quarta-feira, 18 de maio de 2011

O CREPÚSCULO DO TESÃO LITERÁRIO


Com este título, o Escritor Márcio Almeida deu retorno ao Escritor Paschoal Motta, que lhe enviou um vídeo em que o Jornalista Luiz Carlos Prates lança veemente protesto pela concessão da Medalha Machado de Assis, pela Academia Brasileira de Letras, ao Jogador de Futebol Ronaldinho Gaúcho. Sugerimos ver também:




“O CREPÚSCULO DO TESÃO LITERÁRIO"


Meu caro Paschoal,

é o fim. Não sabia da última façanha da ABL. A concessão do mérito de máxima relevância a Ronaldinho Gaúcho é também a máxima desmoralização contra a classe literária e intelectual do Brasil. Como um autor sério, responsável, vai, doravante, querer pertencer à Casa de Machado de Assis impunemente, sabe -
dor de que poderá ouvir na rua, em qualquer lugar, que um jogador de futebol em plena decadência esportiva, boêmio, pagodeiro, vazio, tem o mesmo mérito do imortal que por toda uma vida ralou para fazer jus ao respeito nacional?
O que o título de Machado de Assis concedido a esse jogador acrescenta alguma coisa à vida de Ronaldinho Gaúcho? Por que deram a ele a medalha, mas não a Pelé, Tostão, que é médico? O que fez o jogador para merecer tal distinção? Como Luiz Carlos Prates desafia no programa televisivo: Ronaldinho Gaúcho já leu que
seja dois livros em toda a sua vida? 
Posso estar enganado e, nesse caso, dou a mão à palmatória, para usar um lugar comuníssimo, mas sinto, e tenho putérrima intuição, que há, a partir do Governo Federal, a intenção precípua de esculhambar de vez com a cultura brasileira. É só notar: a irmã de Chico Buarque como ministra - só polêmica e favoritismo de artistas consagrados, vide caso recente de Maria Betânia; a eliminação da escrita correta e liberação do erro de concordância dentro da escola, distribuído em cartilha para quase todos os educandários; a concessão do título honoris causa ao Lula, pela Universidade de Coimbra, um presidente que afirmou em entrevista à revista Piauí que não lê porque lhe dá sono e que passou à História também como o rei das gafes gramaticais. E agora a ABL tornando um jogador de futebol digno da maior honra da instituição. Além, é claro, da também recente acusação de Monteiro Lobato ser racista.
Na minha leitura, o PT quer mesmo desmantelar a intelectualidade a pretexto de corroborar a tese de que Lula veio do nada e tornou-se símbolo universal, sem precisar de estudos, ao contrário de FHC, sociólogo e intelectual, que deixou de ser inclusive referência acadêmica. 

Nunca tive pela ABL nenhuma admiração, ainda que ali foram eleitos alguns autores que estimo muito e tenho em ampla consideração e reverência, caso de CDA, Bandeira, J.C.de Mello Neto, Guimarães Rosa, entre outros. Confesso, todavia, que iniciativa estapafúrdia como essa da ABL tira todo o tesão autoral, mormente quando se agrega ao fato a realidade do direito indigente de 10% no preço de capa, da inversão de valores, da usura contra o trabalho do escritor, do marketing abjeto das grandes editoras, da política protecionista de eventos como o FLIP, do não-reconhecimento constitucional de escritor ser uma profissão como qualquer outra, entre tantas mais que só fazem desmerecer o que somos, o que fazemos. 
O mérito acadêmico deveria vir atrelado a condições como a de o homenageado ter e provar na prática ser portador de idoneidade intelectual, contribuir para a formação do hábito de leitura desde a infância, enriquecer a Língua, propor ações para intercâmbio lusófono, participar de eventos públicos como incentivador da defesa dos valores culturais, históricos, patrimoniais e artísticos, manter blog na internet, publicar, sempre que possível, artigos úteis na imprensa, de modo a contribuir para a sociedade refletir sobre a qualidade de vida humana e do ambiente, com o objetivo de se encontrar alternativas de sobrevivência para o Planeta. 
A inércia, o imobilismo, a estagnação, o desfile fardado de vaidades da ABL fazem da instituição um elefante branco da cultura, inutilidade pública patrocinada pelo poder público, ou seja - pelos contribuintes que nada usufruem em benefício advindo de seus imortais. Desafio a qualquer cidadão comum citar duas benfeitorias provenientes da ABL. A Casa é um panteão de dinossauros, repositório do nada. Ali, prevalece o que Mikhail Bakhtin chamou de exotopia: o diálogo de ninguém com ninguém. 
A ABL comprovou, com essa concessão esdrúxula, fazer parte da sociedade do espetáculo na qual devem prevalecer a ignorância e a esperteza.

