domingo, 30 de dezembro de 2012

Carlos Drummond de Andrade: Receita de Ano Novo




Há 110 anos nascia Carlos Drummond de Andrade. Orgulho para Minas e para o Brasil. Sua obra é atemporal. Impossível ser esquecido.

Vamos saudar o ano que está para nascer com sua “Receita de Ano Novo”!

MTP



Receita de Ano Novo

Carlos Drummond de Andrade



Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris ou da cor da sua paz,

Ano Novo, sem comparação com todo o tempo já vivido

(mal vivido ou talvez sem sentido);

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir - a  - ser;

novo

até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior),

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens? Passa telegramas?)

Não precisa

fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido

pelas besteiras consumidas

nem parvamente acreditar

que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre nos homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

você,  meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

Cochila e espera desde sempre.




Saudosismo X Deficit de Atuação Temporal






A tão repetida frase do nosso saudoso Ataulfo Alves: eu era feliz e não sabia...  tem tudo a ver com a minha vida de criança  em São Pedro dos Ferros. Já  naquela época, eu gostaria que acontecessem  algumas mudanças, mas sabia  sim,  que era feliz mesmo sem elas.
A vida simples  muitas vezes até difícil nos deixava mais livres e puros. Doce vida, previsível e sem os medos e inseguranças de agora. Se compararmos com a saturação de informações e apelos que nos envolve e nos afeta física, mental  e espiritualmente nos dias atuais, não teremos a menor dúvida, vale a citação.
Sem preocupar qual pizza pedir ou outro delivery qualquer, mamãe assava uma broa de milho, fritava biscoitos, sonhos, improvisava. Um bom mexido também resolvia e nos deliciávamos.
Pequenos avanços, aconteciam aos poucos, gerando satisfação por muito tempo. Como quando chegou o calçamento das ruas e tivemos uma melhoria que era incontestavelmente prioritária. Andávamos ou na lama ou na poeira. Isso mesmo, como nos filmes do velho oeste.
Talvez se as mudanças ocorressem mais lentamente, os danos seriam menores e mais fáceis de se contornar e adaptar.
Progresso e mudanças são maravilhas em nossa vida, indiscutivelmente. Não suportaríamos viver sem as tecnologias que nos trazem facilidades e satisfação. Mas gosto de comparar, mesmo parecendo saudosista demais. Talvez seja por ter vivido fases tão diferentes e que ao se confrontarem com  o hoje nos deixam um gostinho de saudade, uma vontade de sentir tranquilidade e um saldo de tempo que agora nunca temos  suficiente. O relógio parece correr e sempre que olho para ele está muito mais à frente do que eu esperava. Só pode estar acompanhando a expansão do Universo. Como não consigo mais correr tanto, escrevo para justificar o que chamo de meu deficit de atuação temporal...

Martha Tavares Pezzini
Dez 2012




                                                                     


                                                                 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Carta de um Escritor - Márcio Almeida







Carta de Márcio Almeida a Paschoal Motta:
Uma análise da desvalorização vivida pelos escritores que “já foram premiados, serviram de exemplo e dignificaram o Estado.” Ainda, a preocupação com a  possível extinção da Literatura num futuro não muito distante
 MTP



Meu caro Paschoal,

NÃO PANFLEITEIE IDEOLOGIA,
NÃO HOLOGRAFE EM ATARI,
NÃO LOVERSONHE AS MARAS,
NÃO PALAVRE: SIGNATARI.
(Márcio Almeida, Assassigno, 1987)

