Pelas Ruas da Cidade
Caminho pelas ruas do meu bairro, entro em livrarias, olho vitrines. Infinidade de sons, vozes, movimento. Tudo impessoal, apenas visual. De vez em quando, um rosto lembra alguém perdido em minhas lembranças.
Pessoas passam por mim, mas não temos nenhum vínculo. Nosso caminho se cruza geograficamente, casualmente e provavelmente nunca voltaremos a nos ver. Como figurantes de um filme, elas se vão apressadas, falando ao celular, marcando novos compromissos; algumas, com mais tempo, param atraídas pelas vitrines; moto boys tentando abrir caminho desesperadamente, entre os carros; jovens alegres, barulhentos, indo ou voltando das aulas, sempre em grupos; executivos elegantemente vestidos procuram um café; idosos, passos mais lentos e mais cuidadosos; entregadores de flores e de pizzas...
São protagonistas e espectadores como eu, desse palpitar de vida. Essa vida, presa a um tempo implacável, exigindo um acelerar constante como se um buraco negro a sugasse.
Esperam ansiosamente pelo fim de semana, contam os dias e horas regressivamente, vislumbrando um relax que também marca um dia a menos nesse caminhar rumo ao inevitável desfecho da nossa humanidade, caminhada cada dia mais difícil de desacelerar e administrar.
Na pausa para o cafezinho e descanso, eu que nasci e cresci numa cidade pequena, onde a vida era lenta, calma e descomplicada, enquanto vejo o ininterrupto corre-corre, fico a pensar que nos falta, a nós, que vivemos na cidade grande, coragem de abrir mão do que chamamos progresso ou modernidade, e pelo qual pagamos um preço muito alto: a qualidade da nossa vida.
Martha Tavares Pezzini
Um brinde à sensibilidade: Vida
Martha Tavares Pezzini
Um brinde à sensibilidade: Vida
Que lindo, me deu a maior saudade da nossa terrinha.
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