Imaturidade anos 60
Era um namoro típico dos anos 60. Parecia
muito certinho. Mas não era. A menina tinha a cabeça cheia de sonhos, gostava de estar com amigos, de dançar. O rapaz
era ciumento e sempre estavam sozinhos, nunca se divertindo em grupo de amigos. Ela
não se sentia à vontade ao lado dele, e quando estavam juntos deixava que ele falasse mais e ditasse as
regras. Ela não lhe falava dos seus sonhos tão distantes daquele lugar em
que viviam e daquela vida tão previsível. Gostava de passar férias
no Rio, cidade que a fascinava e adorava o mar e a praia. Sabia que não seria
assim de repente, num estalar de dedos, que tudo poderia mudar, mas sabia também
que não havia nascido para viver sempre ali sem progressos, surpresas e chances
de crescer. Às vezes ficava agoniada com aquele situação! Havia
momentos em que ela até achava que o namoro podia dar certo. Gostava dele e da sua companhia para ir ao cinema, dar umas
voltas pela cidade, ainda mais sabendo que muitas meninas gostariam de estar em
seu lugar... pois afinal, não havia muitos rapazes disponíveis. E adiava o fim.
Ou às vezes falava que não queria mais e não explicava muito o porquê, que nem
ela sabia direito, e ele voltava para outro encontro como se ela não houvesse
dito nada. Ah, essa insistência! Deixava tudo mais difícil. Como teria coragem de
repetir aquelas palavras tão difíceis
de serem arrancadas lá de dentro? E havia a amizade dele com sua
família, o quanto ele era educado e gentil, não queria magoá-lo. Nem com suas
amigas ou irmãs falava como se sentia e chegava a se angustiar sem
entender. Só podia ser mesmo muito tola
e emocionalmente muito frágil para viver aquela, como que submissão psicológica,
da qual não conseguia falar e muito menos se libertar.
Uma ajuda caiu do céu
para auxiliar a difícil decisão. Ele teve de se mudar para outra cidade. Ainda
houve troca de cartas, uma certa saudade, mas à
distância ficou mais fácil para os dois verem a realidade, conviverem com outras pessoas,
amadurecerem para outros relacionamentos
até mesmo para o amor.
Um primeiro namoro,
principalmente naquela época, podia até chegar ao casamento, sem maturidade
emocional e sem se conhecerem e a outras pessoas. Certamente com grande
chance de se decepcionarem.
Assim cada qual seguiu
sua vida, levando muitas lembranças daquele tempo de convivência de uma fase bela e única apesar dos sentimentos conflitantes.
Martha Tavares Pezzini
Nota: Fotos apenas ilustrativas da época
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