segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Savassando - Martha Tavares Pezzini

                               Savassando

     Manhã luminosa, quase  setembro,  ensolarada, convidando a sair para saborear a vida. Levanto, tomo meu café e me preparo para uma caminhada. Atravesso a Contorno, desço pela Cristóvão Colombo e vou até à Praça da Liberdade. Algumas voltas na praça e me sento para curtir a beleza do lugar. A arquitetura, os jardins, a fonte, tudo enche meus olhos mas o que mais me encanta é a aléia de palmeiras imperiais.  Fico pensando que não pode haver nada mais agradável do que aquele momento e ainda me surpreendo com alguém que se senta junto e puxa conversa. Bem mineiro esse costume e muito meu, como fiel seguidora das mineirices. O comentário atual é a obra de reforma da Savassi que está deixando o povo ouriçado com a demora, que traz transtorno para transeuntes, tráfego e comércio. O ideal seria que se acelerassem os trabalhos para concluir logo, mas parece que as mudanças são mais complexas do que pensamos. Aguardemos a conclusão que certamente compensará os dissabores .
     Na volta, ainda tenho tempo e paro numa loja de lingerie. A proprietária muito simpática conversa comigo e parece que já nos conhecemos. Eis que, senão quando, nada mais que de repente, ela diz : - Você me lembra alguém de Caratinga! - Penso: está chegando perto! Sou da região.
     Mais um pouco de conversa e descobrimos que conhecemos várias pessoas em comum. E comento que ela também se parece com as mulheres da família Martins, da minha cidade. Claro, são parentes. E os conhecimentos vão surgindo. Prometo que da próxima vez, levarei meu livro de genealogia que ela quer mostrar a uma freira da família. Nos despedimos, amigas. Da Savassi.


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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eliane Accioly Fonseca

Eliane Accioly Fonseca, poeta e terapeuta. Psicanalista, educadora somática-existencial, pesquisadora e ensaísta. Mestre em Psicologia Clínica e doutora em Comunicação e Semiótica, PUC São Paulo.

Parecerista da Revista de Psicologia Perfil, da UNESP, Campus de Assis. Há duas décadas investiga as diferenças e convergências, encontros e discrepâncias entre os ofícios poético e terapêutico, práticas cotidianas, cartografando fronteiras entre a clínica e a arte.

Livros publicados:
·         Histórias de Ventania. São Paulo, Massao Ohno, São Paulo, 1990.
·         Trapeiro de sonho. Coleção Almanaque de Minas, Mulheres Emergentes Ed.Alternativas, MCMXCVII, Belo Horizonte, 1997.
·         A palavra in-sensata, poesia e psicanálise. São Paulo, Escuta, 1993.
·         Corpo-de-sonho, arte e psicanálise. Annablume. São Paulo, 1999.
·         Poemas na Arena. Mulheres Emergentes Ed.Alternativas, Belo Horizonte, 2001.
·         Terra e Tear. In Setevozes, São Paulo, Ed. Do Escritor, 1998
·         "As Interfaces de Helena Armond". In: Armond, H., Em Busca do Elo Perdido. São Paulo, Escrituras, 2000.

 
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Antagonismo de Épocas - Martha Tavares Pezzini


                                ANTAGONISMO DE ÉPOCAS

                                                       Era como se o tempo movimentasse
                                                                                          lenta e cuidadosamente,
                                                                                          preguiçoso,
                                                                                         com medo de nos incomodar.

