que brotou da maçã triangular de seu olho.
O título já não cumpre o protocolo exato como no início. Abriu-se à Literatura e outras formas de Cultura
que brotou da maçã triangular de seu olho.
Brincando de ser feliz
O cansaço me domina, desta imutável rotina
O que me animar, poderia, pela manhã, ao acordar?
Agradecer o novo dia e esse sol a abrilhantar
Pensarei que tudo posso, sem pensar: nem tudo devo
Sou mestra em adaptar, então, vida, vamos lá!
Ligarei o Spotify para ouvir aquelas ótimas
Que me fazem querer dançar e coisas boas lembrar
Preparo o café, pão quente, ovos, queijo a desmanchar
E agora, com que roupa? “Com que roupa eu vou?”
Se o esperado é bater pernas, não precisa produção
Sairei cantarolando, vou andando, só parando
Se houver algo inusitado ou pedir o coração
Tenho um esquema traçado, é só seguir e estou lá
Naqueles pontos de sempre, que gosto de frequentar
Ou fingirei ser turista, se não posso viajar
Escolherei muito bem onde quero almoçar
Compro livros, perfume, uma surpresa e batom
Talvez veja um filme e depois, feliz,
Com saudade da rotina
Chamo o Uber.
Martha Tavares Pezzini
Viver, amar e aprender
Como toda mulher que já viveu “um pouco mais”
de sete décadas, devo possuir alguma bagagem de sa-
bedoria, lucidez, bastante experiência, alguns PHDs
adquiridos nas universidades da vida. Acrescentaria até
um sexto sentido, a percepção rápida de segundas in-
tenções, capacidade de ler nas entrelinhas e algumas
mais.
Sou do lado da Paz e do Amor. Entretanto, não se
iluda. Apesar de identificar-me com as venusianas,
tenho um pé em Marte.
Combati o bom combate em variadas épocas e po-
sições e ainda não abandonei o Elmo, o gládio, e o escu-
do.
Há algum tempo, (parece que foi ontem), fui meni-
na tímida, pensadora e questionadora. Ainda que os
questionamentos tenham se restringido à minha cabeça.
Sem Google, bibliotecas e tantas fontes acessíveis de
agora, somente a sabedoria, principalmente a materna,
para elucidar algumas dúvidas, já que a maioria daque-
les questionamentos ficavam arquivados sem resposta.
Um pouco mais à frente, convivi com o romantismo,
nos embalos dos alegres filmes musicais dos anos cin-
quenta e sessenta. Fui louca para dançar daquele jeito
e com aquelas roupas maravilhosas e brilhantes. Com-
fesso: esse foi um dos meus grandes sonhos de menina.
Mais um tempinho e vieram os bailes no Clube ao som
de orquestras e conjuntos, que hoje se chamam bandas.
Tive o privilégio de ter vivido na época dos Beatles e
da Jovem Guarda.
De repente, como consequência da evolução tec-
nológica, os costumes e toda a vida passaram por
transformações. E a máquina de escrever foi substituída
pelo computador e a internet se instalou facilitando nos-
sa vida.
O computador e eu nos entendemos, com direito a
xingar, de vez em quando, a Microsoft ou os provedo-
res, tudo dentro da normalidade. Digitei todos os meus
livros e claro, até ver tudo acertado, para mandar à edi-
tora houve “choro e ranger de dentes”, normal.
Viajar é uma das coisas que mais gosto. Adoro o
movimento do aeroporto, não me importo nem com es-
calas. Se estou indo passear já estou em beatitude.Te-
nho viajado pouco por motivos alheios à minha vonta-
de. Mas quando há pouco tempo minha filha me disse
que teria uns dias livres e perguntou-me se eu gostaria
de passear e onde eu gostaria de ir, talvez, supondo que
eu escolheria uma tranquila paisagem bem próxima, a
resposta foi imediata: - Vamos à Nova York!
- Fomos e nos divertimos muito.
Francamente, todo esse destravamento da língua
e abertura do coração é uma maneira de lutar contra o
tempo inexorável e cruel. Inexorável é uma palavra me-
io retrô, mas é o que sou, tanto na linguagem, conceitos
e preceitos, figura e estrutura. Uma figura retro mescla-
da com o moderno, com direito a transitar em diferentes
espaços e tempos.
Minha escrita tem um pouco de cada “era” vivi-
da. Frequentemente, tenho necessidade de usar nota de
rodapé para explicar termos e personagens citados nela, e
que não são mais usados ou conhecidos. Isso deixa um
pouco de História o que para alguns leitores, talvez pos-
sa ser interessante.
Aprendemos com a vida, às vezes cruel, mas sempre
querida.
Martha Tavares Pezzini
Mergulho dentro de mim em busca de algumas pistas, nos
registros que estão lá.Cenários e imagens surgem como fotos em marca d’água. Como em um mosaico, existem peças preciosas que demoram a se encaixar. Talvez isso ocorra como um insight, em outro momento. Cada fragmento vivido compõe o todo que é hoje, o que sou.
Revejo traços da minha história. Alguns, gostaria de esquecer. No entanto preciso vê-los como parâmetros para a vida madura e a mais recente. Analiso atitudes e situações com a visão que adquirida trilhando as estradas que me trouxeram até aqui. Vejo as marcas deixadas como consequências de reações inadequadas, frutos da imaturidade, insegurança, medos. que por sua vez, como num círculo vicioso, da mesma maneira, tiveram suas origens.
“Conhece-te a ti mesmo”, célebre frase atribuída à Socrates, sábio grego, mostra-nos que é impossível chegarmos ao verdadeiro conhecimento antes de conhecermos a nós próprios, sendo esta uma busca que não tem fim.
O autoconhecimento muda a forma como interagimos com o mundo e com as pessoas, possibilitando maior conhecimento e aprendizagem.
Martha Tavares Pezzin
13/16/03/22