sexta-feira, 31 de maio de 2013

Mosaico - Martha Tavares Pezzini




Shoping Pátio Savassi

Fonte - Savassi










 Mosaico





 Pensando em alegrias e decepções sabemos que não há como vivermos somente com a primeira.  Quando desfrutamos momentos alegres  devemos mergulhar pra valer, como  numa deliciosa piscina de água cristalina , e desse banho sairmos de alma lavada, renovados, abastecidos . Pode  ser que de um "mergulho" desses, guardemos de lembrança uma costela quebrada, ou quase, em conseqüência de um super abraço de um irmão querido, como me ocorreu na última reunião familiar...

Sou ótima para iniciar e disparar um bate papo. Falo até mais do que deveria. Mas diante da folha em branco me sinto meio que frustrada. Até surgir o pensamento e teclar a primeira idéia. Mas nas filas, por aí  é fácil rolar papos e, sempre acontecem debates. Se o ítem debatido é preço, é bom para se ter uma dica de onde o preço é  menor; No Banco, alguém sempre comenta “que já teve problemas no banco tal e que  o melhor atendimento é naquele outro” e por aí vai de acordo com a experiência de cada um. Melhor não citar nossas desventuras com tais estabelecimentos...
 
Joaquim Barbosa já é o herói nacional de todo mundo que pensa. Sugere-se segurança para ele, já que cumpriu seu dever  e mostrou caráter. É assim nossa democracia. Outros já lançam sua candidatura como futuro  Presidente do Brasil. Esse, sim é um exemplo de vencer pelo esforço e capacidade.  Outra que serve de exemplo é a Marina Silva. Fica aqui registrada minha admiração pela Marina e por todos que ralaram lutaram e venceram. Ao contrário daqueles  que alardeiam o passado de pobreza   como se isso justificasse  buscar  o vencer à custa de maracutaias... ou de esmolas do dinheiro público que não decidem o futuro de ninguém.

E a Savassi, como vai?  Sem reclamações  sobre o longo período das obras, está bem agradável , as travessias espaçosas e bloquetadas, o agradável som das águas das fontes, bancos para descanso   livrarias com cafés nas calçadas e praças. Ficou mais gostoso savassar( verbo criado por mim – ver http://marthatavaresspf.blogspot.com.br/2011/08/savassando-martha-tavares-pezzini.html#links). Mas falta muito.  Como moradora, fico estarrecida ao ver tanto lixo e detritos de animais. E a calçada da grande empresa que é a Drogaria Araujo, na rua Lavras, está sempre suja de restos do lixo que caem  quando é feito a coleta. No quarteirão do conceituado Pátio Savassi... Moradores de rua dormindo pelas calçadas , essa a situação mais delicada .Não sei qual seria a solução mas algo precisa ser feito. É um paradoxo  falar do “charme” da Savassi,  citá -la como  ponto a ser visitado, e os visitantes encontrarem  esse cenário na mesma calçada do  já citado Shoping Pátio Savassi!

 MTP



 Feira Grátis da Gratidão

A Feira Grátis da Gratidão é uma feira em que as pessoas levam o que quiserem ou nada e pegam o que quiserem ou nada. Essa feira tem acontecido cada vez mais em várias cidades no mundo e o que faz com que ela dê certo é a confiança, entrega, gratidão e o amor. Dar por dar,... por se sentir abundante, sem esperar nada em troca. Quando se quer e agradece o que se tem, então se tem o que se quer e se é feliz.

- O que dar?

- Coisas: roupas, cds, brinquedos, livros, etc. Refletir sobre se eu preciso disso. Ou será que outra pessoa pode precisar disso mais do que eu? O importante é desejar que o destino daquele objeto seja o melhor para a outra pessoa.

- Coisas não tão materiais: abraços, dança, música, esporte, risadas, poesias, desenhos, massagem, cafune, serviço de manicure. Aquilo que souber fazer e quiser compartilhar o talento. Somos super heróis e temos muito a oferecer, mas muitas vezes não sabemos como.

- O que pegar?
Pegue aquilo que desejar!

Importante: Também se não souber o que dar ou não tiver nenhuma coisa, tudo bem. Você pode dar a oportunidade para alguém te dar algo.


 Para entender melhor o que é a feira ver esse vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=jXUBKSTbwR0

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Nova Acadêmica é de São Pedro dos Ferros!




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A escritora, Marilene Guzella Martins Lemos será empossada na Academia Municipalista de Minas Gerais - AMULMIG.  Cadeira 318, Patrono Luís Martins Vieira, representando a cidade de São Pedro dos Ferros.

Data: 11 de junho de 2013 às 16 horas.  Endereço: R Major Lopes, 680 - Bairro São Pedro - Belo Horizonte

Se você é ferrense e quer comparecer à solenidade para cumprimentar Marilene, use o tel. 3227 - 3443 para confirmar sua presença.

Abraço, Marilene, e votos de muito sucesso pela frente!

MTP
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Os poetas não devem ser levados a sério - Affonso Romanode Sant'Anna






"E se a poesia é dispensável, porque há milhares de anos milhões de pessoas a praticam, e agora ela chegou airosamente também à Internet?"



