quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Soneto - Martha Tavares Pezzini






Soneto
Martha Tavares Pezzini


Venho de um lugar onde os montes são
Cobertos por um verde aveludado
Trago transbordante o coração,
Para doar a quem tenho encontrado

Lá  onde a vida transcorria calma
E tempo não faltava pra sonhar,
A esperança e a fé nutriam a alma,
Quem não viveu não pode acreditar.

As agruras do hoje que vivemos
Total inverso da serenidade
Dum tempo de sossego que tivemos

Se impossível nos é o retornar
Que saibamos a vida levar bem
Com paz e Amor pra tudo transformar





sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A Janela - Martha Tavares Pezzini



Uma janela

Devo esclarecer antes de tudo que não se trata de espionagem do prédio vizinho. Nada a ver, também, com o clássico do cinema, Janela Indiscreta, do Hitchcock.
Da janela do meu apartamento, décimo andar sou muitas vezes, testemunha involuntária de cenas e consequentemente meu imaginário delineia histórias, a partir delas. O lavador de carros, o Chico, pessoa simpática e tranquila, tem nome e endereço certo. Anda empencado de chaves dos carros dos moradores e de outros. Sua caminhonete estaciona cedo e ele passa o dia aqui. Tem também o flanelinha, pessoas que sempre passam no mesmo horário, mães arrastando mochilas e crianças, indo para a escola.
Às vezes ao olhar as janelas em frente, com luzes, TV ligada, ou apenas penumbra, penso nas vidas que cada espaço abriga. O aconchego do lar. Pessoas indo e vindo. A prazer de viver em uma família onde se divide as alegrias e os dissabores. Momentos inesquecíveis e que um dia perdemos.
Em tempos de solidão a que estão sujeitas as pessoas idosas é muito bom ver famílias dando apoio e companhia a alguém nesta situação. Posso ver quase todas as noites uma roda de baralho em torno de uma mãe ou avó. Emociono-me, sem poder evitar a lembrança daqueles que estão longe de receber esse carinho tão imprescindível à sua vida nesta fase difícil e carente.
MTP

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Carnaval - Martha Tavares Pezzini



  Carnaval
  Martha Tavares Pezzini

  Muitos pensam que o carnaval é uma festa puramente brasileira. Mesmo não sendo, parece ter sido criada        para nós. Tem tudo a ver com a alegria do brasileiro. Vamos ver alguns dados da história desta festa.
“O carnaval teve origem em várias comemorações realizadas na Antiguidade por povos como os egípcios, hebreus, gregos e romanos. Esses festejos pagãos serviam para celebrar grandes colheitas e principalmente louvar divindades. É provável que as mais importantes festas ancestrais do Carnaval tenham sido as “saturnais”, realizadas na Roma antiga em exaltação a Saturno, deus da agricultura. Na época dessa celebração, as escolas fechavam, os escravos eram soltos e os romanos dançavam pelas ruas.” Cíntia Cristina da Silva.
 Precedendo os carros alegóricos de agora, desfilavam também pelas ruas, o carrum navalis com formato semelhante a navios. Esta pode ser considerada uma das origens da palavra “carnaval”. Houve um tempo em que o carnaval, era a externação da pura alegria. Não havia necessidade de bebidas alcoólicas. Principalmente entre os jovens. A motivação era natural. Mas o embalo do lança perfume estava presente. Não experimentei, mas via o resultado: pessoas apagando e caindo após aspirarem. Não achava graça, pelo contrário. O perfume sim, era delicioso, sem os apagões e os tombos. As músicas, sempre renovadas, continham temas românticos, amores impossíveis, tipo Pierrot, Colombina, Arlequim, ou eram jocosas com os assuntos da atualidade do mundo e locais. Não podiam faltar também, aquelas músicas consagradas e eternas de outros carnavais, tocadas até hoje. A euforia era contagiante. Bastava entrar no salão. Sim, o carnaval era no salão. “Quanto riso, oh quanta alegria,/ mais de mil palhaços no salão / Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, / no meio da multidão...”
As fantasias sempre mexeram com o imaginário de cada um e até hoje se repetem. Homem travestido de mulher sempre esteve presente, quase sempre em blocos. A festa propicia “ um espaço de inversão, em que se busca ser exatamente o que não se é no resto do ano”, como diz a filóloga Rachel Valença, diretora do Centro de Pesquisas da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio.
A fase das Escolas de Samba na Marquês de Sapucai, me pegou uma época. Assistia até dormir. O ritmo das baterias é contagiante e quase faz uma estátua se mexer.


