O título já não cumpre o protocolo exato como no início. Abriu-se à Literatura e outras formas de Cultura
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Sobre Livros e Autores: Fevereiro - Geraldo Roberto da Silva
Sobre Livros e Autores: Fevereiro - Geraldo Roberto da Silva: Geraldo Roberto da Silva é artista plástico, diretor de teatro, professor universitário. Vamos conhecer sua faceta de escritor. Trata-se...
Sobre Livros e Autores: Sobre Livros e Autores: Segundo Neto - Martha Tava...
Sobre Livros e Autores: Sobre Livros e Autores: Segundo Neto - Martha Tava...: Sobre Livros e Autores: Segundo Neto - Martha Tavares Pezzini : Segundo Neto Olho o passado e me parece estar vivendo tudo de n...
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Fevereiro - Geraldo Roberto da Silva
Geraldo Roberto da Silva é artista plástico, diretor de teatro, professor universitário. Vamos conhecer sua faceta de escritor. Trata-se de um conto: Fevereiro - que constará de um livro a ser lançado em breve.
FEVEREIRO
26 de fevereiro (de manhã):
Pouca
gente no enterro. Quem, porventura, sentiu a falta de Rosângela compreendeu.
Deu razão.
No
céu – azul sem nuvens – daquela manhã no cemitério, uma gaivota sem bússola fez
voltas e voltas, sem saber que rumo tomar. Decidiu-se pelo norte. Pelos seus
olhos, vendo de cima, a estrada negra e longa de asfalto parecia um novelo
desenrolando-se, sem ter fim. É provável que a extensão do alcance de sua vista
pudesse perceber, lá de cima, em algum instante do seu caminho, um carro
Brasília verde, indo também naquela direção. Norte.
25 de fevereiro (9 horas da manhã):
Quando
Vicente Menezes torceu a direção para a direita, pisou no acelerador e deixou
que o ônibus esmagasse a multidão na calçada, deve ter se sentido como um homem
que pisava, revoltado, as flores delicadas de um canteiro. Quem pudesse contar
diria que, minutos antes, parado no sinal, ele olhava para a rua em frente, com
os olhos perdidos de alguém que estivesse em transe. Quem pudesse
saber diria que ele fechou os olhos e arremeteu o veículo, com o mesmo estado
de embriaguez mental com que um louco gira o tambor e aciona a esmo, o gatilho
numa roleta russa. Outros talvez dissessem que ele o fez gritando e com os
olhos esbugalhados de um possuído. Seriam versões. Meras versões de um fato. O
que se lembra, e isso era certo, é que aquela manhã era uma das mais quentes de
fevereiro.
Os
vidros da loja não foram suficientes para deter a máquina desgovernada que
irrompeu calçada acima, debaixo de gritos, espanto e terror. Metade do ônibus
invadiu a loja. Entrou, sem pedir licença, derrubando manequins, embaraçando-se nos panos e
arrastando consigo um cheiro de corpos, de sangue e de pneu queimado.
A
quilômetros dali, naquele dia, naquela hora, Rosângela Menezes acordou
assustada do cochilo inquieto, no banco da frente da Brasília verde, ao lado de
Élton, que dirigia em busca de um horizonte novo.
“O
que foi?”, perguntou ele.
“Um
sonho ruim.”, ela respondeu.
“A
menina está agitada. Vê o que está acontecendo com ela”, disse ele, passando
por cima de todas as miragens que evaporavam do asfalto negro e sem despregar
os olhos da estrada interminável que tinha à sua frente. Fazia muito calor.
“Perdeu
o bico.”, respondeu Rosângela. Acomodou-a melhor, procurando tapar seu rostinho
com uma fralda, e tranqüilizou-se, quando ela fechou os olhos novamente e voltou
a dormir.
“Tente
dormir de novo. Ainda temos muito chão pela frente.” Élton falou para
Rosângela, tentando ser gentil, mas sem esconder a irritação com o calor e com
os buracos da estrada malcuidada.
