quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Presença - Mario Quintana


Presença
 
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mario Quintana

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Felicidade Maior - Martha Tavares Pezzini

                   
                                  Felicidade  Maior

     Quando somos adolescentes todo mundo quer saber se temos namorado; se já namoramos por um tempo, perguntam quando vamos nos casar; se já somos casados querem saber quando virá o bebê... e  por aí vai.
      Depois de vencer todas essas etapas, com os filhos adultos e alguns casados, o que por sinal não faz muita diferença, todos, a começar por mim, querem saber onde estão meus netos. E nada. Nenhum sinal no horizonte familiar acenava para a perpetuação da nossa família.  Pensava que teria de adotar um neto. Mas como, se para ser meu neto ele teria que ser primeiro adotado por um dos meus filhos? Não tinha saída. Nosso nome estava condenado à extinção.
      De repente surge a luz no fundo do túnel: meu filho e minha nora decidiram que o momento chegara. A qualquer hora poderia receber a boa nova.
       Coincidentemente estava presente no dia em que a felicidade se instalaria em toda a família com um simples teste, daqueles de farmácia. Esperar amanhã? Nem pensar! Vamos colocar o bastãozinho no líquido próprio, agora mesmo e assistir o resultado, chocando o material com quatro olhos: da mãe e da avó. A alegria já começou com uma leve tonalidade no bastão que foi confirmada pelo exame correto, feito depois. E meu neto estava à caminho! Telefone e e-mail  pra todo mundo!  A família será perpetuada e o amor está no ar!
   Foram nove meses de expectativa e muitos sonhos, acordados  ou  dormindo. Minha filha sonhava que ele tinha cabelos encaracolados,  outra, que ele já estava falando... Eu já sonhava tanto acordada que dormindo não sonhei.
     Hoje com dois meses, é o bebê mais paparicado e babado do planeta. Claro que achamos o mais lindo, como toda família acha que é o seu... Cada vez que olho sua foto meu coração vira uma gelatina e tudo que mais quero é pegá-lo e vê-lo de perto. Meu consolo é a sessão de web can quase todas as noites onde cada movimento ou som que venha do grande artista é recebido com mil gritinhos e comentários do fã clube.
       O amor e a  felicidade está no coração e na cara de toda a família.  
     A cada momento agradeço a Deus tamanha alegria e peço  que cubra de bênçãos essa família; que esse menino tão precioso quanto abençoado cresça  espalhando sempre tamanha felicidade a todos em sua volta!
       Martha Tavares Pezzini


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sábado, 3 de setembro de 2011

Quem disse que beleza não é poesia?

                       

                       Mineiras pelo Mundo

    Entre as mineiras que têm levado o nome do Brasil e de Minas pelo mundo a fora, destacamos Liliane Ferrarezi. Sua carreira teve início em 2002, aos 14 anos, ao vencer a etapa brasileira do concurso Supermodel  Brasil, da Ford Models.  Na etapa mundial, perdeu por uma alemã e ficou em  segundo lugar. 
Em 2003 estava na rota Nova York, Milão e Paris requisitada para desfiles e editoriais de moda.
Foi eleita pela Vogue, em 2004, a 8ª top mais bonita do mundo.
Desejamos  cada vez mais sucesso para essa linda mineirinha!
 Justificando a postagem nesse blog:  uma festa para os olhos, sua foto.  
    Quem disse que beleza não é poesia?


Martha Tavares Pezzini


Confiram a postagem  de  11 de agosto de 2011 onde está citada a família Ferrarezi  (avós, tios  e bisavós) da modelo e que viveram na rua onde cresci, em São Pedro dos Ferros. http://marthatavaresspf.blogspot.com/2011/08/uma-rua.html




                                        Liliane Ferrarezi
                                        Foto do blog oficial da modelo
                                  (http://liliane-ferrarezi.blogspot.com/p/perfil.html)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas Gerais

 Esse é imperdível!

Tem início hoje, na Serraria Souza Pinto, Av. Assis Chateaubriand, 809, Centro, Belo Horizonte, o Salão do Livro Infantil e Juvenil de Minas Gerais. Programação variada: palestras, debates, lançamento de livros, conversas com escritores, exibição de filmes e apresentação de peças.

Com encerramento no dia 11 de setembro estará aberto de segunda a sexta de 9h às 21h. Feriados, sábados e domingos, das 10h às 21h. Entrada franca.


Martha Tavares Pezzini 
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Savassando - Martha Tavares Pezzini