Em homenagem ao Décio Signatari, para quem o poema é o designer da linguagem, que conheci em evento, quase um fracasso absoluto, em Bh, juntamente com Carlos Ávila, que também perdeu o pai faz pouco tempo,
escrevi a quadra acima, inclusa no Assassigno, cujo revival agora está de volta na publicação Leituras Indesejáveis, que você receberá esta semana.
Outro dia você me enviou um e-mail que também me deixou um tanto perplexo. É que as pessoas boas vão morrendo, os jornais mal e porcamente registram e rapidamente caem em profundo esquecimento quando não no silêncio cínico, caso dos nossos Henry,  Adão,  Duílio,  José Afrânio e tantos outros que se vão e pronto. E assim será, com toda certeza, também conosco.
Temo por absoluto ostracismo em menos de uma década após a nossa morte. Meus filhos nunca me perguntaram o que estou produzindo, nunca leram artigo meu publicado em jornais, não conversam comigo sobre Literatura, nunca me perguntaram sobre a qualidade de um livro que lêem. Amanda já anunciou que quando eu morrer vai dispor da minha biblioteca em dois tempos: a chegada e a saída do caminhão para doar tudo para uma entidade. Isto, comigo. Não tenho referência se existe uma biblioteca com o nome do Adão que o reverencia, idem com o Henry e assim sucessivamente.
O neoliberalismo com sua forçada equiparação "por baixo" faz com que as pessoas se achem todas no mesmo nível e assim todas se dão o direito de serem rigorosamente iguais em tudo. Dia desses quase rompi com um amigo porque ele estava espalhando via internet que para produzir mini conto o conhecimento da gramática era inútil, desnecessário. Sou pessimista em relação à sobrevivência da Literatura no futuro-já, mormente com a expansão do tablet e você lerá eu  já tratando do assunto em Leituras Indesejáveis. As pessoas (bem menos do que hoje) continuarão lendo, mas textos curtos, impactantes, encomendados. O que chamamos de Literatura tornar-se-á cult, arte devocional de apreciadores muito especiais. É um palpite.
Sem uma Sociedade dos Poetas Mortos, sem uma Sociedade que se nos lembre a todos, indistintamente, além  de virarmos pó, nossos nomes serão apagados de quase tudo. Seremos lembrados historiograficamente: ou porque, no seu caso, foi editor do SLMG (Suplemento Literário do Minas Gerais), ou porque foi professor de uma faculdade em DV, ou porque nasceu em São Pedro dos Ferros e construiu uma biblioteca. Quantas pessoas se lembrarão de um poema nosso? E quando essas pessoas morrerem? Lembra-se do filme Farenheit 451, do François Truffault? Não é à toa ser ele um dos meus prediletos. Sou mesmo veementemente contra academia, mas ela tem uma vantagem: respalda vida e obra dos autores; conserva sua memória. vira e mexe, traz à tona o legado daqueles que realmente têm valor.
Outro dia li na Folha de S. Paulo que amigos cariocas do Bartolomeu Campos de Queirós iam prestar homenagem a ele no Rio, com exibição de documentários, exposição de suas obras etc. Está claro que sua morte ainda é recente, mas foi lembrado. Dinorah Maria do Carmo me enviou e-mail ontem à noite convidando para a leitura de poemas de Bueno de Rivera em Santo Antonio do Monte, que também está sendo lembrado.
Na minha opinião o que falta é mesmo uma entidade que preserve a memória dos autores, não os permita serem esquecidos, os mantenha vivos para os pósteros,  pois em vida foram lidos,  premiados,  serviram de exemplo, dignificaram o Estado.
Abraço - Márcio Almeida

TEMOS, Márcio, muito que fazer nesse preservar a presença ativa de nossos poetas. HÁ MUITO que fazer para divulgação de poemas de qualidade. HÁ MUITO que fazer e principalmente pela humanização da Poesia Escrita começando com a retomada do lirismo.
VOU repassar seu texto.
PASCHOAL MOTTA