“Não
consigo, Tou agoniada!”, Rosângela respondeu acendendo um cigarro e deixando
que seus olhos se perdessem na paisagem monótona de pastos e de vacas. No
imenso céu azul em frente, uma única e volumosa nuvem em forma de caramujo
lembrou-lhe dias esquecidos da infância, quando, para se distrair, adivinhava o
que as formas das nuvens queriam representar.
Rosângela
ligou o rádio do carro. Parou na estação preferida. O noticiário sucedeu uma
música e trouxe a notícia. Entre detalhes confusos e a voz nervosa do repórter
que cobria o fato, sobrou uma certeza: o ônibus era o 212. O ônibus de Vicente.
Não dizia quem e quantos morreram. A notícia atingiu Rosângela como um coice de
mula.
Élton
foi compreensivo. Fez o retorno e o caminho de volta. Rosângela não enxergou
mais nuvens, nem pastos verdes pontilhados de vacas. Chegaram no comecinho da
noite. O telefonema que ela havia dado do posto da polícia rodoviária para uma
vizinha da rua confirmara. Era Vicente. Não deu tempo à vizinha de falar se
Vicente havia morrido.
Foram
direto para a Santa Casa de Misericórdia. Élton ficou com a menina no carro e
Rosângela foi enfrentar os corredores frios. Espremidos nos corredores, os
parentes vítimas – as flores esmagadas do canteiro – choravam desesperados,
tentando inutilmente interpretar os azares do destino. Uma enfermeira deu a
notícia já sabida: “Vicente morto.”. Foi ao prédio contíguo, o IML. Outra
enfermeira lhe entregou o relógio e a carteira com os documentos. Amassado,
entre a sua foto e a da filha, o bilhete que ela deixara, antes de ir embora
com Élton. Não lhe deixaram ver o corpo naquele momento. Alguém a ajudou a se
sentar num banco e abriu as janelas para que ela respirasse ar puro. Um cheiro
de madressilva que o vento trouxe da rua ajudou-a a se recompor do choque.
Rosângela
respirou fundo e lembrou uma tarde distante, num domingo, no parque, quando
Vicente lhe comprou flores e andaram os dois, no lago, de pedalinho, como duas
crianças. Lembrou também seu choro de homem derrotado numa noite de outubro,
quando vendeu a casa para pagar uma dívida de jogo. Lembrou-se de quando beber
deixou de ser ocasional para ele, para ser uma fuga do desespero. Lembrou-se do
primeiro tapa...
Então
chorou forte. Chorou um choro tão forte e de tanta revolta, porque descobria
quão pouco espessas eram as cicatrizes que cobrem as feridas da alma. Pensou no
marido morto e não conseguiu evitar, para si, uma culpa indireta por tantas
vidas decepadas no desastre.
Um
cheiro forte de formol evadiu-se pelas frestas das portas. Sentiu uma leve
tontura. Quis ir embora, para longe. Teve forças ainda para localizar no
corredor o cunhado Walmir, que ouviu, compreensivo, pedir que ele tomasse as
providências para o enterro. Walmir, com a alma tonta pela perda do irmão, não
teve forças nem argumentos para cobrar qualquer coisa da cunhada.
Quando
Rosângela voltou ao carro, a menina estava acordada e brincava com Élton no
jardim. Tomou-a nos braços e pediu a Élton que as levasse embora, para onde ele
escolhesse, desde que fosse bem longe.
Recomeçaram
de novo a viagem. Élton retomou a mesma estrada, com o mesmo calor das horas
dos dias. A noite era tão quente, quanto.
Rosângela
sentiu, que, devagar, a opressão desafogava-se do seu peito, e passou a mostrar
à filha os vaga-lumes que acendiam luzinhas nas sombras da noite. Aos poucos,
preguiçosa, uma lua redonda e gigante, arrastando seu passo lento no céu, abriu
uma luz de cinema que clareou toda a estrada e pareceu lavar o imenso tapete de
asfalto que conduzia os três para uma vida nova.
26 de fevereiro (comecinho da
tarde)
A
Brasília verde, insistente e corajosa, engolindo o asfalto da estrada. Continua
o calor forte de fevereiro. Nenhuma nuvem no céu, nenhuma esperança de chuva.