      Vivemos sobrecarregados de novidades, acontecimentos noticiados no mesmo momento em que ocorrem Se passamos um dia sem acompanhar  a TV ou a Net, somos surpreendidos por uma vasta gama de acontecimentos surpreendentes e nos sentimos desatualizados
     Gosto de lembrar, nessas horas, o que era a vida na minha cidade, São Pedro dos Ferros, nos tempos de menina. Cidadezinha lá na Zona da Mata de Minas Gerais, encravada entre morros, com um grande cruzeiro iluminando as noites. Nesse cenário de tranqüilidade, os dias transcorriam lentamente e pareciam ter mais horas do que as vinte e quatro, marcadas o inverso do que acontece hoje. Era como se o tempo movimentasse lenta e cuidadosamente, preguiçoso, com medo de nos incomodar.
     Seus moradores podiam ser citados um por um, ou quase. Os casos que surgiam nas conversas tinham sempre nomes e endereços. Mesmo sendo criança sabia localizar e nomear grande parte de seus habitantes pois como não havia telefone, as crianças sempre levavam e traziam os  recados  que fossem necessários.
      A principal diversão era o cinema. A maioria dos filmes era o que hoje chamamos filme B. Faroeste, comédias, capa e espada e dramas que faziam chorar até as pedras. Assistíamos a todos pois não havia opções na escolha. A segunda opção era  o footing, onde as moças e rapazes conversavam passeando pra lá e pra cá num determinado trecho da Rua Direita. Nesse vai e vem, surgiam muitos namoros,  e devia ser mesmo esse o objetivo do interminável desfile.    
Toda a população com raras exceções, freqüentava todas as cerimônias religiosas na igreja de São Pedro. Minha família ia sempre à missa das sete horas, aos domingos. Como fazia frio! Levantávamos trocando de roupa, tremendo e saíamos correndo para não perder a hora. O café ficava para a volta com toda a família reunida, muita conversa e animação colocando em pauta os acontecimentos da semana. O domingo era mesmo dia de descanso e relax. Sem a preocupação de ter um programa para fazer, um lugar para ir
     Aos poucos foram proliferando os rádios que na minha casa demorou um pouco e não me lembro quando chegou. Mas foi um avanço, saber coisas acontecidas fora daquele pequeno círculo. O Repórter Esso era aguardado como fonte de informação em que todos confiavam. Havia um programa Seu criado, obrigado,  que esclarecia suas dúvidas sobre  várias matérias e do qual participei várias vezes fazendo perguntas.  Era a famosa Era do Rádio.
    Quem nasceu há 50 ou 60 anos não consegue imaginar esse contraste de vida. Como  o menino que perguntou:  “se não tinha TV, para onde vocês ficavam olhando?”



          


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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dois Livros

J. J. Benítez, autor espanhol do best-seller O cavalo de Troia, vem agora com O Enviado, uma trama para explicar alguns mistérios  sobre Jesus Cristo. Uma mistura que envolve a fotografia do Santo Sudário em Turim, mesclando epsódios de ovnis e cientistas da NASA. Editora Planeta.

Em Eu não vim fazer discurso, Gabriel Garcia Márquez, prêmio Nobel de Literatura, reuniu vários discursos que leu  em vários momentos de sua vida, começando com a despedida dos colegas de Colégio até o que proferiu na comemoração dos seus 80 anos.


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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Jairo Lambari Fernandes

 Hoje, abrindo um livro, tive o prazer de conhecer o poeta      gaúcho Jairo Lambari Fernandes. A beleza deve sempre ser compartilhada. Aí está.

Beirando o Rio
Jairo Lambari Fernandes

Meus olhos teimam em beber distâncias
Na busca antiga de varar caminhos
Onde as porteiras não limitam sonhos
Nem são cativos os que são sozinhos

Meus olhos teimam em beber estrelas
No breu celeste onde a lua navega
E a arrogância de um astro cadente
Que até parece cair das macegas

Quem sabe os meus olhos querem mais
Do que minh’alma pode conceber
Me basta só um rancho beirando o rio
E um amor de um bem querer

Pelos remansos vou deixar esperas
Por sobre as águas deslizando a proa
Sevando sonhos no bater dos remos
Rompendo auroras dentro da canoa

Vou navegar por entre calmarias
Quando a canoa singrar outras águas
De um mar distante que ainda não conheço
Deixando o rancho, os sonhos e as mágoas.