Mais um Natal








Mais um Natal


Chega mais um Natal . E lá se foram todos os propósitos feitos em 2011, enquanto vivíamos esses dias iluminados por todas as luzes: da alma, das vitrines, das ruas e das moradias.
Cá estamos nós refazendo os planos de ação que nos levem a valorizar  o simples,  cultivar a alegria e perdoar uns aos outros assim como Ele nos perdoa. Quem sabe  fazer uma listinha das nossas maiores preocupações e riscar as que não são assim tão preocupantes? Será que não estamos supervalorizando alguns problemas?
O Amor está no ar! Música, preces, doces lembranças de Natais da  infância, presentes, mensagens dos amigos, tudo  toca nossos corações. Estamos mais sensíveis. Mesmo cansados não queremos parar, na ânsia de preparar  novas emoções para oferecer às pessoas que amamos.
Nos momentos de pausa, faz-nos muito bem uma reflexão. Sair do barulho e correria e encontrar o nosso eu, nossos desejos mais simples e puros, o verdadeiro sentido do Natal. Aquela paz que o cenário do presépio nos mostra e que o Menino Santo nos trouxe; "Eu sou a paz, Eu vos dou a minha paz."

Um feliz e abençoado Natal!

Martha Tavares Pezzini



Obrigada a você que me visitou uma ou mais vezes!
"Ouça” o soar da campainha e receba um bouquet de flores como sinal do meu desejo de Feliz Natal e que em 2013  todos os seus caminhos sejam floridos!








                    Abraço,

                    Martha


 



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Um Presente para BH




                        Eventos da Canção Nova - vale a pena experimentar! 

                        Encontramos Jesus e muita paz de espírito!

                         MTP

Arte




" Enquanto as pessoas não consumirem  Arte, em todas as suas manifestações  a Humanidade continuará egoísta e violenta. Há de chegar o dia quando cada pessoa será artista, e o Planeta brilhará em cada grão de areia, em cada gota dágua, em cada inseto, em ser vivo. A Arte diviniza,no sentido de alcançarmos as mais altas esferas da manifestação do sentimento.
E o ser humano será humano, sentindo..."
 
Paschoal Motta
09-12-2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer



  Oscar Niemeyer, um brasileiro nota 104!

  " A vida é importante; a Arquitetura não é. Até é bom saber das coisas da cultura, da pintura, da arte. Mas não é essencial. Essencial é o bom comportamento do homem diante da vida."
 

Oscar Niemeyer


 Algumas notas sobre Oscar Niemeyer: 

 Jornal Estado de Minas: 

              "Uma linha conduz o efêmero ao 
        eterno. Raros são os que conseguem
                       traçá-lo. Um desses homens,
                   ao vislumbrar o inconcebível e
        desenhar o inimaginável, tornou-se
                   o maior arquitetodo século 20.
          Oscar, cento e quatro anos de vida,
                     morreu às 21h55 de ontem de 
               infecção respiratória, na cidade 
         onde nasceu: Rio de Janeiro. Mas o
        Niemeyer da Pampulha, de Brasília,
               do Brasil e do mundo não morre.
                      É espanto e ousadia, leveza e
             arrebatamento, curva e concreto. 
                   É invenção e arte. Permanece." 


   Adriana Pezzini - Mestre em Psicologia:
   "A minha admiração e a minha homenagem a Oscar Niemeyer: o poeta da arquitetura! Tenho pra mim que a alma dele é mineira; sinto o pulsar das nossas montanhas nas curvas dos seus projetos... Sentiremos sua ausência, com certeza, a suavizar a dureza do concreto."


  Cláudia Pezzini Miranda - Engenheira: 
  "Hoje estou muito sensível. A cada site que abro e deparo com o rosto sereno de Niemeyer, desce uma lágrima dos meus olhos. É uma lacuna que se abre e nos próximos anos teremos que encontrar novos ídolos na arquitetura brasileira para superar sua falta. Estou muito triste com sua partida, mas a hora dele chegou! Deixou sua arte eternizada nos inúmeros ícones espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Não era elitista como dizem por aí. Foi um homem que deixou obras grandiosas, "simples" e delicadas."