sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Eu e os livros - Martha Tavares Pezzini


Eu e os livros
Me perguntam por um livro que tenha marcado minha vida. Os que marcaram mesmo não foram clássicos famosos da literatura mundial ou brasileira. Poderia dizer que foram Alice no país das maravilhas, Aladim e a lâmpada maravilhosa, Ali Babá e os quarenta ladrões e muitos outros infantis que me encantaram quando comecei a ler. Nunca li por obrigação ou por dever de escola. Lia porque gostava e portanto, lia o que houvesse disponível, numa época em que não havia livros em quantidade. Os gibis e   Seleções, outra revista que era nossa salvação, vinham preencher essa lacuna. Assim, acostumei-me a leitura menos famosa talvez, desconsiderada para críticos literários. Sou escritora mas não cursei Letras. Portanto não li e analisei tanto os nossos clássicos, como trabalho escolar. Sempre foi leitura por conta própria mais o incentivo da minha mãe. A poesia sempre me atraiu. Posso dizer que Navio negreiro, me marcou. Como marcou quase todo mundo. Depois vieram os sonetos de amor. Posso dizer que História Antiga de Raul de Leone, e Orgulho e Renúncia, de Araujo Jorge, me marcaram. Sei de cor. Colecionei trovas, junto com meu primeiro namorado. Ele me presenteava com os livros de J. G. de Araujo Jorge. Li Érico Veríssimo, e o que  mais gostei na época que o li, é considerado pelo autor como sua pior obra: Saga. Vieram, O Pequeno Príncipe, Terra dos Homens e Voo noturno, de Saint Exupery; Tagore e Kipling, sempre amei. Estou comprando para reler, Kim. Daí em diante li esparsamente Machado de Assis, Sydnei Sheldon, Daniela Steel, que me forcei a parar de ler. Claro que li muito Jane Austin e Agatha Christie
. Seguindo aquele princípio de pegar o que aparece, comecei a ler alguns quando passava uns dias com meu filho, alguns que não me lembro os autores, todos traduzidos. Fiquei conhecendo Michel Krichton e John Le Carré. Por incrível que pareça, Nosso jogo, me prendeu. No meio desses li Milton Hatoum, Luis Ruffato, Rosamunde Pilcher, aqueles que lemos por causa dos filmes: (estou lento Linha do Tempo de Michael Crichton) e muita poesia! Adélia Prado, Neruda, Cora Coralina, Cecília Meireles, Quintana, Gulart, Leminsk, Borges, Fábio de Mello (prosa e verso). Atualmente, tenho contatos com poetas maravilhosos que nunca deixo de ler: Matusalem Dias de Moura e Basilina Pereira são exemplos. Não dá para citar tantos nesse meio, dos quais li somente um livro.
Vão dizer que sou louca, nem posso falar que escrevo. Sou considerada despreparada para tal ofício porque os “clássicos” não predominam na minha lista.  Viu porque não respondi a pergunta : Qual o livro que lhe marcou?
“Como costumava dizer Umberto Eco"O mundo está cheio de livros fantásticos que ninguém lê", uma afirmação adequada, principalmente quando falamos de clássicos da literatura. Geralmente, no caso de escritores brasileiros, somos forçados a uma avaliação burocrática na escola e acabamos adquirindo uma certa antipatia a determinado livro ou autor quando o objetivo deveria ser justamente o contrário. É surpreendente como uma segunda visita a essas obras, já em nossa maturidade, pode revelar um tesouro empoeirado e escondido, bem ali na nossa estante. Afinal, mudaram os livros ou mudamos nós?” Alexandre Kovacs
 Martha Tavares Pezzini

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Não celebro esse Natal - Paschoal Motta



Não sou extremamente radical mas concordo que a preparação para comemorar o Natal está um caos, e não aceito a substituição do nome de Jesus, o motivo da festa,  pelo Velho Barbudo! Desculpem o atraso da postagem. Culpa da atribulação em volta do Natal! MTP