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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Resultado Provisório do Concurso Literário de MG

Do site oficial:

PRÊMIO GOVERNO DE MINAS GERAIS DE LITERATURA – EDITAL 2011 – RESULTADO PROVISÓRIO.

Em cumprimento ao item 9.3 do referido Edital – 2011 , a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, por meio do Suplemento Literário, torna público o resultado provisório da quarta edição do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, com premiação da categoria Conjunto da Obra e de obras literárias nas categorias de Poesia, Ficção (Romance) e Jovem Escritor Mineiro.


I. CATEGORIA CONJUNTO DA OBRA

No dia 10 de agosto de 2011, a Comissão Julgadora, composta por Beatriz Vieira de Resende, Júlio César Castañon Guimarães, Maria Ester Maciel de Oliveira Borges, Aparecida Barbosa da Costa e Elizabeth Neves de Carvalho Xavier, escolheu por unanimidade o poeta e ensaísta Affonso Ávila.

II. CATEGORIA POESIA

No dia 11 de agosto de 2011, a Comissão Julgadora, composta por Edmilson de Almeida Pereira, Marcelo Gomes Dolabela, Sérgio Alcides Pereira do Amaral, Aparecida Barbosa da Costa e Elizabeth Neves de Carvalho Xavier, escolheu como obra vencedora o livro Cálcio, apresentado sob o pseudônimo de “Lola Eloy”.

III. CATEGORIA FICÇÃO (ROMANCE)

No dia 10 de agosto de 2011, a Comissão Julgadora, composta por André Luiz Alves Gandra Nigri, João Norberto Teixeira Pombo Barile, Luiz Ângelo da Silva Giffoni, Aparecida Barbosa da Costa e Elizabeth Neves de Carvalho Xavier, escolheu por unanimidade premiar “Vila Vermelho” apresentado sob o pseudônimo de Spix.

IV. JOVEM ESCRITOR MINEIRO

No dia 10 de agosto de 2011, a Comissão Julgadora, composta por Antônio Sérgio Bueno, Mário Alex Rosa, Sabrina Sedlmayer Pinto, Aparecida Barbosa da Costa e Elizabeth Neves de Carvalho Xavier, escolheu o projeto O Sono de Morfeu, de Druida.


Secretaria de Estado de Cultura, aos 19 de agosto de 2011. Eliane Parreiras/Secretária de Estado.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sous Le Ciel de Paris - Martha Tavares Pezzini

