segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Arsênio Flávio de Souza Lima por Lincoln Pezzini - Lincoln Pezzini



           Lincoln Pezzini fala de   
        Arsênio Flávio de Souza Lima

            Conheci  Arsênio em Matozinhos, uma cidade próxima à Belo Horizonte.  Ele se mudara para lá e apesar da pouca idade  se integrou ao  nosso grupo de amigos. Num tempo em que começavam a surgir as chances para o progresso intelectual  nas pequenas cidades do interior, éramos considerados a elite cultural, numa localidade onde poucas pessoas  haviam tido chance de estudar. 
      
No início da Escola Nossa  Senhora de Fátima e depois do Colégio Estadual, todos nós fomos professores: Arsênio lecionou Português,  por pouco tempo;  Antônio,  lecionava Matemática  e eu, Geografia (tema que sempre me apaixonou)  e até  mesmo Matemática.
        Nessa convivência, Arsênio já se destacava pela sua capacidade literária e principalmente, poética.  E das nossas  longas conversas  surgiu a idéia de fundarmos um jornal em Matozinhos. O nome escolhido foi  Alfarrábios  - por acaso, sugerido por mim. O jornal circulou por alguns anos com a participação dos quatro diretores:
      - Arsênio Flávio de Souza Lima
      - Lincoln Pezzini
      - Antônio de Pádua Drumond
      -  Celso Santos
 Em 1964, Arsênio lançou seu livro de poemas Visão , onde homenageia  Matozinhos  que chama de “seu segundo lar”.
 Naquela  cidade que ele tanto amava, um trágico acidente colocou um ponto final na sua curta vida e trajetória  poética.
 Lincoln Pezzini, maio, 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Sobre inspiração - Almir Zarfeg




Por A. Zarfeg
"A inspiração é o momento em que os mortais experimentam também – por que não? – o maná dos deuses. Um instante muito especial. Mágico.
O conceito de inspiração, contudo, vem mudando no tempo e no espaço. No século XIX, ela “baixava” no poeta – ou melhor, no vate – na forma de espírito, bênção ou dom.
De lá para cá, o verbo inspirar ficou mais fácil de ser conjugado. Felizmente, “se inspirar” ficou mais acessível ao eu e ao tu, líricos ou não.
Moderno, Fernando Pessoa escreve com a imaginação e não com o coração. Moderníssimo, João Cabral enfatiza a técnica em detrimento do lirismo.
Quem vai negar que, à sua maneira, tanto Pessoa quanto Cabral são poetas inspirados e criativos?
Certo é que uma boa motivação – que pode vir duma musa, situação ou acontecimento pessoal – ajuda e muito no ato de escrever prosa e, especialmente, versos.
Assim, estou convencido de que o texto literário é resultado da equação emoção/técnica, com predomínio desta sobre aquela. Sem vice-versa."

Fernando Pessoa, que poetava com a "imaginação" e não com o "coração"
“Fernando Pessoa, que poetava com a “imaginação” e não com o “coração

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Homenagem a Lincoln Pezzini - Marina Rodrigues de Sousa e Martha Tavares Pezzini

Lincoln Pezzini com Arsênio Flávio de Souza Lima, Antônio de Pádua Drumond e Celso Santos, os quatr, fundadores do jornal Alfarrábios em Matozinhos, MG
  
Com Dr. João Jurandy da Costa Campos - Congresso de Vereadores, Curitiba 

Com João Batista Teixeira 

Posse como vereador ao lado de grandes nomes da política em Matozinhos, MG

      Com o Prefeito Eduardo Mendes Linhares de quem foi secretário e Geraldo Albano



   Lendo essas palavras da Dra. Marina Rodrigues de Sousa, dirigidas ao meu marido Lincoln Pezzini, resolvi prestar-lhe uma pequena homenagem. Lembro-me do quanto ele era procurado pelas pessoas,dos diversos níveis econômicos e culturais em busca de consultoria, em sua cidade, Matozinhos. Essas pessoas acreditavam e confiavam nele.
  Obrigada, Marina, por suas palavras saídas do coração! Agradeço em nome dele e de toda a família!
  MTP


"Amigo, professor, mestre, este é Lincoln Pezzini. Homem admirável, íntegro, de uma sabedoria incontestável, tudo o que se dispõe a fazer faz bem feito. Tive a sorte de tê-lo fazendo parte de minha vida, duas vezes como mestre no colégio e como mestre no trabalho. Você não tem noção o quanto aprendi. Não deve saber porque é modesto. Parabéns, saúde , felicidades, alegrias e muita luz em sua vida. Obrigado Lincoln por ter feito parte de minha vida!"