 NÃO CELEBRO ESSE NATAL

Venho dando conta, a cada final de ano, de incoerências nas propagandas e promoções com gancho no Natal de Jesus Cristo. E, nesse imbróglio, se repete a mesma toada, nos meios, com motivações para compra disso, daquilo e daqueloutro para presentear fulana, beltrano, sicrana. E pipocam, em rádios, tevês, revistas, jornais, placas, vitrines, nisso e no mais, modos de engambelar no ter de dar e de receber, a qualquer custo (sem trocadilho), porque vem aí o Natal, seja lá como: eis o busílis.
Cidades, grandes ou pequenas, engalanam com luzes multicoloridas sua praça principal. Deslumbram mais se com um Papai Noel e seu indefectível rôrôrôrô. As crianças, levadas ali pelas mamães e pelos papais, lá se fotografam com esse ícone natalino para guardar de lembrança...
Mas, afinal, Natal de quem tão importante para merecer tamanhas comemorações? Deve ser “o” cara esse cara; mas quem? Quem?
As peças publicitárias e promocionais outras, neste tempo de Natal, elaboradas por distraídas mentes, esquecem, ou omitem o nome do aniversariante tão assim festejado. Ou mesmo desconhecem a muito antiga tradição religiosa sobre o Menino nascido numa modesta comunidade de um pequeno país do Oriente Médio; de mãe e pai humildes, um sem beira nem eira. E que ia mudar as eras para antes e depois dele em grande parte do Planeta, além de suas mensagens raramente aproveitadas e geralmente distorcidas.
Conforme conveniências, Jesus Cristo atende, nas comunidades cristãs, por Messias, Nazareno, Salvador, Redentor, Cordeiro de Deus, Filho do Homem, Rei dos reis, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Mestre entre outros apelos. Assim, rendeu e rende ganhames de milhões e bilhões de dinheiros no balcão do egoísmo, da ganância desmedida, da mentira, da isca para pescar incautos bem intencionados. Usam e abusam do nome dele em vão. E como abundam esses abusos nos dias atuais! Os modernos vendilhões, mais refinados em táticas de venda presenciais e nos meios de informação, onde quer que estejam, se enriquecem numa orgia rapinante.
Haverá chicotes bastantes para tantos tais?
Tenho, sim, simpatia com as Boas Novas do Nazareno; sempre oportunas lições de melhor viver e conviver. Pelo dele registrado em vários evangelhos, um homem especial, humanista iluminado teria degustado do vinho de Sidarta Gautama, na taça da paz, do amor, do perdão entre e com as pessoas.
Enquanto isso, me volta e alenta a preparação do Presépio, para simbolizar o Nascimento, natal, de Jesus Cristo. Em São Pedro dos Ferros, também acontecia, desde a busca de areia branca em barrancos e placas de limo em cortes de pedra da Estrada de Ferro, ou outro lugar úmido, entre outros componentes, para a feitura do Presépio. 
 Armava-se, em residências, a representação duma cidadezinha e uma gruta de pedra onde a manjedoura com o Menino. (Não atino o porquê de gruta...) Ali, deitadinho numa manjedourinha, rodeadinho pela santa mãe, Maria, e o santo pai, José, mais um boizinho, um burrinho, estáticos, vigiando e guardando o Nenenzinho. Ah, os três reis magos estão indo pra lá com presentes de ouro, incenso e mirra.
Minúscula candeia a óleo de mamona velava o ambiente dia e noite...
No entremeio dessa azáfama, os doces em calda, de limão, de figo; a rabanada amarela de gema de ovo. As gostosuras fartavam; os dias do dezembro entoavam sensações...
Meia-noite, Missa do Galo somente para os adultos. Ai que vontade de ir ver que tipo de galo cantava lá...
Criança precisava dormir cedo, e, de manhã, conferia o brinquedo pedido e esperado, o ano inteiro, a Papai Noel e ao Menino Jesus, no sapato atrás da porta da sala. Pra isso, era saltar da cama, o mais cedo possível. Na manhã de 25, enfim, a criançada saia para as ruas em barulhenta agitação com os presentes. E, pés descalços, outras crianças babavam com aquilo, sem entender porque Papai Noel não levava presentes também para elas...
Os festejos, de um dia para o outro, iam de pernil suíno, leitoa assada, carnes de boi, churrascos de montão; cabrito, peru, frango.  Isso e aquilo, regados a cachaça, vinho, uísque, cerveja, refrigerante.  
A maioria dos festejadores irá de cachaça, limonada, um franguinho de quintal e mais o do costumeiro.
No altar da gulodice, e numa ótima, sacrificamos animais para comemorar um nascimento muito importante. E seremos felizes e prósperos. 
Vamos que vamos, dançando, numa corda bamba, o carnaval da insensibilidade, consumindo e consumidos... e nem aí, mas alegres pra dedéu.

Paschoal Motta

(PM, escritor, jornalista, professor)
paschoal.motta@gmail.com

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Convite de Posse - AJEB MG

Com grande satisfação divulgamos a posse da Primeira Diretoria e membros associados da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB de MG.  

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Cristiano da Silva Gomes - Martha Tavares Pezzini

Cristiano da Silva Gomes
A cidade de Matozinhos, em Minas Gerais, está hoje triste e desolada. Vê partir um filho muito amado. Ao chegarmos na sua praça, onde se concentra o vai e vem cotidiano, em vão nosso olhar procurará sua doce figura. Como era bom encontrá-lo! Simpatia, simplicidade, querido por todos, sempre rodeado de amigos para uma conversa, ainda que ligeira. Um encontro com Cristiano, garantia muitos casos interessantes, desconcentração certa e muito riso. Era nosso historiador na linguagem oral e escrita, com dois livros publicados. Havia o lado histórico das sagas e epopeias e outro lado, que conquistava maior público, o jocoso e brincalhão com os floreios e enfeites que eram igualmente preciosos. Grande amigo de Babi, meu marido, foi nosso padrinho de casamento. Nos tempos dourados de Matozinhos, era o cartão postal ou embaixador da cidade. Eventos festivos tinham sempre sua chancela ao lado de Neide Pereira. Pena que hoje não tenhamos mais figuras desse quilate. Foi nosso vice-prefeito na 1ª gestão de Nilo Gonçalves Cota, quando Lincoln Pezzini também atuava na administração como secretário executivo. Deixou sua marca como pessoa humana, correta, elegante. Cristiano, trilha agora o caminho da Luz que ilumina sem cegar. Fez por merecer. A nós só resta a saudade.