Ao outorgar a medalha de Machado de Assis a Ronaldinho Gaúcho, sinto haver por trás também a intenção de a instituição, que faz parte do jogo do Poder, recolonizar o reconhecimento da negritude, uma vez que, conta-se em dedos de u'a mão, o número de imortais negros naquela Casa. Nessa atitude acadêmica, no entanto, está o mais vil empobrecimento cultural, o conformismo, a desvirtualização da função da ABL, a vulgarização da meritocracia, a exploração de sentimentos previsíveis, a degradação de uma classe que paulatinamente veio sendo desestabilizada por si mesma. 
Ainda bem que um dia Bóris Pasternak escreveu: "a fama é reles." Um dia, a História nos julgará autores sérios, competentes e dignos da cultura do nosso País. Ou, ao contrário, poderá nos legar o obscurantismo, a indiferença, por não termos sido coniventes com as máscaras descaradas do poder.
Abraço, meu caro. Réquiem para os homens escribas de um tempo mouco de olhos, cegos de ouvidos, atropos de voz.”  

MÁRCIO ALMEIDA é professor universitário, ensaísta, poeta, ficcionista e muito sério para com as coisas brasileiras.
       



MarthaTavares Pezzini
http://marthatavaresspf.blogspot.com/

                       Inscrição     

                                      Cecília Meireles

                              Sou entre flor e nuvem,
                              estrela e mar
                              por que havemos de ser
                              unicamente humanos,
                              limitados em chorar?

                              Não encontro caminhos
                              fáceis de andar.
                              Meu rosto vário desorienta
                              as firmes pedras
                              que não sabem de água e de ar.

                              E por isso levito.
                              É bom deixar
                              um pouco de ternura
                              e encanto indiferente
                              de herança, em cada lugar.


                                    r                                    
        

     Martha Tavares Pezzini
        http://marthatavaresspf.blogspot.com/
   Notas

-   Ewerton Pereira autografa Crônicas da vida passageira, no Status Café 
    Cultura  e Arte, na Rua  Pernambuco, 1.150, Savassi.

-  Madu Dumont lança seu 3º livro, Mulher, amor e sexo, a partir das 19h, 
    no Teatro da Cidade (Rua  Bahia,1.141, Centro).

Patativa do Assaré tem sua vida e arte publicada pelas Edições 
    Sesc SP e Editora Tempo d'Imagem.
   Poeta que cantou o dia a dia do semiárido nordestino.
   Autores:  Tiago Santana e Gilmar de Carvalho.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Noção de mérito brasileira

  Você concorda?

  Vivemos num país onde a noção de mérito é nula.

  Nesse  vídeo o Luis Carlos Prates mexe com nossa paciência  e
  perplexidade,  testadas a todo momento.

  Triste ter  ouvir que "o Brasil não é um país sério"...

  Não deixe de ver o vídeo.




http://www.youtube.com/watch?v=0JOgI4g9qkE&feature=player_embedded

domingo, 15 de maio de 2011

Fernando Sabino

Fernando Sabino:

“Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam:
   - Que é que você quer ser quando crescer?
  Hoje não perguntam mais. Se perguntassem,
   eu diria que quero  ser menino.”

Fernando Sabino lançou seu primeiro livro de contos Os grilos não cantam mais aos 18 anos. Setenta  anos depois, seu filho, Bernardo Sabino está lançando o projeto de um memorial que será instalado em São Sebastião das Águas Claras, conhecida como Macacos.
Com ênfase ao trabalho da criança, aluna da rede pública inspirados na obra do escritor.
Bernardo diz : “Quero resgatar a infância, como está na lápide do meu pai. Ele achava que o mundo seria melhor se as pessoas resgatassem a infância e a inocência.”


Martha Tavares Pezzini 
http://marthatavaresspf.blogspot.com/

sábado, 14 de maio de 2011

CONVERSA SOBRE FÉ E CIÊNCIA 

De Marcelo Gleiser e Frei Betto (Editora Agir)

Nossa visão de mundo caminha de mãos dadas com os avanços da ciência. Nossa espiritualidade também.”    Marcelo Gleiser

Um cientista, Marcelo Gleiser e um pensador religioso, Frei Betto, trocam idéias sobre dois universos do conhecimento: a ciência e a religião.
Marcelo Gleiser , físico radicado nos EEU, leciona astronomia  no Dartmouth College.  Didático e carismático, suas apresentações e entrevistas na TV  despertam o interesse mesmo daqueles que sempre acharam o assunto muito complicado.
Frei Betto, frade dominicano, autor de várias obras de literatura, política e história.
Um diálogo que vale a pena  conferir.


Martha Tavares Pezzini
http://marthatavaresspf.blogspot.com/


sexta-feira, 13 de maio de 2011

De Lya Luft:

"Por  favor, não tentem defender nosso português de estrangeirismos: a língua não precisa ser defendida. Ela é soberana. Nenhum gramático ou legislador, brilhante ou tacanho, poderá botar essa dama em camisa de força, nem a conter num regime policialesco."