domingo, 17 de abril de 2011

A Montanha - Martha Vieira Tavares Pezzini


       


                            A Montanha

    Da janela do meu quarto vejo uma paisagem urbana como outra qualquer. Ao longe a Serra do Curral. Misteriosa e imponente como uma sentinela perscrutando toda a extensão do seu espaço visual: a cidade de Belo Horizonte.  Sua silhueta recortada contra o horizonte  instiga minha imaginação. O  por do sol joga uma luz que parece querer incendiar  toda a paisagem; depois da chuva, parece uma tela  que teve suas cores recuperadas e acentuadas.  A montanha sempre me fascinou. Seu contorno no horizonte, a vegetação, blocos de pedra, que posso ver daqui de baixo e  despertam em mim um vago desejo de uma escalada para conhecer a outra vertente: imagino um regatinho, flores raras e tantas surpresas lá, escondidas. Como se esse desejo de escalar a montanha expressasse uma necessidade de ir além, para o alto, em busca de pureza,  beleza e paz, enfim, em busca do infinito, de Deus.
   Certa vez aventurei-me numa descida, na Serra do Cipó, maravilhoso recanto de Minas Gerais. O caminho era desafiador, íngreme e pedregoso, onde cada passo, cada pisada tinha que ser calculada com o maior cuidado, buscando pontos de apoio nos quais se agarrar.
   Lá no fundo do cânion tesouros  me  aguardavam. Já eram vistos por toda a descida: flores desconhecidas surgindo sem mais nem menos, jogando cor e charme naquele recanto só seu;  passarinhos, com seus trinados e melodias nunca ouvidas espreitando pelos arbustos. Como se flores escondidas e passarinhos ariscos quisessem aparecer para cumprir  a missão de encantar o desconhecido que visitava o seu habitat.   A Natureza se fazia ouvir num silêncio salpicado de  sons  mágicos. Sons do silêncio.
   Seguindo uma trilha que levava a outros caminhos indefinidos e  sempre reinventados. De repente, como se ouvisse o som do mar em uma concha, novo murmúrio se insinuou no ar.  Pressenti a emoção de ver surgir uma cachoeira. E pouco mais, ela  surgiu bela e  imponente, caindo em cascatas sobre as pedras numa música cristalina, como uma orquestra em um  recital ininterrupto tendo por palco um  cenário magnificamente perfeito.
   Tudo estava completo. Um banho, mais fotos que  já era hora de pensar na subida, com a alma lavada, leve, como se houvesse visitado  o Éden.

   
Martha V Tavares Pezzini
    

2 comentários:

  1. Parabéns manhê!
    Muito bonito seu texto! :D

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  2. Que lindo, eu amo montanha tb, não é a toa que a gente é de Minas Gerais né?
    Quando era pequena adora ver as montanhas e ficar imaginando o que havia do outro lado delas.
    Pode continuar postando mais, estou adorando.

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