terça-feira, 31 de maio de 2011

O despetalar definitivo da "Última flor do Lácio..."


     O despetalar definitivo da "Última flor do Lácio..."
    
     Dr. Vicente Cascione

     Estamos cada vez mais a mercê de gênios que conduzem os companheiros para a ignorância institucionalizada. Professores para que?
E os pais, as demais autoridades, onde estão que não protestam?

     Percebi, desde o início de minha vida, quanto tempo perdi aprendendo a falar e a escrever a língua portuguesa em escolas onde entulhei meu cérebro com matemática, latim, história,
geografia, ciências, desenho, francês, inglês, espanhol, filosofia, física, química, biologia, e outras tantas inutilidades.
Não me deram o direito de aprender a utilizar a linguagem dos tambores e os sinais de fumaça, como um método eficiente e simples de comunicação com o mundo.
Os tempos mudaram, tarde demais para mim.
    A meninada de hoje, com a bênção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), recebeu a dádiva de um livro intitulado "Por uma Vida Melhor", da coleção "Viver, Aprender".
Esse livro ensina que o uso da linguagem popular é válido, portanto, correto. Cada qual fala e escreve como bem entender, ainda que a língua portuguesa seja estuprada. Não há mais certo, nem errado.
     Despetala-se definitivamente a "Última flor do Lácio..."
     Desse modo, num avanço estupendo e glorioso da civilização deste país tropical, de agora em diante nóis fala e escreve como nóis qué, e estamu cunversado, tá ligado ?  Num dos exemplu du livru, eles fala que tantu fais dizê: "nós pegamos o peixe e os meninos pegam o peixe", como: "nós pega o peixe e os menino pega o peixe". O argumento é que o artigo definido "os" referente aos "meninos" já dá a idéia de plural. Por isso o verbo "pega" (de os meninos pega) não atrapalha essa idéia.
Certíssimo!!! Ou melhor, quase !!!
     Dou, então, minha contribuição para esse certíssimo! superando a tacanhice dos deuses educacionais que partiram para a ignorância, digo, para a sapiência, para a sabedoria, para a erudição, mas que, em verdade, são apenas relativas.
Para haver sabedoria absoluta deve-se ir até o talo e liberar geral!
Cada um fale como bem entender (ainda que quem fala não entenda de coisa nenhuma) e escreva como quiser, e alcançaremos a plenitude do desentendimento geral.
Portanto, nobres e estultos (eles pensam que é elogio!) cientistas da língua, filólogos do mundo novo: tratai de ensinar o errado com perfeição, e de semear a cultura e o saber com a maestria exigível de maestros, mestres, professores e sábios de, tipo, uma geração típica de um tempo, tipo, típico deste admirável mundo novo.
Dou-lhes a dica, ó meus nobres e estultos (eles pensam que é elogio) comparsas da academia.
Nóis tem que falá, tipo, cumu si escrevi, sinão os manu num intende p... nenhuma, tipo, du qui nóis fala. Ta craru, ô tu tem dúvida ?
A língua deve ter, tipo, um frucso (fluxo seria pedantismo) pra num tê pobrema pra quem iscuta i teim quintendê, ta ligado ? 
    Ainda áchu qui (desculpem eu escrever "acho" com "ch", com "x",dá nu mesmu), ainda axu que devemos partir logo para os tambores, e para os sinais de fumaça, afinal uniremos o útil ao agradável. Falaremos, discursaremos, pregaremos, e ensinaremos batucando e sambando no pé, ou nos comunicaremos com a linguagem erudita da fumaça, até mesmo a dos pacaus e baganas fumegantes, do crack e do oxy oriundos das cracolandemias, obviamente se não chover a píncaros nos cântaros da glória, pois apaga-se o fogo e falta fumaça, tá ligado ? 

    "Criança, não verás país nenhum como este" profetizou, tipo, sem querer, o poeta Bilac.
Aliás, do jeito que, tipo, as coisas andam, logo, logo não verás, mesmo, país nenhum... Tá ligado?
      Este é um país de MEC ! 



Martha Tavares Pezzini
Sobre Livros e Autores
http://marthatavaresspf.blogspot.com/

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