Meus Três Enigmas
Affonso Romano de Sant’Ana
Tenho pouco tempo
para resolver três enigmas que me restam.
Os demais
ou não resolvi
ou resolveram
me abandonar
exaustos de mim.
São de algum modo obedientes.
Só ganham vida
se os convoco.
Isto me dá a estranha sensação
que os controlo.
Complacentes
me olham
do canto de sua jaula.
Enigma que se preza
não se entrega
nem se apressa em estraçalhar
o outro com fúria de fera.
No entardecer
os três enigmas sobrantes
me espreitam
soberanos.
Às vezes, mesmo arredios
aceitam meus afagos.
Na dúbia luz da madrugada
parecem desvendáveis.
O dia revem,
Eles me olham (penalizados)
e começam
(de novo)
- a me devorar.
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