quinta-feira, 14 de junho de 2018

Desencanto - Pérola Bensabath


Há muitos dias sem postar, trago hoje um texto magnífico da escritora e poeta, Pérola Bensabath, coordenadora da Comunidade Elos Literários. Parabéns, Pérola! - MTP



D E S E N C A N T O
(Pérola Bensabath)
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Sinto prazer em escrever estilos amenos, sensuais, diáfanos e leves como a musseline das asas das borboletas.Mas hoje meu espírito crítico-social amanheceu cabendo na procura que esmerilha os sentidos de misericórdia e consciência que me espreitam. E que espreitam a sociedade.
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Quem sou eu neste instante? Uma sobrevivente dos séculos ou uma escritora? Minha sensibilidade olha em direção às relíquias e se dirigem aos meus anseios. Sou feliz. A alegria é inata em minha personalidade, mas às vezes o riso se esconde nos rictos dos cantos da boca e capturam o meu sorriso. Sou uma dissidente das trincheiras de uma juventude que sonhava e realizava, sem empunhar o celular como uma letal arma modernista, que tudo “resolve”, como um deus tecnológico. O mesmo “deus” que desaproxima os seres.
O meu templo de arte foi a música, o ballet e não o devastador som do hip hop e do tecno. Os mais belos exemplos de honestidade, confraternização e amor familiar me foram transmitidos. Descubro então que sou aquela que vive em um lar que é meu templo e mesmo que grades fechem as entradas e saídas, minha mente vagueia imaginativa e liberta.
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Oh! Deus...”onde estás que não respondes?”... Impostos que engordam os porcos que chafurdam nas propinas e corrupção. Violência instalada em crime organizado, crianças abandonadas, o velho mal cuidado, a devoradora indústria da seca nordestina, as drogas enganadoras que fascinam e muitos e muitos e mais fétidos acontecimentos que circundam o século. Entristece-me a passividade da política educacional numa densidade espantosa. Constrange-me os problemas sociais que são o corolário de um povo heroico que sobrevive com o salário mínimo e sorri... sorri no carnaval!
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E reina a Rede Globo, absoluta em sua lavagem cerebral ao povo do Brasil numa eletrônica avançada e purpurinada.
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Eu? Mulher de meia idade, ativa, sensual, alegre, observadora e constrangida. Mulher que sofre pelas minorias. Mulher-feliz-e-acolhida- em- seu- ninho -residência, num estiloso loft, em um condomínio de luxo. Fazer o quê? Criei uma ONG e foi um NADA frente ao TUDO. Sigo carregando um saco de ossos do passado: o meu saco de ossos particular. E das mazelas do presente: o saco de ossos da sociedade.
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Mulher neste momento de desencanto sentindo o peso do mundo. Mea culpa? Digo Amém? Uso máscara?
Mulher que se refugia no seu ópio: um triunvirato de FÉ, AMOR e POESIA.

 

sábado, 19 de maio de 2018

O domingo de Rapunzel - Martha Tavares Pezzini


       Rapunzel e o domingo



       Realmente não sei criar histórias na imaginação. Só escrevo narrativas, idéias , pensamentos que tenho a respeito do cotidiano e da vida ou faço uma mistura baseada em outras histórias conhecidas, trazendo personagens de longe para o agora.

Domingo é um dia como qualquer outro porque , agora sem missa. O que o distinguia, além da missa, era a família em casa, almoçando juntos, uns ouvindo música, outros chamando para ver filme e toda aquela agitação de uma família.

       Só sei que não sei o que fazer do meu domingo, onde nada disso existe mais. Reaprender um novo domingar, não está fácil. Há limites daqui e dali  que se juntam a uma certa dificuldade para montar a estratégia e executar. É como se: posso mais não devo. Quero mas não me sinto segura. Estou com preguiça de trocar a roupa e passar o protetor solar. Preciso de um empurrão.

        Muito complicado estar entre quatro paredes, como Rapunzel, na torre, em outro tempo, só que  sem tranças, sem espera de um acontecimento, no caso dela, a chegada do príncipe. Agora imagine se a Rapunzel tivesse ido para a torre na mesma idade que eu. O que ela esperaria? Com certeza ligaria o computado, tablete e escreveria o que desse na cabeça, talvez ligasse a TV na Net Flix. Ou quem sabe, com a ajuda do Espírito Santo, que jamais apareceria na história da parte I, encontraria uma porta secreta com elevador panorâmico, desceria para as ruas, criando coragem para andar sozinha e acabaria rodando pelo shopping center do Reino, destino dos que estão exilados neste domingo. 
Ah, amiga do passado, melhor para você que andaria pela floresta, cantando, ouvindo os pássaros, colhendo flores e apreciando a beleza das borboletas, invés de zanzar num shoping center!

Direto da torre da Savassi, em "tempos outros, que não aqueles." coment  L. Pezzini.

Martha Tavares Pezzini