segunda-feira, 5 de abril de 2021

domingo, 4 de abril de 2021

Resenha do livro "Além daqueles montes verdes" por Almir Zarfeg

 

Almir Zarfeg

Além daqueles montes verdes”, de Martha Tavares Pezzini, reúne em 170 páginas as crônicas e os poemas que a autora produziu nos últimos anos. 

A obra veio a público pela Páginas Editora, de Belo Horizonte/MG, ainda em 2020, mas chegou às minhas mãos somente neste janeiro quarentenado de 2021.

Ao todo, são 34 crônicas e 54 poemas, entre o quais se destaca o premiado “Transmutação” (2º lugar no Prêmio Castro Alves de Literatura 2020, promovido pela Academia Teixeirense de Letras). Sem contar os sonetos e as aldravias que fecham a obra com chave de ouro.

Nesta nova publicação, Martha dá seguimento à anterior, “Por onde andei levei meus sonhos”, de 2015, revisitando pessoas e momentos que marcaram sua vida de mãe, educadora e autora.  Sua juventude também.

Eu li “Por onde andei levei meus sonhos” e, na oportunidade, observei o jeito leve, coloquial e marcante de narrar que a autora imprimiu à obra. Um jeito mineiro de ver as coisas e, ao representá-las, causar boa impressão em seus leitores. Gostei tanto do que li que grafei o anagrama LCM (tentem adivinhar).

Neste novo livro, Martha segue brindando seus leitores com crônicas deliciosas de se ler com os olhos e a imaginação. São textos simples e coloquiais, sim, mas repletos de imagens convidativas, diante das quais capitulamos e acabamos tomando parte nas cenas e/ou coparticipamos dos episódios com muita descontração e gosto.

Quem é doido de resistir a uma cena de cidade interiorana, perdida entre montes e alterosas, com suas ruas tranquilas e moradores hospitaleiros? Pois Martha nos conduz pela sua São Pedro dos Ferros e sua Matozinhos, nas quais sonhou os melhores sonhos e viveu a melhor vida, com perdão da redundância, que viver de verdade é, sim, renovar a alegria de viver…

Com leveza, a autora compartilha também as leituras que marcaram sua vida (sem método e obrigação, senão com prazer); cita autores e respectivas produções que ainda repercutem em sua formação de leitora e autora. Esse é o lado, digamos, intertextual da obra em questão.

Mas Martha não se faz de rogada e pontua o ato de escrever não só como desafio criador e linguístico, mas também como gesto de emancipação pessoal. A propósito, a autora é imortal da Academia Municipalista de Minas Gerais (AMULMIG), compondo a atual diretoria acadêmica como 1ª secretária.

Muito além daqueles montes verdes”, crônica que dá título à obra, retrata uma moça centrada em si e apegada ao seu mundinho, mas que, gradativamente, consegue realizar seus sonhos – inclusive literários – mostrando na prática que os conceitos junguianos de introversão e extroversão, ao contrário do que muitos pensam, podem ser manipulados como forma de realização pessoal, profissional e artística. Enfim, como energia positiva e libertadora.

Por ter ido muito além daqueles montes verdes, Martha Tavares Pezzini já é uma vencedora. Parabéns!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Eu e os livros - Martha Tavares Pezzini


Eu e os livros
Me perguntam por um livro que tenha marcado minha vida. Os que marcaram mesmo não foram clássicos famosos da literatura mundial ou brasileira. Poderia dizer que foram Alice no país das maravilhas, Aladim e a lâmpada maravilhosa, Ali Babá e os quarenta ladrões e muitos outros infantis que me encantaram quando comecei a ler. Nunca li por obrigação ou por dever de escola. Lia porque gostava e portanto, lia o que houvesse disponível, numa época em que não havia livros em quantidade. Os gibis e   Seleções, outra revista que era nossa salvação, vinham preencher essa lacuna. Assim, acostumei-me a leitura menos famosa talvez, desconsiderada para críticos literários. Sou escritora mas não cursei Letras. Portanto não li e analisei tanto os nossos clássicos, como trabalho escolar. Sempre foi leitura por conta própria mais o incentivo da minha mãe. A poesia sempre me atraiu. Posso dizer que Navio negreiro, me marcou. Como marcou quase todo mundo. Depois vieram os sonetos de amor. Posso dizer que História Antiga de Raul de Leone, e Orgulho e Renúncia, de Araujo Jorge, me marcaram. Sei de cor. Colecionei trovas, junto com meu primeiro namorado. Ele me presenteava com os livros de J. G. de Araujo Jorge. Li Érico Veríssimo, e o que  mais gostei na época que o li, é considerado pelo autor como sua pior obra: Saga. Vieram, O Pequeno Príncipe, Terra dos Homens e Voo noturno, de Saint Exupery; Tagore e Kipling, sempre amei. Estou comprando para reler, Kim. Daí em diante li esparsamente Machado de Assis, Sydnei Sheldon, Daniela Steel, que me forcei a parar de ler. Claro que li muito Jane Austin e Agatha Christie
. Seguindo aquele princípio de pegar o que aparece, comecei a ler alguns quando passava uns dias com meu filho, alguns que não me lembro os autores, todos traduzidos. Fiquei conhecendo Michel Krichton e John Le Carré. Por incrível que pareça, Nosso jogo, me prendeu. No meio desses li Milton Hatoum, Luis Ruffato, Rosamunde Pilcher, aqueles que lemos por causa dos filmes: (estou lento Linha do Tempo de Michael Crichton) e muita poesia! Adélia Prado, Neruda, Cora Coralina, Cecília Meireles, Quintana, Gulart, Leminsk, Borges, Fábio de Mello (prosa e verso). Atualmente, tenho contatos com poetas maravilhosos que nunca deixo de ler: Matusalem Dias de Moura e Basilina Pereira são exemplos. Não dá para citar tantos nesse meio, dos quais li somente um livro.
Vão dizer que sou louca, nem posso falar que escrevo. Sou considerada despreparada para tal ofício porque os “clássicos” não predominam na minha lista.  Viu porque não respondi a pergunta : Qual o livro que lhe marcou?
“Como costumava dizer Umberto Eco"O mundo está cheio de livros fantásticos que ninguém lê", uma afirmação adequada, principalmente quando falamos de clássicos da literatura. Geralmente, no caso de escritores brasileiros, somos forçados a uma avaliação burocrática na escola e acabamos adquirindo uma certa antipatia a determinado livro ou autor quando o objetivo deveria ser justamente o contrário. É surpreendente como uma segunda visita a essas obras, já em nossa maturidade, pode revelar um tesouro empoeirado e escondido, bem ali na nossa estante. Afinal, mudaram os livros ou mudamos nós?” Alexandre Kovacs
 Martha Tavares Pezzini