Chama da Vida - Martha Tavares Pezzini



Chama da Vida
Martha Tavares Pezzini

Viver é cuidar que não se apague
a chama da esperança que arde em nós
sem essa luz somos navegantes
vagando perdidos sem saber
 em qual porto ancorar
mas cada dia renasce
trazendo motivos
para nos mover a buscar
na sabedoria, na meditação
e dentro do coração
o caminho para fazer o melhor
com o que temos.
Os dons não são os mesmos.
Compartilhá-los torna mais leves
os fardos da vida
E o amor deixa de ser sonho
Para ser real!

domingo, 18 de setembro de 2016

Texto falando de poema - João Evangelista Rodrigues



"não procure o poema nas academias de letras
de qualquer estirpe
nos manuais escolares de literatura brasileira
ele não está
com exceção dos comportadíssimos desarranjos verbais
poema é objeto inútil
mas que saca-rolhas
em festinhas de aniversário
não encontrarás poema de verdade
nas aulas de protégés
não soa bem
aos ouvidos mal amados
de professora idoletrada
nos suplementos literários
só os eleitos da elite antiliterária
só por descuido do editor chefe
jornais comercias não jogam tinta fora
não gastam espaço com poetas vivos
melhor anunciar perfumarias
calcinhas
gargantilhas
adereços femininos
em lojas de departamento
monografias dissertações
teses de doutorado
não são lugar para tesões
luares para poemas luminosos
alimentam-se os doutos
de razão caduca
de dúvida sem método
de cadáveres dissecados
submissos ao cânone da câmara mortuária
o poema escapa ao estatuto
ao tédio das Universidades
ao ritual linguístico das Faculdades de Letras
não há história decente
na recente Literatura Brasileira
não há literatura nacional
não há autor
inocente e probo
apenas redator de signos descarnados
desencantados todos com a palavra Liberdade
não me procurem nas tertúlias literárias
nas igrejas e capelas de fardões
de receitas restritivas
não me procure no poema abençoado pela crítica onírica e enfadonha
entre flores e cartões de velório
dorme o notório o inodoro poema
sem leitores
não prenuncie
não profane meu insano nome em vão
sem literatura e sem poema
a vida transcorre mais tranquila
sem sobressaltos e interrogações
nem por isso mais feliz
a literatura não vai bem
se o país vai mal
se os escritores não se entendem
os delatores se vendem
e os poetas se rendem
às exigências do mercado
não há encontro marcado digno de celebração".

Memória da Infância - Geraldo Abdala


 Textos, como esse,  de doces recordações da infância, são imperdíveis. Não resisti sem compartilhar...
Martha



Passou uma memória da minha infância por aqui.
Disfarçada no desejo de tomar vitamina de abacate com banana e leite, e comer rosquinha de nata, que minha tia Lourdinha fazia.
E sentar na porta da casa, olhando a chuva cair.
Com os pés descalços.
De calça curta.
Tudo era tão desimportante.
E ao mesmo tempo era gigantescamente significativo.
Eu não tinha relógio.
Mas sabia que o tempo passava bem devagarinho.
Talvez pra não deixar perder o gosto da rosquinha.
Pra que essa pressa toda agora?
Tia Lourdinha já não há.
Rosquinhas de nata já não posso.
Nem a vitamina.
E tudo tem uma importância tão grande.
Que eu mesmo nunca dei.
A chuva também, cai tão pouco.
Os pés sempre calçados.
Seriam cansados?
Meu Deus, pra que tanta pressa?
Por que não trocar essa ligeireza do tempo
Por rosquinhas de nata, por vitamina de abacate?

*Geraldo Abdala, o Tuaregue.

Matozinhos - Martha Tavares Pezzini

     


Lembrando Matozinhos
Martha Tavares Pezzini

Matozinhos,
cidade que habitou meus sonhos,
há tantos anos...
Era pequena, acolhedora,
alegre e encantadora.
Recanto calmo, feliz, cheio de graça
e uma igreja majestosa,
do Bom Jesus, a abençoar
sua linda praça.
De mim, matozinhense, é uma parte!
Lá vi nascer meus amores,
Muitas lutas, vitórias, dissabores...
Aceitação, rejeição, dor e alegria,
Tudo isso lá vivi, um dia!
Pessoas amadas,
não é possível esquecer...
Mas, não é isto, o viver?

    Trabalho do artista matozinhense, Geraldo Roberto da Silva