                               Savassando

     Manhã luminosa, quase  setembro,  ensolarada, convidando a sair para saborear a vida. Levanto, tomo meu café e me preparo para uma caminhada. Atravesso a Contorno, desço pela Cristóvão Colombo e vou até à Praça da Liberdade. Algumas voltas na praça e me sento para curtir a beleza do lugar. A arquitetura, os jardins, a fonte, tudo enche meus olhos mas o que mais me encanta é a aléia de palmeiras imperiais.  Fico pensando que não pode haver nada mais agradável do que aquele momento e ainda me surpreendo com alguém que se senta junto e puxa conversa. Bem mineiro esse costume e muito meu, como fiel seguidora das mineirices. O comentário atual é a obra de reforma da Savassi que está deixando o povo ouriçado com a demora, que traz transtorno para transeuntes, tráfego e comércio. O ideal seria que se acelerassem os trabalhos para concluir logo, mas parece que as mudanças são mais complexas do que pensamos. Aguardemos a conclusão que certamente compensará os dissabores .
     Na volta, ainda tenho tempo e paro numa loja de lingerie. A proprietária muito simpática conversa comigo e parece que já nos conhecemos. Eis que, senão quando, nada mais que de repente, ela diz : - Você me lembra alguém de Caratinga! - Penso: está chegando perto! Sou da região.
     Mais um pouco de conversa e descobrimos que conhecemos várias pessoas em comum. E comento que ela também se parece com as mulheres da família Martins, da minha cidade. Claro, são parentes. E os conhecimentos vão surgindo. Prometo que da próxima vez, levarei meu livro de genealogia que ela quer mostrar a uma freira da família. Nos despedimos, amigas. Da Savassi.


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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eliane Accioly Fonseca

Eliane Accioly Fonseca, poeta e terapeuta. Psicanalista, educadora somática-existencial, pesquisadora e ensaísta. Mestre em Psicologia Clínica e doutora em Comunicação e Semiótica, PUC São Paulo.

Parecerista da Revista de Psicologia Perfil, da UNESP, Campus de Assis. Há duas décadas investiga as diferenças e convergências, encontros e discrepâncias entre os ofícios poético e terapêutico, práticas cotidianas, cartografando fronteiras entre a clínica e a arte.

Livros publicados:
·         Histórias de Ventania. São Paulo, Massao Ohno, São Paulo, 1990.
·         Trapeiro de sonho. Coleção Almanaque de Minas, Mulheres Emergentes Ed.Alternativas, MCMXCVII, Belo Horizonte, 1997.
·         A palavra in-sensata, poesia e psicanálise. São Paulo, Escuta, 1993.
·         Corpo-de-sonho, arte e psicanálise. Annablume. São Paulo, 1999.
·         Poemas na Arena. Mulheres Emergentes Ed.Alternativas, Belo Horizonte, 2001.
·         Terra e Tear. In Setevozes, São Paulo, Ed. Do Escritor, 1998
·         "As Interfaces de Helena Armond". In: Armond, H., Em Busca do Elo Perdido. São Paulo, Escrituras, 2000.

 
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Antagonismo de Épocas - Martha Tavares Pezzini


                                ANTAGONISMO DE ÉPOCAS

                                                       Era como se o tempo movimentasse
                                                                                          lenta e cuidadosamente,
                                                                                          preguiçoso,
                                                                                         com medo de nos incomodar.

      Vivemos sobrecarregados de novidades, acontecimentos noticiados no mesmo momento em que ocorrem Se passamos um dia sem acompanhar  a TV ou a Net, somos surpreendidos por uma vasta gama de acontecimentos surpreendentes e nos sentimos desatualizados
     Gosto de lembrar, nessas horas, o que era a vida na minha cidade, São Pedro dos Ferros, nos tempos de menina. Cidadezinha lá na Zona da Mata de Minas Gerais, encravada entre morros, com um grande cruzeiro iluminando as noites. Nesse cenário de tranqüilidade, os dias transcorriam lentamente e pareciam ter mais horas do que as vinte e quatro, marcadas o inverso do que acontece hoje. Era como se o tempo movimentasse lenta e cuidadosamente, preguiçoso, com medo de nos incomodar.
     Seus moradores podiam ser citados um por um, ou quase. Os casos que surgiam nas conversas tinham sempre nomes e endereços. Mesmo sendo criança sabia localizar e nomear grande parte de seus habitantes pois como não havia telefone, as crianças sempre levavam e traziam os  recados  que fossem necessários.
      A principal diversão era o cinema. A maioria dos filmes era o que hoje chamamos filme B. Faroeste, comédias, capa e espada e dramas que faziam chorar até as pedras. Assistíamos a todos pois não havia opções na escolha. A segunda opção era  o footing, onde as moças e rapazes conversavam passeando pra lá e pra cá num determinado trecho da Rua Direita. Nesse vai e vem, surgiam muitos namoros,  e devia ser mesmo esse o objetivo do interminável desfile.    
Toda a população com raras exceções, freqüentava todas as cerimônias religiosas na igreja de São Pedro. Minha família ia sempre à missa das sete horas, aos domingos. Como fazia frio! Levantávamos trocando de roupa, tremendo e saíamos correndo para não perder a hora. O café ficava para a volta com toda a família reunida, muita conversa e animação colocando em pauta os acontecimentos da semana. O domingo era mesmo dia de descanso e relax. Sem a preocupação de ter um programa para fazer, um lugar para ir
     Aos poucos foram proliferando os rádios que na minha casa demorou um pouco e não me lembro quando chegou. Mas foi um avanço, saber coisas acontecidas fora daquele pequeno círculo. O Repórter Esso era aguardado como fonte de informação em que todos confiavam. Havia um programa Seu criado, obrigado,  que esclarecia suas dúvidas sobre  várias matérias e do qual participei várias vezes fazendo perguntas.  Era a famosa Era do Rádio.
    Quem nasceu há 50 ou 60 anos não consegue imaginar esse contraste de vida. Como  o menino que perguntou:  “se não tinha TV, para onde vocês ficavam olhando?”



          


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