segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pelas Ruas da Cidade - Martha Tavares Pezzini


                   Pelas Ruas da Cidade


    Caminho pelas ruas do meu bairro, entro em livrarias, olho vitrines.  Infinidade de sons, vozes, movimento. Tudo impessoal, apenas visual. De vez em quando, um rosto  lembra  alguém  perdido em minhas lembranças.
    Pessoas passam por mim, mas não temos nenhum vínculo. Nosso caminho se cruza geograficamente, casualmente e provavelmente nunca voltaremos a nos ver. Como figurantes de um filme, elas se vão apressadas, falando ao celular, marcando novos compromissos; algumas, com mais tempo, param atraídas pelas vitrines; moto boys tentando abrir caminho desesperadamente, entre os carros; jovens alegres, barulhentos, indo ou voltando das aulas, sempre em grupos; executivos elegantemente vestidos procuram um café; idosos, passos mais lentos e mais cuidadosos; entregadores de flores e de pizzas...
     São protagonistas e espectadores como eu, desse  palpitar de vida. Essa vida, presa a um tempo implacável, exigindo  um  acelerar  constante como se um buraco negro a sugasse.
   Esperam  ansiosamente  pelo  fim de semana, contam os dias e horas regressivamente, vislumbrando um  relax que  também  marca  um dia a menos nesse caminhar rumo ao inevitável desfecho da nossa humanidade, caminhada cada dia mais  difícil de desacelerar e administrar.
    Na pausa para o cafezinho e descanso, eu que nasci e cresci numa cidade pequena, onde a vida era lenta, calma e descomplicada, enquanto vejo o ininterrupto corre-corre,  fico a  pensar que nos falta, a nós, que vivemos na cidade grande, coragem de abrir mão  do que chamamos   progresso ou modernidade,  e pelo  qual pagamos um preço  muito alto: a qualidade da nossa vida.

    Martha Tavares Pezzini

 Um brinde à sensibilidade: Vida 






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