Uma janela
Devo
esclarecer antes de tudo que não se trata de espionagem do prédio vizinho. Nada
a ver, também, com o clássico do cinema, Janela Indiscreta, do Hitchcock.
Da
janela do meu apartamento, décimo andar sou muitas vezes, testemunha involuntária de cenas e consequentemente meu imaginário delineia histórias,
a partir delas. O lavador de carros, o Chico, pessoa simpática e tranquila, tem
nome e endereço certo. Anda empencado de chaves dos carros dos moradores e de
outros. Sua caminhonete estaciona cedo e ele passa o dia aqui. Tem também o
flanelinha, pessoas que sempre passam no mesmo horário, mães arrastando
mochilas e crianças, indo para a escola.
Às vezes ao olhar as
janelas em frente, com luzes, TV ligada, ou apenas penumbra, penso nas vidas
que cada espaço abriga. O aconchego do lar. Pessoas indo e vindo. A prazer de
viver em uma família onde se divide as alegrias e os dissabores. Momentos
inesquecíveis e que um dia perdemos.
Em tempos de solidão a que estão sujeitas as pessoas idosas é
muito bom ver famílias dando apoio e companhia a alguém nesta situação. Posso
ver quase todas as noites uma roda de baralho em torno de uma mãe ou avó. Emociono-me,
sem poder evitar a lembrança daqueles que estão longe de receber esse carinho
tão imprescindível à sua vida nesta fase difícil e carente.
MTP
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