Sentimento
adormecido
Sentimentos ficam adormecidos
naqueles espaços interiores dos quais nem imaginamos a existência. Por mais que
passe o tempo há sempre o risco de que ressurjam em lembranças de uma
felicidade que foi vivida ou apenas sonhada. É comum querermos rever pessoas
que participaram, um dia, da nossa vida deixando-nos sua marca. Gostaríamos de
saber onde estão, como estão, o que fazem...
Um dia recebi um telefonema de uma mulher que se identificou e disse que havia
conseguido meu telefone com uma conterrânea minha. Chamava-se Raíssa e queria
me contar que havia sido namorada do meu irmão quando era muito jovem e como
aquele amor havia marcado sua vida. Fiquei comovida.
Agora, já nem me lembrava mais daquela história, quando, novamente, ela voltou
à tona, tão surpreendente como antes. Estava na fila do caixa de uma
movimentada drogaria quando vi uma bela senhora vindo em minha direção. Com um
sorriso me perguntou: - Você é a Martha? – Como nunca a havia visto
perguntei-lhe de onde me conhecia. Ela me disse – Sou Raissa. Imediatamente me
lembrei... Parece que havia necessidade de termos esse encontro.
Contou-me que havia acompanhado todas as notícias sobre o recente lançamento do
meu livro, via as fotos nas redes sociais da filha e dizia que eu era uma amiga...
Como esqueceria aquela mulher que apesar de tantos anos, já passados, desejava
conhecer alguém da família da qual, um dia, poderia ter vislumbrado fazer
parte?
Quando recebi seu primeiro telefonema fiquei muito surpresa. Havia lido
o meu primeiro livro sobre nossa genealogia e histórias conhecendo, assim, um
pouco da família. Mas Raíssa queria mesmo era falar
do seu namoro com meu irmão, quando ela era quase uma menina. Senti que ela
sentia necessidade de expressar aquele sentimento guardado por tantos anos, com
alguém que estivesse ligado à pessoa amada. Enquanto me falava daquele namoro era
como se eu visse passar as cenas e era envolvida por uma aura de romance
e ternura. Aquele amor havia sido muito forte para ela e jamais
esquecido. Perguntou-me se a considerava louca. Como poderia, se estava
emocionada com o seu carinho e a lembrança do meu irmão querido? Essas
recordações perdurando após tanto tempo, essa determinação em passá-las para
mim, deixou ainda mais forte a certeza que sempre existe em nossa vida, um amor
insuperável e quase eterno!
Raíssa
se despediu. Não podia demorar, pois aguardava o neto que iria almoçar com ela.
MTP
Muito interessante como testemunhas externas do que nossa imaginação consegue se lembrar do passado reafirmam essa memória e dão à ela uma autoridade de confirmação; não estamos imaginando, temos provas de que aconteceu exatametne como pensávamos. Abração, mãe. Ronei.
ResponderExcluirQuerido Ronei, adorei você ter lido e penetrado naquele universo de romantismo, cenário dessa história que é real.Super abraço. Mãe
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