quarta-feira, 30 de março de 2011

Paschoal Motta
UM PARDALZINHO NA CHUVA

Na chuva imprevista da uma da tarde, um pardalzinho (porque deve ser muito jovem) não se importa e nem contenta com os frios pingos caídos do céu e se refestela próximo dos “espirros” da água pluvial jorrada, de uma manilha no muro, no passeio quase defronte onde estou.

Voa rasteiro para espanejar a água das tenras penas até quase o meio da rua. Pardal, bicho atrevido desde pequeno. Escapuliu dos cuidados maternos e está mandando ver... concluo, também alegre com o bichinho. Curtimos a Natureza.
E volta e se molha nos esguinchos da água da manilha e corre até quase no meio do asfalto da rua, se sacudindo frenético. E eu de cá, roendo de inveja da liberdade no feliz.
Justo, um táxi surge do nada! Mais branco que meu susto. E o pardalzinho, de costas, se diverte, nem aí. E o carro veloz e o pardalzinho brinca, senhor do pedaço. Fecho os olhos. O carro passa, escuto até a máquina virar na esquina. Espero um pouco ainda. O coração não sossega, aos pulos. Preciso encarar a realidade da cidade grande. O bichinho pode precisar de ajuda urgente. Faço alguma coisa, ou me desespero depois, arrependido. Diacho, por que fui chegar ao portão da rua?!
Abro os olhos, e o banhista da tarde corria para os espirros da água no passeio e  voava rasteiro até a rua, indiferente também aos roncos de um enorme jato sobre nossas cabeças... 
Lá para os lados da Serra da Piedade, o sol também brincava de rabiscar sete cores num imenso arco... e eu ainda assustado. Ahhh, o diabinho do filhote de pardal quase me mata!

(BH, 23/2/2006)



Martha Tavares Pezzini

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