Ontem,
estava eu posta em sossego, aproveitando a tranquilidade do carnaval, quando
recebo um link através de um amigo. Imediatamente passo a conhecer o Marcelo
Sguassábia através do ótimo texto "A ira de Zebedeu". Maior
criatividade e muito divertida a exploração do tema Confesso que também eu me
lembro de Belzebu quando quero me lembrar do Zebedeu... Explico: apenas do
nome!
Vou ler
todas do Marcelo!
Curta
você também!
MTP
Marcelo Sguassábia, por ele mesmo
Humor, nonsense, sátira e o
mais puro e mal-acabado besteirol. Junte a isso algumas incursões no universo
onírico, com um tiquinho de nostalgia e introspecção. É esse mais ou menos
meu estilo: o não-estilo definido. Sou redator publicitário, beatlemaníaco
empedernido, pianista diletante e fã de livros e filmes que tratem sobre
viagens no tempo. Tenho coluna fixa em diversas publicações eletrônicas e
três jornais impressos. Blog: www.consoantesreticentes.blogspot.com
É também:
Redator publicitário em Campinas, pianista diletante e apreciador de
filmes sobre viagens no tempo, Marcelo Sguassabia é colunista fixo em três
jornais impressos e em vários endereços eletrônicos.
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A Ira de Zebedeu
Que não existam muitas pessoas que se chamem Judas, Herodes ou Pôncio,
vá lá, justifica-se. Mas a que se deve a ausência de Zebedeus nas certidões de
nascimento pelo mundo afora? Meu nome é tão bíblico quanto os nomes de meus
filhos, embora meus dois rebentos apareçam mais vezes que eu nas Sagradas
Escrituras.
A propósito, pai de santo (não confundir com a autoridade da Umbanda), e
no meu caso de dois santos, deveria com toda justiça ser tratado como santo
também. No entanto, milhões pessoas se chamam João e outras milhões são
batizadas como Tiago. Mas por acaso alguém conhece outro cristão, além de mim,
que se chame Zebedeu?
Uma explicação para essa repulsa
talvez esteja no fato de que Zebedeu é quase um anagrama de Belzebu. Sim, é uma
hipótese. Assim como é provável que muitos desistam de criar xarás deste que
vos fala porque a criança seria a última a constar nas listas organizadas por
ordem alfabética - ficando à frente apenas de improváveis Zildas, Zoroastros e
Zulmiras. Outros podem alegar que o nome simplesmente é feio que dói, mesmo que
este seja um critério subjetivo.
É bom lembrar ainda o desserviço
que prestam alguns dicionários, ao definirem "Zebedeu" como burro,
palerma ou abestalhado, disseminando mais e mais a maldição zebedêutica. Oh,
Senhor dos Aflitos, o que será que fiz de errado para merecer tanta e tão
injusta humilhação? Mais triste ainda é ver aqueles que recebem meu nome como
apelido infame, muitas vezes horrivelmente grafado como "Zé Bedeu".
Também já me impuseram a vergonha de associar minha sagrada pessoa a grupos de
forró, blocos carnavalescos e duplas sertanejas de mal afamado repertório, o
que é ainda mais grave e ultrajante para quem sempre andou na linha enquanto
esteve na Terra.
Fosse meu nome mais bonito,
certamente a Igreja há séculos já teria me canonizado. Mas não, fui sendo posto
de lado e vendo, com indignação, gente bem menos santa sendo elevada à
santosfera sem maiores embaraços teológicos ou burocráticos.
Chega, é hora de reabilitar
minha moral na praça, custe o que custar! Para isso, deixo desde já bem clara a
minha intenção de abençoar pessoalmente e proteger cada passo da vida do
sujeito que batizarem com meu nome. Será coberto de bem-aventuranças e terá
minha intercessão exclusiva em favor dele junto à alta corte celeste. Isso eu
juro, ou não me chamo Zebedeu.
Marcelo Sguassábia
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