Eu
e os livros
Me
perguntam por um livro que tenha marcado minha vida. Os que marcaram mesmo não
foram clássicos famosos da literatura mundial ou brasileira. Poderia dizer que
foram Alice no país das maravilhas, Aladim e a lâmpada maravilhosa, Ali Babá e
os quarenta ladrões e muitos outros infantis que me encantaram quando comecei a
ler. Nunca li por obrigação ou por dever de escola. Lia porque gostava e
portanto, lia o que houvesse disponível, numa época em que não havia livros em
quantidade. Os gibis e Seleções, outra
revista que era nossa salvação, vinham preencher essa lacuna. Assim,
acostumei-me a leitura menos famosa talvez, desconsiderada para críticos
literários. Sou escritora mas não cursei Letras. Portanto não li e analisei
tanto os nossos clássicos, como trabalho escolar. Sempre foi leitura por conta
própria mais o incentivo da minha mãe. A poesia sempre me atraiu. Posso dizer
que Navio negreiro, me marcou. Como marcou quase todo mundo. Depois vieram os
sonetos de amor. Posso dizer que História Antiga de Raul de Leone, e Orgulho e
Renúncia, de Araujo Jorge, me marcaram. Sei de cor. Colecionei trovas, junto
com meu primeiro namorado. Ele me presenteava com os livros de J. G. de Araujo
Jorge. Li Érico Veríssimo, e o que mais
gostei na época que o li, é considerado pelo autor como sua pior obra: Saga.
Vieram, O Pequeno Príncipe, Terra dos Homens e Voo noturno, de Saint Exupery;
Tagore e Kipling, sempre amei. Estou comprando para reler, Kim. Daí em diante
li esparsamente Machado de Assis, Sydnei Sheldon, Daniela Steel, que me forcei
a parar de ler. Claro que li muito Jane Austin e Agatha Christie
. Seguindo
aquele princípio de pegar o que aparece, comecei a ler alguns quando passava
uns dias com meu filho, alguns que não me lembro os autores, todos traduzidos. Fiquei
conhecendo Michel Krichton e John Le Carré. Por incrível que pareça, Nosso
jogo, me prendeu. No meio desses li Milton Hatoum, Luis Ruffato, Rosamunde Pilcher,
aqueles que lemos por causa dos filmes: (estou lento Linha do Tempo de Michael
Crichton) e muita poesia! Adélia Prado, Neruda, Cora Coralina, Cecília Meireles,
Quintana, Gulart, Leminsk, Borges, Fábio de Mello (prosa e verso). Atualmente,
tenho contatos com poetas maravilhosos que nunca deixo de ler: Matusalem Dias de
Moura e Basilina Pereira são exemplos. Não dá para citar tantos nesse meio, dos
quais li somente um livro.
Vão
dizer que sou louca, nem posso falar que escrevo. Sou considerada despreparada
para tal ofício porque os “clássicos” não predominam na minha lista. Viu porque não respondi a pergunta : Qual o
livro que lhe marcou?
“Como
costumava dizer Umberto Eco, "O mundo está cheio de
livros fantásticos que ninguém lê", uma afirmação adequada,
principalmente quando falamos de clássicos da literatura. Geralmente, no caso
de escritores brasileiros, somos forçados a uma avaliação burocrática na escola
e acabamos adquirindo uma certa antipatia a determinado livro ou autor quando o
objetivo deveria ser justamente o contrário. É surpreendente como uma segunda
visita a essas obras, já em nossa maturidade, pode revelar um tesouro
empoeirado e escondido, bem ali na nossa estante. Afinal, mudaram os livros ou
mudamos nós?” Alexandre Kovacs
Martha Tavares Pezzini
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