Mais uma que meu marido declama e claro, decorei!
Fermoso Tejo Meu
Francisco
Rodrigues Lobo
Fermoso
Tejo meu, quão diferente
Te
vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo
te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro
te vi eu já, tu a mim contente.
Ati
foi-te trocando a grossa enchente
A
quem teu largo campo não resiste;
A
mim trocou-me a vista em que consiste
O
meu viver contente ou descontente.
Já
que somos do mal participantes,
Sejamo-lo
no bem. Oh! Quem me dera
Que
fôramos em tudo semelhantes!
Mas
lá virá a fresca Primavera:
Tu
tornarás a ser quem eras de antes,
Eu
não sei se serei quem de antes era.
(1580?-1622?
)
|
O título já não cumpre o protocolo exato como no início. Abriu-se à Literatura e outras formas de Cultura
domingo, 3 de agosto de 2014
Fermoso Tejo Meu - Francisco Rodrigues Lobo
sexta-feira, 4 de julho de 2014
O Poeta Escolhe seu Túmulo - Carlos Drumond de Andrade
Em homenagem ao meu marido, Lincoln Pezzini, que sempre cita para mim!
O Poeta Escolhe seu Túmulo
Carlos Drumond de Andrade
Onde foi Tróia,
onde foi Helena,
onde a erva cresce,
onde te despi.
onde pastam coelhos
a roer o tempo,
e um rio molha
roupas largadas,
onde houve, não
há mais agora
o ramo inclinado,
O Poeta Escolhe seu Túmulo
Carlos Drumond de Andrade
Onde foi Tróia,
onde foi Helena,
onde a erva cresce,
onde te despi.
onde pastam coelhos
a roer o tempo,
e um rio molha
roupas largadas,
onde houve, não
há mais agora
o ramo inclinado,
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Dia do Namorado - Maria de Lourdes Miranda
Maria de Lourdes Miranda (Tuquinha Miranda) é escritora e poeta, de Matozinhos, MG.
Estréia hoje, aqui no blog e espero que volte sempre! MTP
Tuquinha Miranda
É ampla a varanda
Mas o espaço se torna mínimo para acomodar
As muitas mulheres que eu sou.
O vinho servido em taças de cristal
É sorvido num calmo deleite.
Ouve-se uma musica suave
E as tantas mulheres que há em mim
Dançam contentes celebrando a vida
Aproxima-se um homem
Singular
Uma unidade indivisível
Um sujeito simples
Que nos arrebata.
Divido a multiplicidade de mim mesma
E são ínfimos os braços, as bocas...
Para sufocá-lo em agrados.
Num mágico instante
As mulheres se unem
Sou agora
Uma fração
Ordinária.
E o amor eh festejado em plenitude.
sábado, 21 de junho de 2014
Cantiguinha de Embalar Tatu - Paschoal Motta
Paschoal Motta, poeta ecológico, é de São Pedro dos Ferros, das Minas Gerais.
MTP
CANTIGUINHA DE
EMBALAR TATU
Paschoal Motta
mama calmo o
tatuzinho;
sonhando a mamãe
dorme...
mas o homem seu
vizinho
janta eles de
conforme.
nem na boca ele
tem dentes;
nesta toca de
dureza:
vive entre os
inocentes
no cavoucar
incerteza...
tatuzinho, quem
me dera
fosse o homem
diferente;
ele a mais fera
fera,
mentindo de
inteligente...
durma seu tempo
em sossego,
meu tatuzinho e
irmão;
enquanto aí
nunca chego
para me dar seu
perdão...
durma,
tatuzinho, calmo,
enquanto o
trator não vem;
vai lhe tomar
palmo a palmo,
a terra que é de
ninguém...
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