Desafios no Conviver
Frei Cláudio van Balen
Como é fácil à limitação humana perder-se no complexo emaranhado entre o ideal desejável e o real praticável! Ao sentir a própria impotência frente à perfeição, logo nos recriminamos. Isso, em vez de ser investimento, redunda em desgaste para nós e para os outros. Pais se martirizam por filhos e estes os manipulam, gerando sentimentos de culpa.
A doação de pais não conhece limites, tampouco as exigências de filhos. Mesmo ao fazer mais do que é preciso, pais ainda sentem culpa e filhos, que não contribuem como devem, dão-se ao luxo de querer receber aplausos. O sentimento de posse torna os pais reféns; atrevimento de filhos se faz justificativa para a condição de adulto em pé de igualdade.
Se a comunicação é o caminho para a paz, ela não há de gerar violência, como não pode contribuir para a desunião familiar. Somente a tática de uma persistente não-violência será capazde promover diálogo, nunca humilhação. Viver é assumir o cotidiano, com seus encontros e desencontros, edificando a identidade com responsável autonomia.
Viver é cultivar a riqueza escondida em nós. Inventar a roda não é preciso. Urge aprender a manuseá-la para evitar a mesmice. Viver é fazer-se dança na vida; sabedoria é crescer, cooperar, fazer acontecer. Damos sentido ao viver quando substituimos culpa por feliz cooperação. Seres limitados, nos damos o direito de errar e acertar, de receber e partilhar.
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