quinta-feira, 22 de abril de 2021

Dia Mundial do Planeta Terra - Adriana Pezzini Campos - Leandro Carnal

 

 Nosso lindo planeta, merece mais carinho, mais cuidado. Precisa ser valorizado. É nossa casa. Vamos pensar sobre o que podemos fazer a começar pelas pequenas atitudes que estiverem ao nosso alcance. MTP

 


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Adriana Pezzini Campos: "E, assim, vamos nos esquecendo de quem somos, nos ressentindo e elegendo máscaras para nos travestirmos do que esperam de nós."

 

E se a questão for outra?

Na minha juventude, me deparei com a seguinte pergunta, inscrita nesses cartões com imagens bacanas:

"E se a questão não for porque é tão difícil ser a pessoa que você gostaria de ser,

mas porque é tão difícil se tornar a pessoa que você realmente é?"

Por muitos anos essa questão me instigou, tal qual o enigma da Esfinge de Delfos: - "Decifra-me ou devoro-te".

E foi recentemente que pude, de fato, desvendar o me intrigou por tanto tempo.

Hoje compreendo que nascemos para viver a experiência de ser quem somos!

Mas já na primeira infância, que vai do nascimento aos sete anos, a nossa família e a comunidade onde estamos inseridos, com a melhor das intenções, concentram seus esforços para nos ensinar o que esperam de nós.

Esse processo tem o nome de socialização.

Nele aprendemos o que podemos ou não, o que é permitido ou passível de punição pela sociedade, quais as regras sociais a que devemos nos submeter para nos mantermos incluídos.

O amor e a aceitação vão sendo, então, condicionados às nossas atitudes.

E, assim, vamos nos esquecendo de quem somos, nos ressentindo e elegendo máscaras para nos travestirmos do que esperam de nós.

Muitas vezes nos tornamos consumidores vorazes de tudo o que promete nos conduzir ao pódio da aceitação "amorosa":

produtos, tecnologias, cursos, comidas e bebidas, vivências travestidas de terapêuticas...

A máscara vai ficando tão justinha, que em alguns momentos traz alívio.

Naqueles momentos em que acreditamos ser a máscara, deixamos de sentir a dor de não sermos quem realmente somos.

Mas...e se a questão for outra?

 

Aí vale à pena termos coragem de nos arriscarmos a espiar o que de fato há debaixo da máscara.

Provavelmente encontraremos um olhar assustado, temeroso, mas também um sorriso de alívio!

Aquele alívio que sentimos ao chegar da rua e tirarmos a roupa, tomarmos um banho e nos vertirmos de conforto...

Adriana Pezzini Campos

20/04/2021

Em tempos de usar ainda mais máscaras...

 

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 Boa proposta. Pense aí.

Leandro Carnal: “Hoje é 22 de abril. Há 521 anos, ocorreu o "descobrimento/achamento/invasão/invenção" do Brasil. Você brasileira/brasileiro, o que diria ao almirante no dia anterior ao fato? Em uma frase, o que diria ao português no dia 21 de abril de 1500?”

             

                 

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quarta-feira, 21 de abril de 2021

Tiradentes - por Paschoal Motta

 

Por Paschoal Motta

TIRADENTES CONTINUA VIVO E FALA - Paschoal Motta: Este 21 de abril é da celebração dos 229 anos do enforcamento no Rio de Janeiro, do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, chamado Tiradentes (1746-1792), condenado como o principal envolvido no movimento político conhecido como Inconfidência. Os conjurados se reuniam na antiga Villa Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, para planejar o Brasil livre da dominação portuguesa. O Alferes Joaquim José da Silva Xavier é celebrado o protomártir, sacrificado pelos ideais da democratização do Brasil, contra o absolutismo ditatorial então vigente.

 

(.................................................................................................................)” Pisando pedras das ruas, dos becos, das praças de Villa Rica, trotei remoendo meus remoques por tal desabusada dominação; ia indo, ia vindo, na luz do dia, breu noturno, debaixo das estrelas do firmamento, nos empoeirados, nos lamacentos caminhos das Minas, de a pé, de a cavalo, com o tinir de esporas das botas, com violência de minha palavra, sem esmorecimento. Cavalgava no estalo, faísca do rompão de ferradura de meu Machinho Rosilho, eu, o Corta-Vento, o Atroado, com aviso de esquina em esquina, pousada em pousada, no urdir levante de restaurar o País. Nisso tudo, ahhh, o cochilante sussurro de prateado corguinho, barrosa água dos rios entornando de cheios; bicho, passarinho, calor, frio, sol, chuva, campo, mata, baixio, montanha, roçado, gado, engenho, mina, faisqueira, bateação, dança africana, reza índia, feitiço português, riso, choro, labuta. Uma inteira nação, por tal espraiada beleza, opulenta riqueza, repete, entoa, mesmo nesta atual dificuldade; em coro no coração, cantilena de esperança desta tamanha lindeza da terra brasileira; ainda cantam, choram, lá fora, numa esperança sem esmorecimento. Quem haveria me censurar pelo acalanto desses projetos? Agora, sei: diversos. Crescia, floria um amor em mim; flore, eu sempre menino, desassisado de maldade, afastado de vingança. Mas, agora, imagino, calculo razão desta insopitada ojeriza contra gana de sem fim riqueza por parte dessa gente de endurecido peito, pedra no coração; agora, enxergo, desanuviado, impiedade de uns sem delícia de bondade, olhar sem lágrima, coração sem soluço. Coração humano carece chorar; igual, rir. Chorava no puro encantamento, no passo de cada viagem, pelo que arquitetava, na pregação pelo bem comum. Solucei de dia, de noite, no sem sono do calado recolhimento, ermo de mata, distante dos homens, no invento meu duma máquina purificadora da podridão neste País. Logo eu, um pobre, atroado alferes em emperrada carreira, um tirador de dente, um mascate, um curador com mezinha, um raizeiro, um engenheiro de merda, um louco, um preterido, um olhado de soslaio pelo poderoso. Em tempo algum deixava de parar, escutar, com máxima atenção, desvalido, doente, esfomeado, surrado, escorraçado, essa casta de sem nome, sem destino; dessa raça de esfalfado em eito de roça, de sufocado em buraco de mina, de rebentado em ponta de chicote, humilhado; do passado dia inteiro dentro d’água na cata de diamante; de virgem violentada, abandonada; de mulher enganada, de mulher prenha e largada ao deus-dará, de mulher sem carinho, de criancinha no frio da madrugada, de criancinha esfarrapada, esfomeada; todos entregues ao sem destino de um clareado amanhã. Saía de tal meditação resoluto, obstinado, com sangue fervendo. Eu não penso sozinho; imagino, calculo, falo no sentimento, com este coração. Mais vou, sonho: apronto daqui a horas, lá no cadafalso, descuidando um instante a guarda, num átimo, solto no vento para ouvido de cada qual lá presente, onde bater eco de grito, seja uma última sílaba, solto esta teimosa voz, mais atroada que antes: sois todos escravos em nossa própria nação! Torna o canto do galo sozinho; dos dele, já, em cadeia, enfileiram canto, num emendado de inveja. Ahhh, assim praticassem desta forma as pessoas deste País.” (.........................................................................................................................) (Trecho de EU, TIRADENTES, Paschoal Motta, 3ª. Ed. Lê, esgotada, 1997)

Lígia Fagundes Teles

 Lígia Fagundes Teles, ícone da nossa Literatura, completou 98 anos! Parabéns e aplausos!