem ela sabia direito, e ele voltava para outro encontro como se ela não houvesse dito nada. Ah, essa insistência! Deixava tudo mais difícil. Como teria coragem  de  repetir aquelas palavras tão difíceis  de serem arrancadas lá de dentro? E havia a amizade dele com sua família, o quanto ele era educado e gentil, não queria magoá-lo. Nem com suas amigas ou irmãs falava como se sentia e chegava a se angustiar sem entender.  Só podia ser mesmo muito tola e emocionalmente muito frágil para viver aquela, como que submissão psicológica, da qual não conseguia falar e muito menos se libertar.
Uma ajuda caiu do céu para auxiliar a difícil decisão. Ele  teve de se mudar para outra cidade. Ainda houve troca de cartas, uma certa saudade, mas à  distância ficou mais fácil para os dois verem  a realidade, conviverem com outras pessoas, amadurecerem  para outros relacionamentos até mesmo para o amor.
Um primeiro namoro, principalmente naquela época, podia até chegar ao casamento, sem maturidade emocional e sem se conhecerem e a outras pessoas. Certamente com grande chance de se decepcionarem.
Assim cada qual seguiu sua vida, levando  muitas lembranças  daquele tempo de convivência  de uma fase bela e única apesar dos  sentimentos conflitantes.



Martha Tavares Pezzini

Nota: Fotos apenas ilustrativas da época




                           

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Mário Quintana







Para provocar inquietude
Mário Quintana

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa
Quando se vê, já são seis horas: há tempo...
Quando se vê, já é sexta feira...
Quando se vê, passaram sessenta anos...
Agora é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada
E inútil das horas.

Do livro: Para viver com Poesia

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Declaração de Amor a uma Cidade





Nos confins da Zona da Mata de Minas Gerais existe uma cidadezinha que não chega a aparecer nos mapas: São Pedro dos Ferros é a cidade que guarda meus sonhos e minhas lembranças mais caras. Cercada por morros verdejantes e no alto de um dos seus montes  cintila  um cruzeiro abençoando  suas noites.   Algo faltava em sua geografia: um rio. Possuía apenas um ribeirãozinho. Quando menina não me conformava com esta ausência.  Era a maior frustração. Aquele deslizar das águas sempre igual e inesgotável e o som  suave e macio nos ouvidos... como invejava as cidades próximas, Rio Casca e  Raul Soares e quando por lá passava, me deixava ficar admirando  aquela beleza  que não podia ter. Por que não tínhamos um rio? O padroeiro da cidade é São Pedro. Ele caprichava em mandar-nos chuva. Bem que poderia  ter dado um palpite, lá no início, e acrescentado mais água ao ribeirão...
Falar em água, me lembra quanta água já rolou desde que deixei minha querida São Pedro. A cidade não cresceu e parece até ter regredido um pouco,  mas nosso amor por ela ainda  é o mesmo. A maioria das pessoas com as quais convivi foram viver em outros centros mais adiantados e com mais recursos. As mais felizes, depois de estabilizar suas vidas, retornaram buscando viver com   tranquilidade e  rodeadas de amigos. Minhas visitas por lá se tornaram, lamentavelmente, cada vez mais raras. Mas estou sempre desejando andar por suas ruas, falar com as pessoas, rezar em sua igreja e rever as paisagens e cenários que marcaram uma época inesquecível da minha vida.
Te amo, São Pedro!
Martha, BH, 03 de fev./2013



sábado, 2 de fevereiro de 2013

Eveline na Austrália



This piece was inspired by folklore elements with which I wanted to depict matters of life and death. It was entirely done digitally using Photoshop and Illustrator. My work is often feminine and incorporate objects from my (imaginary or real) life. 


  I'm a Brazilian Graphic Designer, and I've been working freelance as a Digital Illustrator for more than a year now. As I work digitally, my favorite medium would be Photoshop. Last year I participated on a fundraising auction with an exclusive art print I made for them. I'm inspired by other artists and I like to visit contemporary art galleries. evelinepezzini.sqsp.com

                                                  evelinepezzini.sqsp.com