Que nosso povo se esqueça por algumas horas, as decepções, o aviltamento e ludíbrio a que são submetidos por seus mandatários durante todo o resto do ano.
Feliz carnaval!
MTP

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Guarapari - Martha Tavares Pezzini



            Guarapari

       “ Ninguém poderá sonhar,
          Nem viver o que eu vivi,
          Longe dessa maravilha
          Que se chama Guarapari!”

     A festa começa quando entramos no Estado do Espírito Santo. Eu que amo montanhas deixo as de Minas e me deleito com as capixabas. O tempo todo estou olhando para cima. São lindas. A pedra Azul, a gente passa ainda na estrada e nem sei se é mineira ou capixaba, parece que está sendo escalada por um enorme réptil. E para quem passar por Cachoeiro do Itapemirim verá a beleza encenada pela pedra do “Frade e a Freira”
       Chegando  em Guarapari só pensamos em descansar para pegar praia no dia seguinte. Afinal não temos mar...
 Manhã toda feita de  luz e cor, perfeito capricho do Criador, festa preparada para nosso deleite. Acordo ouvindo o som das ondas batendo nas pedras e o retorno das águas após deixar na praia, conchas e  algas. Como se Netuno regesse uma sinfonia eterna com os mais puros acordes e o  mar, majestoso gigante cumprisse seu destino de traze-la até nós com seu incansável movimento.
Abro a janela.   Sons e imagens de um cenário de rara beleza invadem meus sentidos. O sol subindo do horizonte, parece  um medalhão de fogo suspenso  por corrente invisível, espalhando  profusamente todo  o seu esplendor  pela imensidão prata-verde-azul-lilás das águas.  Núvens contornadas de fogo passeiam devagar, levadas pelo suave sopro da brisa marinha, enquanto outras parecem  incendiadas, como se fossem explodir.
    Pego um chapéu, minha câmera e saio para um passeio pela Praia das Castanheiras.  Deslumbrada e inebriada pelo delicioso ar marítmo, ando, descalça, pisando a  areia molhada  sentindo o prazer da sua massagem nos meus  pés a cada passo... Vou parando para catar conchinhas que sempre me encantam  pelas cores, formas e tamanhos,  nacaradas ou não. Cada uma é um tesouro único. Selecionadas, serão transformadas em colares e pulseiras.
     Nada a pensar,  absorta na plenitude daquele momento, apenas saboreando a vida imersa em energia e encantamento.. Se o vento soprar um pouco mais creio que flutuo como uma pluma, tão leve e solta me sinto, partícula intrínseca da natureza.     
     Depois da caça ao tesouro, caminho mais um pouco sentindo o calor do sol e a carícia da brisa. Chego a pensar que há uma cumplicidade entre o sol e o vento. Um  a nos queimar e a outra a  soprar amenizando o ardor...
    Paro  para tomar  água de côco, delicia refrescante e revigorante entre tantas dádivas do Criador aqui reunidas.  Peroá assado. Resistir, quem há de? E o bolinho de mandioca da
   Ando um pouco mais,  minha Rolley  registrando tudo. Momentos gravados na câmera  e nas retinas.
      Viver longe do mar é nostálgico. Por isso temos necessidade de voltar sempre e deixar para trás a rotina, preocupações e  neuras
Um retorno  à mágia e o encantamento  perto do mar.