A Montanha
Da janela do meu quarto vejo uma paisagem
urbana como outra qualquer. Ao longe a Serra do Curral. Misteriosa e imponente
como uma sentinela perscrutando toda a extensão do seu espaço visual: a cidade
de Belo Horizonte. Sua silhueta
recortada contra o horizonte instiga
minha imaginação. O por do sol joga uma
luz que parece querer incendiar toda a
paisagem; depois da chuva, parece uma tela
que teve suas cores recuperadas e acentuadas. A montanha sempre me
fascinou. Seu contorno no horizonte, a vegetação, blocos de pedra, que posso
ver daqui de baixo e despertam em mim um
vago desejo de uma escalada para conhecer a outra vertente: imagino um
regatinho, flores raras e tantas surpresas lá, escondidas. Como se esse desejo de escalar a
montanha expressasse uma necessidade de ir além, para o alto, em busca de
pureza, beleza e paz, enfim, em busca do
infinito, de Deus.
Certa vez aventurei-me numa descida, na
Serra do Cipó, maravilhoso recanto de Minas Gerais. O caminho era desafiador,
íngreme e pedregoso, onde cada passo, cada pisada tinha que ser calculada com o
maior cuidado, buscando pontos de apoio nos quais se agarrar.
Lá no fundo do cânion tesouros me
aguardavam. Já eram vistos por toda a descida: flores desconhecidas surgindo
sem mais nem menos, jogando cor e charme naquele recanto só seu; passarinhos, com seus trinados e melodias
nunca ouvidas espreitando pelos arbustos. Como se flores escondidas e
passarinhos ariscos quisessem aparecer para cumprir a missão de encantar o desconhecido que
visitava o seu habitat. A Natureza se
fazia ouvir num silêncio salpicado de
sons mágicos. Sons do silêncio.
Seguindo uma trilha que levava a outros
caminhos indefinidos e sempre
reinventados. De repente, como se ouvisse o som do mar em uma concha, novo
murmúrio se insinuou no ar. Pressenti a emoção
de ver surgir uma cachoeira. E pouco mais, ela
surgiu bela e imponente, caindo em
cascatas sobre as pedras numa música cristalina, como uma orquestra em um recital ininterrupto tendo por palco um cenário magnificamente perfeito.
Tudo estava completo. Um banho, mais fotos
que já era hora de pensar na subida, com
a alma lavada, leve, como se houvesse visitado
o Éden.
Parabéns manhê!
ResponderExcluirMuito bonito seu texto! :D
Que lindo, eu amo montanha tb, não é a toa que a gente é de Minas Gerais né?
ResponderExcluirQuando era pequena adora ver as montanhas e ficar imaginando o que havia do outro lado delas.
Pode continuar postando mais, estou adorando.