Affonso Romano de Sant'Anna

Os poetas não devem ser levados a sério



 
Enquanto escuto o último tiroteio na favela ao lado, recebo de Alberto Dines, que criou na Internet o vigilante "Observatório da Imprensa", um artigo publicado no "The Economist", de Londres, intitulado "Injustiça poética"; um artigo tão instigante que Daniel Piza o republicou na seção de cultura da "Gazeta Mercantil". Vejam só: "The Economist" e a "Gazeta", jornais voltados para a política econômica, falando de economia poética.
O autor anônimo daquele ensaio fala de um paradoxo: ao mesmo tempo em que, de um lado, parece haver um desprestígio editorial e mercadológico dos poetas, por outro lado, "Len Fulton, da Dustbooks, que publica a 'Small Press Review', recebe livros de 300 novas pequenas editoras e outras 300 novas revistas todos os meses. Muitas pequenas editoras não sobrevivem por muito tempo. Mas mais de 1.400 revistas e 800 pequenas editoras duram o tempo suficiente para chegar ao 'Catálogo de Editoras de Poesia' bienal de Fulton.".
Nota-se que quadruplicou o número de cursos de criação literária nos Estados Unidos. Hoje são 285 universidades com 11 mil estudantes nessa área, a metade dedicada à poesia. Há mais de 200 festivais de poesia de cowboys nos Estados Unidos e viraram moda, recentemente, uns torneios poéticos onde dois poetas se desafiam, em nove rounds, lendo um poema cada um, até o confronto de um poema improvisado no final. Quem ganha leva um cinturão de peso-pesado, como nas lutas de boxes. E as pessoas pagam até US$ 20 para assistir a esse pugilato poético.
Vejam que coincidência. E quando as coincidências começam a coincidir muito deixam de ser simples coincidência para serem sintomas. Isto tanto com os tiroteios quanto com a poesia. Nesses dias recebi de Alberto Carvalho - um intelectual finíssimo lá de Aracaju, que tem coleções de revistas raras como a "Senhor" e que adquire qualquer livro bom que surja em qualquer parte - recebi, repito, um CD intitulado "A voz, o poema", com obras de 35 poetas sergipanos. Sim, senhores, de Sergipe. E embora em matéria de Nordeste, como Chirac e Reagan, que trocam o presidente do Brasil pelos do México e da Bolívia, troquemos Aracaju por Maceió ou Natal, eu lhes garanto: a poesia está viva e muito bem, lá em Sergipe.
Estou no meu escritório, diante do crepúsculo. Já escutei o tiroteio das cinco e, antes que comece o tiroteio da sete na favela ao lado, deixo fluir verdades na boca da noite e começo a ouvir vozes desse CD de poesias que me veio de Sergipe. Uma diz: "Um louco colhe amoras amarelas na varanda do hospício antes que um guarda com boca de dragão descerre a cortina da noite".
Quantas mulheres neste disco! Que bom! Uma delas revela que, enquanto preparava a comida da família, "só tia Ester sabia pôr compressas na própria dor". E outra voz de homem acrescenta: "Quando o dia chegou, com suas aves peraltas na lapela, a cidade sorriu acanhada, dois poetas marrons assoaram o nariz". Mas o poema termina com essa frase irônica e problemática: "Os poetas não devem ser levados a sério".
Se não devem ser levados a sério, por que "The Economist" e a "Gazeta Mercantil" estão preocupados com a poesia? E se a poesia é dispensável, porque há milhares de anos milhões de pessoas a praticam, e agora ela chegou airosamente também à Internet?
Alguns de vocês já ouviram falar de Soares Feitosa. Com uma pertinácia rara, alheio às convenções dos grupinhos literários, ele está colocando na Internet não só a poesia de poetas vivos, mas todo Camões, Augusto dos Anjos e outros tantos, e está fazendo sozinho o que entidades governamentais e universidades não fazem.
No artigo do "The Economist", no entanto, faltou analisar isto: a invasão da Internet por parte dos poetas. Estão eles passando por cima das editoras e livrarias, unindo o que há de mais primitivo e tribal ao que há de mais avançado tecnologicamente.
Há um mistério com a poesia, vocês sabem. E quando havia no país não só menos tiroteio, mas menos cronistas e mais crônica, Rubem Braga fez uma intitulada "O mistério da poesia", tentando entender por que o verso do colombiano Aurélio Arturo, "Trabajar era bueno en el sur, cortar los arboles, hacer canoas de los troncos", não lhe saía da cabeça e de onde vinha a sua poesia.
Em 1962 - quando 99% de vocês não haviam nascido, publiquei, como estudante, meu primeiro livrinho, "O desemprego do poeta" - que tinha tudo a ver com o que se disse antes. Lá anotava uma frase de João Cabral, nos anos 40, que dizia que os poetas deveriam se utilizar da tecnologia da época: o rádio. Infelizmente ele não a utilizou. Depois veio a televisão. De minha parte, experimentei o rádio e a TV, sobretudo quando Dilea Frate e Alice Maria ousadamente me aliciaram para tal. Hoje o CD e a Internet são dois instrumentos que caíram nas mãos dos poetas. Acabo de receber uma antologia de poetas de Maui - uma daquelas ilhas perdidas no Pacífico - e, de Juiz de Fora, Iacyr Freitas promete-me um CD. De Brasília, chega-me uma nova e promissora revista dedicada à tradução de poetas estrangeiros e divulgação de brasileiros, "Gargula".
Entrementes, ouço formidáveis tiroteios na favela ao lado. Há uma semana que não nos deixam dormir e saímos à rua com a alma agachada, humilhados. Minha vizinha mostra-me a bala que caiu no seu quarto depois de varar a esquadria de alumínio e ricochetear pelas paredes fazendo buracos e quebrando quadros.
E do disco de poesia saí uma voz que diz: "Um dia adormeci cansado de tudo, quando acordei, Deus e o circo não estavam mais na minha cidade.".