Da janela do carro, no colo da mãe, encantada, uma garotinha olha no céu uma
gaivota branca, única presença estranha contaminando aquele azul.
GERALDO ROBERTO DA SILVA
Artista plástico e animador cultural
tel: 05392414491
e-mail: geraldoroberto@gmail.com
Artista plástico e animador cultural
tel: 05392414491
e-mail: geraldoroberto@gmail.com
Martha Tavares Pezzini
Sobre Livros e Autores
marthatavaresspf.blogspot.com
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Sobre Livros e Autores: Segundo Neto - Martha Tavares Pezzini
Sobre Livros e Autores: Segundo Neto - Martha Tavares Pezzini: Segundo Neto Olho o passado e me parece estar vivendo tudo de novo. Como se fosse hoje lembro todos os detalhes do nascimen...
Segundo Neto - Martha Tavares Pezzini
Segundo
Neto
Olho o
passado e me parece estar vivendo tudo de novo. Como se fosse hoje lembro todos
os detalhes do nascimento da minha primogênita. Nasceu com apenas dois quilos e
novecentos gramas e se desenvolveu tão
rápidamente que a avó Dota, dizia parecer “soprada por um canudinho”.
Era um lindo bebê e derretia os
corações, (como se todos os bebês não o fizessem)... Essa menininha cresceu inquieta e perscrutadora, aprontou todas e
usou todo o seu talento e criatividade e participando de tudo que esteve ao seu
alcance em casa e por onde passou, na pequena cidade de Matozinhos. O pai dizia que ela era “brava”, o nome
Valentina, lembrava valentia ...
De repente, ela vai ser mãe.
Fico desorientada com a
multiplicidade de sentimentos que me assaltam... Um desejo enorme de ver tudo
se repetindo... E ela, segura: vai ser um menino. Confirmado, nome escolhido –
o do pai, Erasmo (logo apelidado de Tremendinho ou Roterdinho), e para meu
espanto, muita tranqüilidade da mãe-braveza
afirmando que o bebê nasceria antes da hora. Não deu outra. No oitavo
mês meu segundo netinho, imprevisível, ou previsível como a mamãe, antecipou
sua entrada no mundo e em nossas vidas... O amor está no ar e em todas as caras
da família. Feliz, vejo minha filhinha, toda meiga e calma, completamente
apaixonada pelo seu pequenino.
O milagre
da vida e da maternidade me comove e encanta! Nasce pequenininho e super forte,
meu segundo neto, apesar de prematuro. Milagre maior ainda, é a medida sem
limite de amor e carinho que toma conta do meu coração.
Corações
de mães e avós têm um espaço mágico e são um manancial de amor e ternura. No
momento o meu está preenchido mas se chegar mais um, imediatamente seu lugar está garantido... Eric e Erasmo,
por enquanto, reinam absolutos: Pímpipe I e Pimpinho II.
Obs: Pímpipe = príncipe, nome dado por
Lígia, mãe do Eric; Pimpinho, herdado por Erasminho, pelo tamanho.
terça-feira, 10 de julho de 2012
Poema Inédito de Pedro Du Bois
FUTURO
Não havia
o traço esbranquiçado
rasgando
o firmamento, nem a britadeira
e o
caminhão misturando cimento e areia:
manualmente transportados
manualmente contados
manualmente colocados
blocos de
pedras
superpostos
sobrepostos
erguiam
paredes
em
pequenos arcos
de
telhados
sobre o
topo o homem
sonhava
traços de fumaça
cortando
o firmamento.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Geraldo Roberto da Silva
Geraldo Roberto da Silva é um grande artista plástico, professor, diretor de teatro e escritor. Radicado há algumas décadas no RS, tem suas raízes em Matozinhos, MG .
Está sendo homenageado pela Universidade do Rio Grande, no Prédio das Artes da FURG. A homenagem consta de uma exposição comemorativa dos seus 40 anos de profissão, do dia 12a 29 de junho de 2012.
Seus amigos e conterrâneos estão orgulhosos e compartilham sua alegria.
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