quinta-feira, 6 de maio de 2021

Mosaico

 

“Poema é um organismo verbal que contém, emite ou suscita poesia. ” - (Otávio Paz).

"Portanto quem dá vida à proposta poética é o poeta-leitor. Sem o ato de leitura deste, o texto poético acaso tido ou havido é matéria inanimada, porque não vive por si próprio: exige a recepção pelo leitor."

 Joaquim Moncks 

 


 

 

 

 

 

 

 


sábado, 1 de maio de 2021

 

Desabafo – porque amigo é pra essas coisas

 Não tenho escrito. Não consigo realizar uma variedade tão grande de atribuições como a que estou tendo que administrar. Quando amigos me dizem que nesta pandemia estão curtindo leitura, filmes, rezando mais, etc, fico bastante inconformada. Já falei sobre esse tema em várias crônicas. Estou com um problema na mão, especificamente no polegar, dedo que comanda toda a ação de “pegar”. Tudo que faço é com alguma dificuldade. Às vezes até com muita. Para pegar um copo ou caneco maior de água, preciso ajudar com a mão esquerda, e por aí vai. Limitações são difíceis de administrar. Junta-se a isso todos os trabalhos caseiros, que tenho feito,ainda que  alternadamente, sempre adiando quando possível. Assim, com o pensamento dividido, não consigo desligar o time que a qualquer hora dará sinal. Adeus escrita. Também é verdade, que não me deito nem me levanto cedo. E não me acontece o que algumas amigas contam: ter idéias e ao acordar, anotá-las para depois desenvolver. Acho que sou bem complicada. E como já disse, desorganizada. TDHA? Estou precisando de férias dos trabalhos domésticos! – E quem não está? De andar na rua, shopping, não sinto falta. Mas de viajar, e encontrar os que amo, estou super carente.

Nesses dias ainda, estou administrando remessa de livros, organizando para mandar ao correio, procurar por um mensageiro para levar, etc.

Hoje comprei na Amazon meu primeiro livro digital. De um   querido sobrinho/neto, Mateus Braga, “Primeiros passos para a escuridão”. Ficção/Fantasia. Estou lendo “A cegueira e o saber”- Afonso Romano de Santana, e além do livro do Mateus, já estão ao meu lado O enigma de Andrômeda – Michael Crichton e Jane Eyre – Charlotte Brontë.

Acaba o dia sem que esgotem as tarefas que estão sempre acumulando para o seguinte! E sou grata a Deus pelo que consigo realizar cada dia.

Compartilhando com vocês os transtornos destes dias difíceis. Em março completarei 1 ano de reclusão. Só em casa.

Martha Tavares Pezzini /23.02.2021

Publicado no Grupo Novo: Poetextos e Pretextos

 

 

 

 

terça-feira, 27 de abril de 2021

Martha Tavares Pezzini

 

Começou a chover agora à tarde. O som da chuva calma e sem trovões, soa agradável aos meus ouvidos. Dá vontade de largar tudo, me deixar envolver pela calma que vem com ela e pela invasão de recordações que me assaltam sempre que há a presença de sons e cheiros. Sinto ainda, aquele cheiro que impregnava o ar na minha casa, quando as telhas secas iam se encharcando, ao começar a chuva. E vejo numa visão dos flashes das lembranças, minha mãe, meus irmãos e eu deixarmos tudo de lado e nos entregarmos ao momento da chuva. Se acontecia um temporal mais forte, na impossibilidade de olhar pelas janelas, nossa curiosidade era aguçada para ver as enxurradas e a água que descia do telhado o que nos fazia arriscar pequenas aberturas fechadas às pressas pelas rajadas de vento e água que nos assaltavam. Havia ainda os aguaceiros que caiam à tarde e faziam surgir as goteiras no telhado. Hora de colocar baldes, bacias e o que mais tivesse para salvar o chão. Daí a uns dias viria Seu Agostinho, para acertar as telhas. E o plim, plim era um novo som a ser gravado em nossos ouvidos como notas de um piano. A orquestra se completava com o coral das vozes da minha mãe e nossas. Depois mamãe fazia sonhos para acompanhar o café. Parece até que tudo aquilo acontecia já com o propósito gravarmos aqueles momentos e trazê-los para o hoje quando a chuva não é mais a mesma. E aqueles concertos de orquestra e coral não acontecem mais.

Martha Tavares Pezzini

27.04.2021