Hotel Concorde Saint Lazare - Entrada


   Hotel Concorde Saint Lazare - Paris                                                              













        Sous le ciel de Paris


     Paris é sinônimo de encantamento. A gente chega e se sente como que caminhando nas núvens, tocada pela magia da cidade e daí pra frente tudo que você vê, é justificado com um ... mais c’est Paris... Os  fortes apelos visuais  entrando pelos nossos olhos e ouvidos  criam essa aura de alumbramento e  fascínio. Não poderia ser diferente se desde criança,  as maravilhas da Cidade Luz nos foram apresentadas através da História, literatura, pintura e  música. Nosso coração canta e bate mais forte. Queremos aproveitar  o máximo  tudo que a cidade tem para nos oferecer e como as opções são infinitas o tempo de que dispomos nunca  é suficiente. Bom mesmo seria não ter tempo limitado. Mas isso nunca é, ainda,  daquela vez, principalmente se é a primeira visita, meu caso.
      Hospedei-me   num hotel  lindo e bem localizado  à 108 Rue Saint Lazare, o Hotel Concorde Saint Lazare. Uma  manhã, fiquei ouvindo  o insistente  pregão de um  vendedor de melões, que se postara num espaço próximo: - “cinq francs, cinq francs, cinq francs!” - Aquela repetição incansável acaba cansdando! Esse tipo de coisa  que sempre perturba um pouco é igual em todo lugar. Na minha  janela, a bandeira do Brasil, colocada por mim.
     Voilà! Começemos as lembranças de um roteiro a pé feito por meu marido e eu, saindo da  praça de La Concorde pela  avenida  Champs Élysées, uma magnífica visão vista de cá da praça, com mais de um quilômetro de extensão, até o L’Arc de Triomphe, totalmente reta. Parando para descansar num café, ou na grama, como é costume por lá, um clic aqui outro ali  para registrar tudo que vemos. De repente, para acelerar o coração surge  a bela (saudosa) fachada da VARIG, bem colorida em verde e amarelo combinando com o detalhe da camiseta brasileira que eu estava  usando, enfim, o Brasil, em destaque. No longo percurso, vitrines atraentes, galerias, gente bonita, grupos de turistas, câmeras à mão, desfilam diante dos nossos olhos.  Os clics não param. Afinal, Paris é a eterna Top Model e não se pode deixar escapar nenhum ângulo.
     Visitando Sacré Coeur em Montmartre pareço estar ouvindo Charles Aznavour cantando La Boeme. O clima totalmente cult do local, fervilhando de artistas, em especial, pintores, descontrai  e inspira. Meu marido insiste para que eu pose para um retrato com um dos vários artistas locais. Até que pela lembrança, não seria má ideia mas não queria perder tempo.
    Depois de um dia de muitas andanças e curtições, já cansados, acenamos para um taxi para a volta ao hotel. Ao entrarmos no carro, um susto: enorme cão no banco dianteiro. Morri de medo: - Seja o que Deus quiser, c’est tourisme!  C'est Paris!   
    O que mais me encantou na Cidade Luz? - O simples fato de estar  sous le ciel de Paris!


    

Nilto Maciel

 "... O equilíbrio está no talento de Nilto Maciel para amalgamar realidade e ficção."(Aíla Sampaio)
  


   Acabo de receber do grande escritor cearense Nilto Maciel, seu novo livro Luz  Vermelha Que se Azula, que recebeu o Prêmio Moreira Campos. Começo a ler daqui a pouco. Adoro ler o que Nilto escreve. Versatilidade, talento e domínio da técnica de construção de textos que o coloca em lugar de  destaque na literatura  brasileira. Volto a falar do livro.
   Obrigada, Nilto, pelo carinho,
   Abraço,
    Martha









sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ferreira Gullar

                                       Ferreira Gullar

                                              O que se foi.
                                              Se algo ainda perdura
                                              é só a amarga marca
                                              na paisagem escura

                                             Se o que se foi regressa
                                             traz um erro fatal:
                                             falta-lhe simplesmente
                                             ser real.

                                            Portanto,  o que se foi,
                                            se volta,  é feito morte.

                                            Então por que me faz
                                            O coração bater tão forte?

                                          (De Em alguma parte alguma) 


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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

José Rezende Jr.




José Rezende Jr. Foi repórter do jornal do Brasil, IstoÉ, O Globo e Correio Brasiliense.Fez sua estréia na ficção em 2005, com o livro A Mulher Gorila e outros demônios. Venceu o Prêmio Jabuti 2010 de Melhor Livro de Contos do Ano com Eu perguntei pro velho se ele queria morrer (e outras estórias de amor), livro em que prosa e poesia se misturam como que fazendo um jogo. Uma das histórias deste livro é Origami. Vejamos um trecho:
 “Eram de polos opostos do planeta, mas já à primeira vista pareceram vizinhos, de tão emaranhados destinos e pelos. Eram como se fossem: antípodas siameses. Falavam línguas desencontradas, mas compreendiam um do outro a língua molhada e a linguagem cega das mãos – surdos, mudos e loucos. Nem mais menina nem ainda mulher, a moça tinha vergonha do corpo meio desengonçado, era muito alta, talvez magra demais, e já no instante seguinte invejava o próprio corpo no espelho, a altura esguia, o pontiagudo dos seios, o rosa dos mamilos ocultos pelas mãos do amante estrangeiro. Mostrava seu recato sem pudores, feito virtude sórdida.”

 
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