Pensamentos Atropelados
Os pensamentos andam meio atropelados. Não se concatenam e nem se concentram num mesmo tema. Meu cúmplice e companheiro, o computador, coloca à minha disposição a página em branco por onde a escrita deverá alçar seu voo. Há necessidade de um breve intervalo entre a conexão da qual estou há um passo e tudo o que deixei do outro lado da porta. Percebo, então, que muitas das coisas que eu deveria ter deixado lá fora permaneceram comigo. Ainda nem me ajeitei na cadeira para teclar alguma coisa que poderá ser uma chamada e já surgem solicitações, chamamentos, telefonemas, súbitas urgências, levando por água a baixo, as ideias que talvez já estivessem a caminho.
Não posso comandar a escrita. Sou comandada por ela. Tenho que aguardar os novos e insinuantes caminhos que me conduzirão pelos acontecimentos e cenários únicos que levarei ao papel tão logo passe o momento acumulado por atribuições e exigências, esperando ainda, que as trilhas cujas porteiras foram trancadas, tenham-nas aberto novamente.
Martha Tavares Pezzini
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