O QUE JUNHO NOS TRAZ
Marilene Guzella Martins Lemos
Junho chegou. Com ele, as comemorações. Dia dos Namorados, Dias de Santo Antônio, São João e São Pedro. Os últimos regados a quentão e a base de fogueiras, quadrilhas, bandeirinhas, etc. Interessante, no dia 29 a igreja diz: dedicado a São Paulo e São Pedro. Mas parece que São Paulo nem é convidado para a festa. Não falam seu nome. Por que seria? Ouvi falar que esses santos não se davam bem. São Pedro era muito ranzinza, vivia às turras com a mulher e principalmente com a sogra. São muitos os casos de suas querelas. São Pedro pregou por um lado, São Paulo por outro. Depois São Pedro marcou território, passou as mãos nas chaves do céu e lá só entra quem ele permite. E São Paulo? Culto, achava-se superior, afinal era cidadão romano. Suas palavras permanecem. No dia 24 é a vez de São João, São João Batista, não confundir com o Evangelista, o do Apocalipse. João Batista batizou Jesus no Rio Jordão. Depois, por falar mal do Rei Herodes, este mandou cortar-lhe a cabeça e ofereceu-a numa bandeja de prata a Salomé após ela executar uma linda “dança dos sete véus”. Dia 13 festeja-se Santo Antônio, o casamenteiro. Os tempos estão mudados. Será que alguma jovem ainda coloca sua imagem dentro d ́água e de cabeça para baixo? Surgiu uma piada de que o recurso tornara-se inoperante porque o santo fizera um curso de mergulho e possuía todos os equipamentos para permanência debaixo d ́água. Dia dos Namorados remete a Histórias de amor. Hoje em dia as principais narrativas amorosas são as novelas, os Contos de Fadas Modernos. Impossível não lembrar os amores célebres da história e literatura: de Romeu e Julieta, todos conhecem o triste final. De Dircéu e Marília, também. Abelardo e Heloisa terminaram a vida encerrados em conventos. Tristão e Isolda só puderam se unir depois de mortos. Os arbustos brotados de suas sepulturas se entrelaçaram formando um dossel. Sobre Othelo e Desdêmona, que horror; ele, por ciúmes, matou-a. Citaria inúmeros outros, célebres porque trágicos, vítimas dos contextos sociais da época. Hoje seria diferente. Capuletos e Montéquios deixariam as diferenças de lado fazendo uma composição em apoio a um “dodge” em sua eleição. Tudo dependendo de um interesse financeiro maior, proporcionando a Romeu cortejar livremente a sua amada.Na atualidade, Dirceu, ou melhor, Gonzaga, não iria em degredo para a Africa , seria exilado em Paris ou mais perto, no Chile. Maria Dorotéia teria ido junto. Logo estariam de volta, ele ocupando uma cadeira no senado. Abelardo e Heloísa deixariam os respectivos conventos e iriam viver tranquilamente seu grande amor. Tristão diria: - Pois é, Tio Marco, o senhor mandou-me buscar sua noiva, a linda Isolda. O caminho era longo, nós viemos conversando... conversando...Infelizmente para Desdêmona a situação não mudaria. Os Othelos continuam a solta e cada vez mais numerosos. Prosseguem matando Consideram a mulher como propriedade e que “honra” deve ser lavada com sangue. Pobres Desdêmonas do século XXI. Até quando?
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