terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Big Brother Brasil ?

   Não pude deixar de me manifestar diante do epsódio ocorrido  logo no inicio do badalado BBB 2012. 
    Quando  demonstramos uma certa intolerância com o programa provocamos uma reação de protesto entre seus admiradores. Natural. Cada um escolhe seu entretenimento. Felizmente na minha família (marido e filhos) não há "fãs"... 
   Mas o que há de positivo ou mesmo atraente no show que possam nos considerar intolerantes?  
   Ouvi, por acaso, alguns detalhes de uma entrevista com os novos e já famosos participantes. Entendi ser importante que um aspecto do carater de um BBB, entre outros, igualmente negativos, seja vencer a qualquer preço...
   Deixemos os demais aspectos para os afeiçoados analisarem.Começando pela menina "apagada" de bebedeira e o que mais tenha ocorrido.

   Com a palavra, quem pode ser melhor ouvido: Luís Fernando Veríssimo.

"Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. [...] Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
[...] Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.
Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores) , carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia.
Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).
Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores). Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade." 
Martha Tavares Pezzini
Sobre Livros e Autores
marthatavaresspf.blogspot.com

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Por que? - Arsênio Flávio de Souza Lima

    Diretores do jornal Alfarrábios, de Matozinhos: Antônio de Pádua Drumond,    Arsênio Flávio de Souza Lima, Celso Santos e Lincoln Pezzini

 

 

 

 Recebi hoje uma mensagem de um amigo lembrando o trágico desaparecimento de Arsênio. Eu, meio que sumida, no blog por diversos motivos e desencontros do relógio, estou aqui me juntando ao Luís numa  homenagem à lembrança  do poeta que prematuramente nos deixou. 

Luís fala da fatalidade daquele dia. Arsênio estivera em São Pedro dos Ferros no meu casamento e eu acabara de me estabelecer em Matozinhos. Era um dia de festa, o casamento da sua irmã. E no auge da alegria três jovens  tiveram suas vidas colhidas como frutos ainda  em flor.

 "Por que? - Arsênio Flávio de Souza Lima":

Marta, hoje, dia 04.01 de 2012, completam 43 anos sem Arsênio. Naquele 04 de janeiro de 1969, tinha festa preparada para a inauguração da luz de mercúrio na Praça Bom Jesus. Na frente da prefeitura, um tatame para uma luta, patrocinada pelo município. De manhã, tivemos um casamento... Depois, não tivemos mais nada.
Falo de Arsênio com as pessoas com quem convivo, com o mesmo entusiasmo que falo de D. Nilse, de D. Maria Zélia e da rata que dei com Baby numa noite de prova.
Eu tinha essa poesia num livro que o próprio Arsênio me deu naqueles idos do século passado. Tenho lembranças memoráveis desse moço e, pelo menos dois ensinamentos que, desde 1966 se tornaram a minha filosofia.
Te saludo atentamente.
Luis

 

                                 Por que?
                     Arsênio Flávio de Souza Lima

Não sei  porque, não sei mesmo porque, querida,
Fui gostar de você, fui gostar tanto assim...
Sozinho eu penso que existem coisas na vida
Um tanto  sem sentido, sem princípio e fim.

Foi tudo de repente... estava comovida!
Olhava seu modo estranho de olhar pra mim:
E num momento veio a simples despedida,
Tão depressa eu parti, como depressa eu vim.

Agora é que sentindo o tédio que me invade,
Vejo  o céu metralhado e covinhas na face
Num sentimento estranho e imenso de  saudade.

E pergunto a mim mesmo, sem saber porque,
- Como se o tempo que passou não se passasse –
A razão de eu gostar tanto assim de você...


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    Do poeta Paschoal Motta:

"AH... O Arsênio! Fica um verso de um texto meu: "... não é bom falar de quem não volta mais..." E não temos como esquecer Arsênio. TENHO a figura dele como se o tivesse visto hoje pela manhã..."
E nós, que ainda esperamos, é que ficamos SOS."