domingo, 24 de abril de 2011

PASSAGEM - Gabriel Chalita fala sobre Páscoa



                        Gabriel Chalita - Passagem

   Páscoa é a festa mais importante do cristianismo. É a festa da ressurreição de Cristo. É a razão da nossa fé, como nos ensina São Paulo.
Páscoa é passagem. Passagem da escravidão para a libertação. Passagem da vida morte para a vida. E esse convite que se renova  a cada ano na Semana Santa.
   Somos imagem e semelhança de Deus. Somos santos. Somos pecadores. Essa dicotomia nos leva a caminhos ora erráticos, ora corretos. Ora cultivamos bons sentimentos, vivemos a solidariedade, o amor: ora agimos com impiedade, com egoísmo e nos afastamos do que de fato somos. É por isso que nos angustiamos e nos perdemos do caminho do bem. E depois retomamos. Ou não.
   Tomar consciência de nossa imperfeição, saber que somos escravos do pecado nos leva a compreender que nascemos para a liberdade. Saber que morremos quando renunciamos ao que somos nos leva a compreender que é para a vida que nascemos.
   Certa vez, em uma visita à Fundação Casa (antiga Febem) de São Paulo, uma mãe me abraçou e entre soluços me perguntou: "Por que meu filho morreu? Por que?". E eu tentei saber logo se houve alguma briga, se ele havia morrido ali mesmo. E ela aos poucos foi se acalmando e ma explicou que morrer significava estar preso naquele lugar. Eu conheci seu filho. Ajudei a mãe a perdoar ao filho, que a havia decepcionado.
E eu estava lá no dia em que ele saiu para cursar uma faculdade e trabalharem uma rede de lanchonetes. A face do menino era outra e a da mãe também.
   Desistir da vida diante da morte é desconhecer o milagre da transformação, da passagem, da misericórdia de Deus. Perceber a situação de escravidão, seja ela qual for: o ódio, as drogas, o egoísmo, etc., e achar que não há saída é como deixar a cortina fechada e reclamar da ausência do sol.
   Com sua morte e ressurreição, Cristo nos deu a salvação. Cristo nos edificou uma ponte. Uma ponte de amor. Mas é preciso que façamos nossa parte. Ninguém é obrigado a ser livre, embora tenhamos sido criados para isso. Ninguém é obrigado a fazer o bem, embora seja essa nossa essência.
   Que nesta Páscoa possamos fazer a passagem de uma vida plena de amor. E, se errarmos de novo, que tenhamos coragem e determinação para recomeçar.


Gabriel Chalita é escritor, professor,Deputado Federal e apresentador de TV 
twitter.com/gabriel_chalita

Um comentário: