sábado, 26 de abril de 2014

O Poder que não temos - Gabriel Chalita

O poder que não temos

Gabriel Chalita

Recentemente, abracei uma amiga que perdeu seu filho, vítima de acidente de carro. Ouvi sua dor. Acolhi suas razões pelo sofrimento. Entre lágrimas, silêncios e algumas tantas palavras, ela me disse: "Queria ter o poder de morrer no lugar dele, queria ter o poder de trazê-lo de volta. Era jovem demais para morrer".
Eu apenas a abracei e disse algo sobre o amor amado, sobre o tempo rico da convivência, sobre a partida. E fiquei refletindo sobre o que ela dissera.

Quantas mães, se tivessem esse poder, trocariam a própria vida pela vida dos filhos? Quantos amantes fariam isso também? Quem ama, verdadeiramente, sofre com o sofrimento do amado. Mas não temos esse poder.
Somos vulneráveis diante da brevidade da vida. Um acidente. Uma doença. Uma queda. E partimos. E quase sempre não temos sequer o tempo da despedida. Alguns, doentes há um tempo, conseguem fazê-lo. Ou não. A verdade é que, mais curta ou mais longa, a vida escapa de nossas mãos.
Quem tem fé acredita em uma eternidade de amor. Acredita que não somos brinquedos que, velhos ou estragados, são descartados. Quem não tem fé sofre um pouco mais. Mas todos sofrem. A ideia de não mais abraçar o ser que amamos, de não mais conviver, de não mais enlaçar as mãos e os olhares é, certamente, incômoda.
Bem, se não temos o poder de prolongar a vida, usemos um outro poder. O poder de dar significado à vida. De não desperdiçá-la com bobagens e estranhamentos. Quantas escolhas erradas fazemos. Quantas brigas. Quantas mágoas que cultivamos pela ausência de maturidade. Tempo desperdiçado. Poderíamos nos ocupar de contemplar mais a natureza, de dar mais atenção para uma prosa, de poetizar nossa travessia.
A mãe, minha amiga, chorava de saudade, não de remorso. O acidente levou-o prematuramente. Mas, no baú das memórias, ele permanece percorrendo os sentimentos e a mente de sua mãe. E, quando passar a dor profunda, ficarão os encantamentos de um tempo que, embora breve, foi belo.

Sobre Livros e Autores: Silêncio - Martha Tavares Pezzini

Sobre Livros e Autores: Silêncio - Martha Tavares Pezzini

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Silêncio - Martha Tavares Pezzini




Silêncio
Autora: Martha Tavares Pezzini
Silencio,
 porque não posso
Deixar escapar
As palavras de desespero
Que me sufocam:
Estou dizendo adeus
A esse amor...
Ensaio frases, argumentos,
Escusas!
Ninguém tem culpa
se era apenas
meu bem querer
Que enredado à  paixão
Confundiu meus sentimentos...
Ah! Momentos de ilusão!
 Levou-os a água, o vento.
Restou esse desengano,
desamor e desalento,
mais a certeza de que
aquele sonho
afagado, para dois,
terá que ser legado

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Velas - Janice França



                     
                                                        


                                            

                              Velas
                                    Janice França


  
              Amargo sentir este
           Que em meu peito fez pousada.
           A lucidez que ora reina
           Por minha mente comandada,
           Caminha na contramão
           Do quero e desejo.
           O amor, como velas recolhido,
           De uma aportada embarcação
           Contrariadamente ancorada,
           Anseia pela imensidão do mar...
           Mas aguarda paciente, amadurecido,
           Entre um suspiro e um lânguido olhar.
           Sabe ele bem que a razão,
           Astuta, experiente, ponderada,
           Não recolhe âncora
           Com o risco de naufragar.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sobre Livros e Autores: Pensamentos da Ana Lúcia Meyer Cordeiro

Sobre Livros e Autores: Pensamentos da Ana Lúcia Meyer Cordeiro

Pensamentos da Ana Lúcia Meyer Cordeiro



 Curtam aí! Até eu estou no meio e muito orgulhosa! Nem me lembrava do texto! 
 Ana Lúcia e suas idéias incríveis!


 


 Pensamentos da
            Professora, Dra.
                     Ana Lúcia Meyer Cordeiro

  Declaração De Amor
“Não sou muito de falar sobre meus relacionamentos amorosos. Até porque não há muito o que dizer, já que estou sozinha há um bom tempo. Mas hoje eu quero falar uma coisa importante: eu AMO uma pessoa. Muito! E isso já vai para uns quatro anos... Porém, não sei com que palavras eu poderia descrever esse sentimento, então eu escolhi um lindo texto de uma amiga muito sensível e, na minha opinião, uma brilhante escritora, para tentar mostrar a vocês o que sinto por essa pessoa que me ligou hoje. Peço que leiam com carinho, pois é uma das coisas mais lindas que já li. Martha Tavares Pezzini, com sua licença, vou deixar que você descreva para minhas amigas e amigos o que é o meu AMOR.

"Amar é um sentimento inexplicável. Só quem ama conhece os sinais que surgem e transformam a vida. De repente, as flores, as músicas, têm novas cores, novos sons. Uma sensação de caminhar sobre tapetes com os pensamentos voltados para alguém que até há pouco não sabia existir. Pequenas coisas começam a ter significado, se estão relacionadas ao ser amado. É a vida virada de ponta cabeça.
Ficar longe de quem se ama é viver pela metade. Sentimos como se nada estivesse completo e dentro de nós se instala um vazio que só a presença do amado pode preencher."

  Respeito ao Outro
"Não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem contigo." Nunca vi papo mais furado! Ridículo, na verdade! Então o referencial somos nós? Aquilo que nós gostamos ou não, achamos certo ou não? Como assim, o referencial somos nós? Então porque eu não gosto de uma coisa, o mundo inteiro também não deve gostar... Ah, não, fala sério, esse papo é ridículo e extremamente desrespeitoso. Pra mim o papo justo e correto é: NÃO FAÇA COM OS OUTROS O QUE OS OUTROS NÃO GOSTARIAM QUE FOSSE FEITO COM ELES. Simples! Muito simples! Mas às vezes eu acho que tenho que desenhar...”

A Vida Começa Hoje
Dizem que a vida começa aos quarenta. Eu não penso assim. Pra mim a vida começa todos os dias, quando abrimos os olhos. Entre acertos e erros, estou me aproximando dos cinquenta. E se Deus me der essa honra de completar meio século, o que pretendo é devagarinho arrumar a minha casa interior, reposicionar o que habita em mim, jogar fora o que não me cabe mais, para que o novo que vem chegando tenha seu lugar garantido. Eu chamo isso de "Projeto 50". Espero que Papai do Céu se alegre com esse meu projeto, porque, no final das contas, eu estou neste mundo não para agradar a homens e mulheres, mas para agradar a Ele, que é o verdadeiro comandante da minha vida.

Tirando e Devolvendo...
Nesta vida há pessoas que nos tiram... Nos tiram a alegria, o entusiasmo, a saúde, às vezes até a esperança. A essas pessoas eu quero dar a minha ausência e uma boa dose de distância. Mas há outras que nos devolvem... Nos devolvem tudo aquilo que nos foi tirado e muito mais. Essas, sim, são as pessoas verdadeiramente amigas.