segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Guarapari - Martha Tavares Pezzini



            Guarapari

       “ Ninguém poderá sonhar,
          Nem viver o que eu vivi,
          Longe dessa maravilha
          Que se chama Guarapari!”

     A festa começa quando entramos no Estado do Espírito Santo. Eu que amo montanhas deixo as de Minas e me deleito com as capixabas. O tempo todo estou olhando para cima. São lindas. A pedra Azul, a gente passa ainda na estrada e nem sei se é mineira ou capixaba, parece que está sendo escalada por um enorme réptil. E para quem passar por Cachoeiro do Itapemirim verá a beleza encenada pela pedra do “Frade e a Freira”
       Chegando  em Guarapari só pensamos em descansar para pegar praia no dia seguinte. Afinal não temos mar...
 Manhã toda feita de  luz e cor, perfeito capricho do Criador, festa preparada para nosso deleite. Acordo ouvindo o som das ondas batendo nas pedras e o retorno das águas após deixar na praia, conchas e  algas. Como se Netuno regesse uma sinfonia eterna com os mais puros acordes e o  mar, majestoso gigante cumprisse seu destino de traze-la até nós com seu incansável movimento.
Abro a janela.   Sons e imagens de um cenário de rara beleza invadem meus sentidos. O sol subindo do horizonte, parece  um medalhão de fogo suspenso  por corrente invisível, espalhando  profusamente todo  o seu esplendor  pela imensidão prata-verde-azul-lilás das águas.  Núvens contornadas de fogo passeiam devagar, levadas pelo suave sopro da brisa marinha, enquanto outras parecem  incendiadas, como se fossem explodir.
    Pego um chapéu, minha câmera e saio para um passeio pela Praia das Castanheiras.  Deslumbrada e inebriada pelo delicioso ar marítmo, ando, descalça, pisando a  areia molhada  sentindo o prazer da sua massagem nos meus  pés a cada passo... Vou parando para catar conchinhas que sempre me encantam  pelas cores, formas e tamanhos,  nacaradas ou não. Cada uma é um tesouro único. Selecionadas, serão transformadas em colares e pulseiras.
     Nada a pensar,  absorta na plenitude daquele momento, apenas saboreando a vida imersa em energia e encantamento.. Se o vento soprar um pouco mais creio que flutuo como uma pluma, tão leve e solta me sinto, partícula intrínseca da natureza.     
     Depois da caça ao tesouro, caminho mais um pouco sentindo o calor do sol e a carícia da brisa. Chego a pensar que há uma cumplicidade entre o sol e o vento. Um  a nos queimar e a outra a  soprar amenizando o ardor...
    Paro  para tomar  água de côco, delicia refrescante e revigorante entre tantas dádivas do Criador aqui reunidas.  Peroá assado. Resistir, quem há de? E o bolinho de mandioca da
   Ando um pouco mais,  minha Rolley  registrando tudo. Momentos gravados na câmera  e nas retinas.
      Viver longe do mar é nostálgico. Por isso temos necessidade de voltar sempre e deixar para trás a rotina, preocupações e  neuras
Um retorno  à mágia e o encantamento  perto do mar.         

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Um Milagre - Martha Tavares Pezzini




Estava de passagem pela cidade de Governador Valadares com minha filha. Lugar de muitas histórias no passado da minha família. Uma bela cidade conhecida, entre outras, como capital mundial do voo livre e onde em 2016, em um campeonato de asa delta, os pilotos lançaram sementes nativas da região no entorno do Pico da Ibituruna, numa demonstração com o cuidado ambiental. Estava acontecendo outro campeonato e pudemos ver a beleza e o espetáculo das asas colorindo o céu. Dizem que a alta, e põe alta nisto, temperatura, local, origina-se da pedra da Ibituruna. Fiquei hospedada por um sobrinho que dividia o apartamento com um colega. O rapaz estava fora e nos cedeu seus aposentos com toda a gentileza. Tão logo cheguei não pude deixar de notar os óculos que estavam sobre a cômoda. Eram iguais aos meus. No dia seguinte, pela manhã, todos saíram para seus compromissos e eu fui fazer o que mais gosto, conhecer o comércio local e fazer umas comprinhas. Já havia passado por várias lojas sempre naquele põe e tira óculos que ficava pendurado no decote. Comecei a achar que minha visão não era a mesma quando o colocava. Parecia que algo estava errado. A ansiedade tomou conta e bateu a dúvida: - Será que peguei o do rapaz? – Putz! Continuei o passeio sem a ajuda das lentes. Como quase toda mulher, inevitavelmente, não resisti a um par de sandálias. Como seriam pagas com cheque, abri a bolsa para pegar o talão e o óculos para uma pequena ajuda ao escrever. E para meu desespero o artefato ótico, não foi encontrado. Sentei-me. Revi a bolsa várias vezes tendo retirado tudo de dentro. Nunca vivi uma situação tão constrangedora e sem solução. Como explicar que pegara algo pessoal no quarto a mim cedido tão gentilmente e o havia perdido. Senti-me péssima, irresponsável e sem saída. Não haviam palavras para explicar esta história. Era um enorme sofrimento moral. Só um milagre poderia me salvar. Paguei a compra e voltei a todos os lugares por onde havia passado na esperança de encontrar o tesouro perdido. Nada. Mais uma comprinha e ao abrir a bolsa para pagar, os óculos lá estavam e não eram os do rapaz. Creiam se quiserem, mas passei realmente por uma grande aflição e pedi ajuda do Alto. Ele não nos socorre somente nas grandes causas. Eu acredito neste pequeno milagre ou outro nome que vocês queiram dar.
Martha Tavares Pezzini

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Vida pela metade - Martha Tavares Pezzini



Chegar a lugar nenhum.
Ser e não conseguir ser,
Novamente.
Porque a outra metade, agora,
é vida em essência, é luz
e memória somente.
Vida a transcorrer
Na ilusão do que não é mais.
De palavras não faladas
Mas pensadas como ditas
No torvelinho
que precede o vazio.

Martha Tavares Pezzini





terça-feira, 28 de novembro de 2017

Felicidade e paz - Martha Tavares Pezzini



 Felicidade e Paz

Um novo dia abre suas janelas esvoaçando as cortinas da nossa alma.
O sol brilha, iluminando e aquecendo a vida. O pinheiral balança mansamente ao sopro da brisa.
 Ao longe as montanhas azuladas pela distância.Detenho-me na beleza do pico mais próximo, recoberta pelo verde, com a mata descendo pele encosta. Na pequena árvore, próxima, uma orquídea  carregada de botões, prenuncia toda a beleza prestes a explodir. A temperatura baixa, da qual não sou muito amiga, reina poderosa em sua estação. Na taça, um espumante. Sentada ao sol contemplo a maravilha dádiva do Criador. Sinto o roçar em minhas pernas, da Bósnia, gatinha dengosa. Ouço as vozes das aves do quintal: galos, galinhas, patos e gansos. Dentro de casa, o riso a conversa da família, destacando a fala do meu neto, Erasmo, feliz com a nossa presença. Sons para se gravar no coração. Momento de felicidade e paz.